A CVM divulgou seu “Plano de Ação de Finanças Sustentáveis” para os próximos anos, e uma nova era das informações aos investidores e ao mercado se pronuncia. O documento mostra e comprova a nova guinada à sustentabilidade da Comissão de Valores Mobiliários, já precedida pelo Conselho Monetário Nacional que agora obrigará as companhias abertas a modificarem profundamente a maneira como suas Demonstrações Financeiras e outras informações ao mercado serão apresentadas.
Mais do que isso, o documento antecipa as ações sustentáveis que as companhias abertas, bancos, seguradoras, fundos de investimento, fundos de pensão e todas as organizações que acessam o mercado de capitais devem realizar para atender as questões regulatórias de ESG. Ademais, deve servir como guia para conselhos de administração e diretorias, principalmente financeira, direcionarem seus planejamentos estratégicos passando pelas questões climáticas, ambientais e sociais.
Claro que fico muito entusiasmado com o tema, estou vivendo isso intensamente pois alguns dos 17 itens chave que a CVM listou no documento e que as companhias devem cumprir nos próximos dois anos estão fazendo parte do meu dia a dia. Nesse momento, passo minha vida entre o trabalho, a elaboração de um livro e o lançamento de um curso de imersão para executivos de implantação em suas empresas dos novos normativos de sustentabilidade da Fundação IFRS, os IFRS S1 e S2 que trazem uma verdadeira ruptura organizacional entre o antes e o depois da sustentabilidade e que a CVM incluiu na lista para publicação regulatória em breve.
Destaco que a CVM ao lançar o Plano de Ação de Finanças Sustentáveis ratifica seu alinhamento com as melhores práticas de governança mundiais incentivando a reformulação da comunicação ao mercado que obrigatoriamente passa pelas questões ambientais, climáticas e sociais demonstrando os impactos financeiros na cadeia de valor e nos modelos de negócio, um item muito reforçado no normativo IFRS S1 de requerimentos gerais de sustentabilidade na comunicação ao mercado das empresas.
Segundo as palavras utilizadas pelo presidente da CVM, João Pedro Nascimento, a autarquia reforça que o futuro é verde e digital, que temas como controle de mudanças climáticas, preservação ambiental e agenda sustentável são transversais ao Mercado de Capitais.
Ou seja, você que faz parte de uma diretoria ou de um conselho de administração ou que possui alguma função em uma empresa deve começar a se preparar agora. Você tem apenas 2 anos para implantar a nova cultura de sustentabilidade que veio para ficar nas finanças sustentáveis. Até porque, como disse João Pedro Nascimento: “as finanças sustentáveis trazem muitas oportunidades e a economia verde trará muitos negócios para o Brasil”.
“as finanças sustentáveis trazem muitas oportunidades e a economia verde trará muitos negócios para o Brasil”
João Pedro Nascimento, presidente da CVM
O apocalipse das finanças sustentáveis veio para ficar e quando é ratificada pela autarquia que regula e fiscaliza o mercado de capitais só demonstra que as empresas devem se preparar o quanto antes. Fica a dica: um bom início é fazer a primeira adoção das normas de sustentabilidade IFRS S1 e S2 da Fundação IFRS que trará uma facilidade maior de cumprimento do que a CVM deseja nos seus 17 itens listados.
Vamos aguardar para ver, mas realmente o que percebo nessa movimentação da CVM é que para financiar as atividades das empresas em um mundo de guerras e tragédias humanas devemos trilhar um caminho oposto de paz e de preocupação com o nosso meio ambiente e sociedade. Dessa forma, salvaremos o mundo e lucraremos.
* As informações desta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação.
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