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Economia

Ata do Copom aponta expectativa de mais cortes de 0,50 p.p. da Selic

Ata do Copom, publicada nesta terça-feira (8), mostra que membros concordaram unanimemente com cortes futuros.

A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) publicada nesta terça-feira (8) mostra que os membros da diretoria do Banco Central concordaram unanimemente com a expectativa de cortes de 0,50 ponto percentual da taxa Selic nas próximas reuniões. Na sinalização de uma redução no próximo encontro, os membros avaliaram que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.

Brasília, 02/08/2023 - Reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil. Foto: Raphael Ribeiro/BCB
Brasília, 02/08/2023 – Reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil. Foto: Raphael Ribeiro/BCB

“Tal ritmo conjuga, de um lado, o firme compromisso com a reancoragem de expectativas e a dinâmica desinflacionária e, de outro, o ajuste no nível de aperto monetário em termos reais diante da dinâmica mais benigna da inflação antecipada nas projeções do cenário de referência”, diz o documento.

De acordo com a ata, foi avaliado ainda que não há evidência de que esteja em curso um aperto além do que seria necessário para a convergência da inflação para a meta e que o cenário ainda inspira cautela, reforçando a visão de serenidade e moderação que o Comitê tem expressado.

E o Comitê disse que julga como pouco provável uma intensificação adicional do ritmo de ajustes, já que isso exigiria surpresas positivas substanciais que elevassem ainda mais a confiança na dinâmica desinflacionária prospectiva.

“Tal confiança viria apenas com uma alteração significativa dos fundamentos da dinâmica da inflação, tais como uma reancoragem bem mais sólida das expectativas, uma abertura contundente do hiato do produto ou uma dinâmica substancialmente mais benigna do que a esperada da inflação de serviços.”

A próxima reunião do Copom ocorre nos dias 19 e 20 de setembro.

As expectativas de inflação para 2023, 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus recuaram e encontram-se em torno de 4,8%, 3,9% e 3,5%, respectivamente.

De acordo com o economista André Perfeito, não é exagero dizer que de fato temos uma nova diretoria, já que a comparação desta com a última ata mostra praticamente outro documento.

“Está mais que evidente que o final do ciclo atual de cortes será acima do patamar considerado neutro pelo mercado e neste sentido reafirmo a hipótese que levantei semana passada que eles terminam o ciclo de cortes já no primeiro trimestre do ano que vem quando a Selic atingir 10,75%.”

André Perfeito, economista

Para Andre Fernandes, especialista em mercado de capitais e sócio da A7 Capital, fica claro também que é consenso não aumentar o ritmo dos cortes, esvaziando, portanto, pequenas apostas do mercado de um corte de -0,75% ainda esse ano.

“Isso não deve acontecer, pelo menos ainda nesse ano. Citaram uma reancoragem das expectativas da inflação, que ajudaram na decisão de corte na SELIC, além de inflação de serviços que estava persistente, mas segue desacelerando, mesmo que em um ritmo mais lento, o que de alguma forma é positivo.”

Fernandes diz acreditar que não haverá alterações no ritmo de cortes da Selic para esse ano, mantendo o ritmo de -0,50% em cada reunião que já está contratado pelo mercado. Com isso, a taxa básica de juros ficaria em 11,75% no fim de 2023.

Inflação

Na última reunião, O Copom avaliou a alternativa de reduzir a taxa básica de juros em 0,25%, para 13,50%, mas considerou ser apropriado adotar ritmo de queda de 0,50 ponto percentual nesta reunião em função da melhora do quadro inflacionário.

O parágrafo 8 da ata diz que o Comitê avalia que a dinâmica da desinflação segue caracterizada por um processo com dois estágios distintos. O primeiro estágio se mostrou mais profundo do que o esperado, em função da dinâmica mais benigna dos preços de alimentos e industriais e do comportamento dos preços no atacado.

Nesse sentido, a dinâmica recente da taxa de câmbio e do preço das commodities internacionais, ainda que exibindo maior volatilidade, contribuiu para arrefecer as pressões internacionais sobre a inflação no Brasil. Esse fenômeno melhora a dinâmica do segundo estágio da desinflação, com uma inércia menor sobre os núcleos de inflação e sobre a inflação de serviços.

Por outro lado, a volatilidade inerente aos componentes ligados a alimentos e bens industriais sugere a possibilidade de reversões abruptas, recomendando cautela. Em tal debate, foram mencionados os riscos, parcialmente incorporados no cenário-base, referentes a El Niño, assim como os referentes à evolução do preço internacional do petróleo, que seguiu a governança usual do Comitê em suas hipóteses. Ao fim, concluiu-se unanimemente pela necessidade de uma política monetária contracionista e cautelosa, de modo a reforçar a dinâmica desinflacionária.

Votaram por uma redução de 0,50 ponto percentual os seguintes membros do Comitê: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Gabriel Muricca Galípolo e Otávio Ribeiro Damaso.

E votaram por uma redução de 0,25 ponto percentual Diogo Abry Guillen, Fernanda Magalhães Rumenos Guardado, Maurício Costa de Moura e Renato Dias de Brito Gomes.

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