O tombo das ações do Bradesco (BBDC3, BBDC4) na sexta-feira passada (4) gerou apreensão em relação ao balanço do Itaú Unibanco (ITUB4), divulgado na noite desta segunda-feira (7). Duas semanas antes, a decepção com a queda de 45% no lucro do Santander (SANB11) já havia acionado o sinal de alerta para os resultados dos bancos.
Mas o maior banco privado do Brasil mostrou que continua sendo destaque entre os pares do setor. De um modo geral, analistas avaliam que o Itaú apresentou um desempenho trimestral forte, destoando-se dos balanços dos principais rivais.
“O banco parece navegar em um cenário descolado do que se vê como as realidades de Santander e Bradesco, algo que deve se estender por mais alguns trimestres, dada a trajetória apontada pelos guidances dos bancos privados”
Mateus Haag, da Guide Investimentos
Para Haag, além de apresentar mais um excelente resultado, com performance acima da média, o Itaú também apresentou elevado controle da inadimplência, crescimento saudável da carteira, expansão da margem com clientes e melhor resultado com a tesouraria.
“Depois de resultados mais fracos do que o esperado reportados por seus pares privados Santander e Bradesco, o Itaú divulgou resultados do segundo trimestre quase em linha com o esperado”, resume o BTG Pactual. Em comentário, o banco de investimentos reitera recomendação de compra e preferência por Itaú sobre Bradesco e Santander.
Itaú causa inveja
Afinal, embora o segundo trimestre tenha sido um período fraco para o crescimento do crédito no setor, o Itaú conseguiu expandir sua carteira de empréstimos, tornando factível o guidance para o ano, de alta entre 6% e 9%. Ao mesmo tempo, a necessidade de provisionamentos frente a devedores duvidosos tem um caráter muito mais benigno.
Segundo o presidente do Itaú Unibanco, Milton Maluhy Filho, a expectativa é de que as provisões para inadimplência se estabilizem em um patamar muito próximo ao atual nos próximos trimestres. Em videoconferência com jornalistas para comentar o balanço, ele afirmou que se a instituição tivesse mantido até hoje o mesmo portfólio de crédito de 2021 o nível de provisão seria “substancialmente maior”.
Para a XP Investimentos, a qualidade do crédito é o principal destaque em relação aos pares. “Os números seguiram uma dinâmica semelhante aos últimos resultados, despontando em relação aos pares já divulgados (Bradesco e Santander)”, afirmam em comentário os analistas do setor Bernardo Guttmann, Matheus Guimarães e Rafael Nobre.
No entanto, a qualidade dos indicadores do Itaú é de causar inveja entre seus pares privados, avalia a Ativa Investimentos. “O banco está destacando-se mais uma vez dos seus pares”, resume o analista Pedro Serra, da equipe de research.
Diante de números ainda positivos no segundo trimestre deste ano, sem surpresas negativas, a expectativa é de oportunidade de crescimento do lucro nos próximos balanços. “O leve aumento no volume de crédito, o melhor mix e o controle de despesas devem continuar compensando a pressão com o custo de crédito”, comenta a Ajax Asset.
Bancos caem em bloco na B3 e pesam no Ibovespa
Apesar da preferência pelo Itaú entre os bancos privados, em detrimento ao Bradesco e ao Santander, as ações do setor fecharam em movimentos opostos na B3. ITUB4 cedeu 0,22%, enquanto BBDC4 teve ganho de 0,46% e SANB11 recuou 1,26%. Entre os bancos públicos, Banco do Brasil (BBAS3) caiu 0,70%.
Esse desempenho do setor financeiro pesou sobre o Ibovespa desde a abertura do pregão, dificultando as chances do índice à vista de alcançar, enfim, a primeira sessão positiva do mês. Nesta terça-feira, o Ibovespa caiu 0,24%, aos 119.090 pontos, a sexta sessão seguida no vermelho.
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