Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – As taxas dos DIs fecharam a quarta-feira em baixa no Brasil, em sintonia com a perda de força dos Treasuries no exterior imediatamente após a divulgação da ata do último encontro de política monetária do Federal Reserve, que demonstrou preocupação com a possibilidade de corte de juros muito cedo nos Estados Unidos.
A sessão foi marcada pela expectativa, tanto no Brasil quanto no exterior, da divulgação da ata do Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed, marcada para a tarde.
Até a publicação do documento, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) oscilaram próximas da estabilidade na maior parte do tempo, embora tenham ensaiado durante a manhã um recuo mais consistente.
“Está todo mundo sem coragem de mexer muito antes da ata do Fed”, comentou durante a tarde a analista Laís Costa, da Empiricus Research. “Falta entender o quão reativo o Fed vai ser quanto aos dados (divulgados anteriormente), se há alguma outra avaliação quanto ao mercado de trabalho e quanto à inflação, e o que ele vai fazer (na política monetária)”, acrescentou.
Na mínima do dia, às 11h41, o contrato para janeiro de 2027 operou com taxa de 9,905% (queda de cerca de 6 pontos-base ante o ajuste da véspera). Às 15h02, porém, a taxa para janeiro de 2027 já estava em 9,970% (alta de 1 ponto-base), em meio à expectativa pela divulgação da ata.
Antes do documento, houve certa aceleração da alta dos rendimentos dos Treasuries no exterior, com investidores se preparando para a divulgação. Imediatamente após a publicação da ata, às 16h, os rendimentos perderam força — embora tenham se mantido no território positivo.
Esta perda de força dos yields foi acompanhada pelas taxas dos DIs no Brasil, que migraram novamente para o negativo e fecharam em queda.
Na ata, o Fed informou que a maior parte dos membros votantes estava preocupada, na última reunião do banco central norte-americano, com os riscos de cortar a taxa básica de juros cedo demais, com ampla incerteza sobre por quanto tempo os custos dos empréstimos deveriam permanecer no patamar atual.
“Os participantes destacaram a incerteza associada ao tempo que uma postura de política monetária restritiva precisaria ser mantida” para que a inflação voltasse à meta de 2% do Fed, disse a ata.
No Brasil, o noticiário econômico seguiu esvaziado. Pela manhã, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, esteve reunido com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília, para discutir a questão da reoneração da folha de pagamentos de setores da economia. Após o encontro Haddad não falou com a imprensa.
Às 16:47 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– subia 5,20 pontos-base, a 4,3266%.
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