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Finanças

Sem techs, Ibovespa vai para a lanterninha da América Latina

Índice da bolsa brasileira cai 5,46% em dólar no ano, pior desempenho dentre os pares da região

O mundo quer as techs. E o Ibovespa, que pena, não tem ações desse setor para oferecer. Esse descasamento entre o desejo do investidor e a oferta de ativos que atendam a essa demanda ajuda a explicar, em grande medida, a forte queda do Ibovespa no ano: 7,89% em real; 5,46% em dólar.

É o pior desempenho entre as principais bolsas da América Latina. Veja as performances em dólar de cada uma:

Argentina: 30,65%

Peru: 10,89%

Chile: 5,21%

Panamá: 1,94%

México: -0,31%

Brasil: -5,46

Já o S&P sobe 10% e a Nasdaq, 8,60%.

Esse ranking tem como pano de fundo a nova onda compradora de papeis de empresas de tecnologia – que voltaram ao posto de queridinhas do investidor com a corrida pela Inteligência Artificial. Portanto, é para essas ações que o dinheiro está se movendo, e elas não estão no Brasil, claro.

Vale destacar que a Argentina que ficou fora do radar do investidor estrangeiro nos últimos anos e, portanto, as ações vinham bastante depreciadas, abrindo espaço para uma correção diante do otimismo em torno do governo Milei, eleito no ano passado. Já no caso do Peru, o resultado reflete o desempenho do câmbio.

A composição do Ibovespa, sem techs e muita commodity, o prejudica com força neste momento. A Vale, que recua 18% no ano, responde sozinha por 43% da desvalorização do índice neste ano, segundo cálculos de Felipe Corleta,  sócio da GTF Capital. Se forem consideradas também as quedas  de B3, Bradesco, Localiza, Ambev e Petrobras, chega-se a 80% da queda total do Ibovespa.

O que os analistas explicam é o seguinte: o Brasil acaba sofrendo mais do que seus pares porque parte dos fundos estrangeiros começaram o ano excessivamente posicionados em ações brasileiras – overweight, no jargão do mercado.

É o caso de fundos dedicados exclusivamente a países emergentes e também aos que só investem na América Latina, que ampliaram além do combinado a fatia investida por aqui no ano passado, e não viram novos recursos chegarem.

Já os fundos globais até têm espaço para ampliar exposição a Brasil, mas estão preferindo comprar ações de tecnologia. Em meio a todos os ajustes desses portfólios, formou-se uma onda vendedora bilionária: até o último dia 22, os estrangeiros já retiraram liquidamente R$ 22 bilhões da bolsa.

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