*ARTIGO
Em 2023 até agora, os roubos de criptomoedas atingiram um patamar alarmante, ultrapassando a marca de US$ 1 bilhão, de acordo com um relatório recente da CertiK, uma das maiores empresas de segurança do ecossistema blockchain.
Esses ataques conduzidos por hackers têm se multiplicado em comparação com o ano anterior, representando uma tendência preocupante. No entanto, vale ressaltar que o número de incidentes aumentou significativamente, mas o valor total roubado diminuiu em relação a 2022.
Os analistas da CertiK apontam para duas principais razões para essa diferença: a queda no valor total alocado (TLV) nas aplicações descentralizadas (DeFi) e a desvalorização dos criptoativos.
Em 2023, o TVL do setor não conseguiu ultrapassar US$ 65 bilhões, em contraste com o valor de US$ 205 bilhões registrado no ano anterior. Por isso, a redução do TVL, alinhada à perda dos preços dos criptoativos, diminui as recompensas potenciais para os hackers, mesmo que o número de ataques permaneça alto.
Uma das situações em que se observa uma exceção à tendência de “mais ataques, menos valores” é nos casos de flashloans, ou empréstimos relâmpago, e ataques de reentrância. Conforme apontado no relatório, cerca de 100 flashloans extraíram quase US$ 375 milhões, ao passo que casos de reentrância superaram os US$ 60 milhões em 2023, mais que o triplo do ano passado.
Quais são os maiores alvos?
Os principais alvos dos hackers incluem grandes blockchains, como BNB chain (BNB) e ethereum (ETH). A rede BNB registrou 326 casos de hacks, e a rede ETH, 148 ocorrências. Juntas, elas representam 82% do total de ataques a aplicações do mercado cripto.
A BNB chain, em particular, tem sido alvo frequente de ataques devido a uma combinação de fatores. Primeiramente, ela atrai um grande número de usuários e projetos devido à sua rápida escalabilidade e baixas taxas de transação. Isso significa que ela é uma rede atraente para projetos menores e indivíduos com menos experiência em criptomoedas e/ou capitalizados, o que pode torná-los alvos mais fáceis para hackers.
Além disso, muitos dos projetos na rede BNB chain podem não ter passado por auditorias de segurança adequadas, tornando-os vulneráveis a golpes. A falta de regulamentação e verificação rigorosa também pode desempenhar um papel para aumentar as fraudes, permitindo que projetos e usuários operem com menos supervisão.
Já o ethereum chama atenção de golpistas por ser a maior plataforma para construir aplicativos descentralizados do mundo, incluindo contratos inteligentes (smart contracts). A complexidade desses contratos e o alto TVL depositado nos aplicativos DeFi tornam o ethereum um alvo atrativo para hackers em busca de vulnerabilidades a serem exploradas — mesmo que a segurança da rede seja mais alta.
Valores roubados nos maiores ataques
Em específico, o relatório da CertiK apontou cinco grandes ataques que representaram mais de 50% do valor total extraído por meio de ataques hacker em aplicações cripto. Esses ataques incluem:
- Euler Finance (13 de março): resultou em uma perda de US$ 197 milhões.
- Multichain (6 de julho): foram roubados US$ 125 milhões.
- Atomic Wallet (3 de junho): houve aproximadamente US$ 100 milhões de perdas.
- Alphapo (23 de julho): hackers levaram US$ 60 milhões da plataforma.
- Vyper (30 de julho): trouxe prejuízos de US$ 52 milhões.
Perspectivas para o futuro
O crescente número de ataques hackers e golpes no mercado de criptomoedas é motivo de preocupação, especialmente à medida que o mercado entra em um ciclo de alta. Esses ataques são um lembrete de que a segurança é uma preocupação constante no criptomercado, e que os investidores — e projetos — devem estar vigilantes para proteger seus ativos.
Por outro lado, à medida que as critpomoedas ganham popularidade e a indústria blockchain amadurece, a tendência é que os usuários se conscientizem cada vez mais da importância da segurança nesse mercado. A educação sobre medidas preventivas e a implementação de melhores práticas de segurança também podem ajudar a mitigar futuros hacks.
Além disso, investidores institucionais estão demonstrando interesse em plataformas mais seguras e funcionais, o que pode impulsionar a inovação na segurança das criptomoedas.
Em suma, embora os roubos de criptomoedas tenham atingido níveis alarmantes em 2023, a indústria está se adaptando e evoluindo para enfrentar esses desafios, tornando o mercado mais seguro e resiliente no futuro.
*As informações, análises e opiniões contidas neste artigo são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews.
Veja também
- Mastercard e JP Morgan se unem para facilitar pagamento internacional entre empresas usando blockchain
- Passou raspando: Bitcoin chega muito perto dos US$ 100 mil, mas alta perde força
- Bitcoin mantém ‘rali Trump’ e pode alcançar os US$ 100 mil em breve
- Bitcoin sobe e atinge nova máxima histórica de US$ 94 mil após estreia de opções do ETF da BlackRock
- ETF de Bitcoin da BlackRock já supera em US$ 10 bilhões o ETF de ouro