As ações do setor de educação têm subido com força nos últimos pregões. Para analistas consultados pelo InvestNews, os movimentos dos ativos foram muito influenciados pela notícia de que a proposta do novo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) quer combater a inadimplência do programa, enquanto o mercado também segue na expectativa de corte da Selic.
Entre os ativos de educação que fazem parte do Ibovespa, principal indicador da B3, a Cogna (COGN3) encerrou o pregão desta quarta-feira (19) em alta de 1,21%, a R$ 3,35, acumulando na semana até agora um avanço de 5,35%. Já a Yduqs (YDUQ3) teve elevação de 0,64%, a R$ 20,48, com avanço semanal acumulado em 8,65%.
Olhando para outras ações do setor que não fazem parte do indicador, a Ânima (ANIM3) fechou estável nesta quarta-feira, a R$ 4,26, mas se destaca com alta semanal acumulada em 8,12%. A Cruzeiro do Sul Educacional (CSED3) subiu 5,36%, a R$ 4,72, e na semana sobe 11% até agora. A Ser Educacional (SEER3) disparou 14,10% na sessão, a R$ 6,07, com alta semanal acumulada em 21%. Já Bahema Educação (BAHI3) avançou 2,15%, a R$ 9,97, com alta semanal de 1,63%.
No ano, a ação da Yduqs se destaca, com sua cotação mais que dobrando desde o fechamento de 2022, em alta acumulada de 101%. Veja a comparação abaixo:
Expectativas do mercado
Carítsa Moreira, analista da VG Research, comenta que as ações das empresas educacionais estão performando bem e “nem é de hoje”. Ela diz que, “desde quando as expectativas ficaram positivas em torno da redução da taxa de juros”, os ativos do setor começaram a ser beneficiados.
Pedro Mattos, head de alocação da InvestSmart, comenta que o início da redução da Selic tende a impactar todos os ativos de risco, “em especial aqueles com proximidade maior aos seus efeitos, como é o caso do setor de educação”.
Danielle Lopes, sócia e analista de ações da Nord Research, acrescenta que o afrouxamento da política monetária deve favorecer o Produto Interno Bruto (PIB), indicador que está completamente ligado à educação.
Por outro lado, caso não haja corte da Selic na reunião de agosto e, ainda, o Banco Central (BC) adote um tom mais duro no comunicado de política monetária, as ações poderão sofrer correções, segundo Moreira, da VG Research. Ela lembra ainda que a temporada de balanços do 2º trimestre de 2023 já começou e também pode influenciar no desempenho das ações.
Já quanto às perspectivas de mudanças do Fies, a analista menciona que a Ânima e a Cogna devem ser as mais beneficiadas, uma vez que esse mesmo projeto fez crescer a base de alunos de ambas instituições.
Lopes, da Nord, acredita que as ações do setor de educação irão continuar reagindo enquanto detalhes do novo Fies forem divulgados. Para ela, a tendência é de alta, mas deve haver correções.
“A forma como o Fies for apresentado pode mexer muito mais com as ações.”
Danielle Lopes, sócia e analista de ações da Nord Research.
A analista ainda acrescenta que um dos principais destaques entre as novidades do Fies pode ser o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) para o caso do não pagamento de alguns estudantes em alguns contextos (por exemplo, morte). Uma mudança como essa favorece as companhias educacionais, segundo ela.
Já Dierson Richetti, especialista em investimentos e sócio da GT Capital, diz não ser possível prever até quando as ações podem subir, principalmente sem mais detalhes sobre a atualização do programa do governo federal.
“A gente tem que analisar como será a aceitação do novo Fies, se ele terá adesão”, pontua. Ele adiciona que o setor ainda deve concorrer com outros incentivos que apareçam, como para compra de veículos e moradia. “Se há muitos incentivos, às vezes as pessoas acabam optando por um”, afirma.
Novo Fies
Em entrevista à CNN Brasil nesta terça-feira (18), o ministro da Educação, Camilo Santana, disse que projeto que regulamenta o novo Fies quer combater a inadimplência do programa e deve ser apresentado até o final deste mês.
“Vai ser uma decisão do presidente Lula se vai encaminhar como MP (medida provisória) ou como PL (projeto de lei) para o Congresso Nacional para corrigir e garantir que o Fies volte a ser um instrumento de financiamento para aqueles que não têm condições de pagar a universidade”, afirmou.
A educação foi uma das bandeiras do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante sua campanha ao Palácio do Planalto.
*Com informações da Reuters.
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