Após anos de investigação e processos legais, o plano de reembolso para os credores da Mt. Gox foi finalmente aprovado. Cerca de US$ 9 bilhões em criptomoedas serão devolvidos aos investidores prejudicados uma década atrás após um ataque hacker.
O pagamento inicial será de 21% do valor investido, com a possibilidade de receber até 23,6% no total. O objetivo é que os reembolsos comecem em julho deste ano e sejam concluídos até 31 de outubro.
Enquanto a notícia é ótima para os clientes da corretora, já que os bitcoins travados na plataforma desde 2014 valorizaram mais de 10.000% ao longo dos anos, ela é péssima para outros. Eis os motivos: os investidores do mercado cripto estão assustados porque temem que essa devolução massiva dos antigos clientes da exchange favoreça uma pressão vendedora do BTC a fim de realização de lucros.
O mercado reagiu à notícia levando a cotação do BTC cair em 8% – entre domingo (23) e segunda-feira (24) – de US$ 64 mil para US$ 59 mil. Até quarta-feira (26) a cripto tinha recuperado parte das perdas, negociada a US$ 61 mil.
Mt. Gox: da ascensão à queda
Fundada em 2010 por Jed McCaleb e posteriormente gerenciada por Mark Karpelès, a Mt. Gox já foi a principal bolsa de bitcoin do mundo, lidando com mais de 70% de todas as transações globais com BTC.
Seu nome, um acrônimo para “Magic: The Gathering Online eXchange”, ironicamente sugeria sua função inicial como uma plataforma para cartões comerciais antes de migrar para a criptomoeda.
A ascensão da exchange foi meteórica, simbolizando o potencial crescente do bitcoin e do mercado mais amplo de criptomoedas. A corretora se tornou sinônimo de inovação e confiança, atraindo investidores de todo o mundo. No entanto, questões subjacentes começaram a minar sua reputação.
O problema para a Mt. Gox começou em 2011, quando sofreu sua primeira grande violação de segurança. Os hackers conseguiram roubar milhares de BTCs, expondo as medidas de segurança inadequadas da exchange.
Apesar desse revés, a Mt. Gox continuou a operar e até floresceu por um tempo, impulsionada pelo crescente interesse no bitcoin. No entanto, questões como má gestão, falta de conformidade com regulamentos financeiros e infraestrutura de segurança inadequada eram bombas-relógio.
A situação atingiu um ponto crítico em fevereiro de 2014, quando a Mt. Gox interrompeu todas as retiradas de BTC, citando questões técnicas relacionadas à maleabilidade das transações. Este movimento gerou pânico e especulação entre investidores e usuários, levando a uma queda vertiginosa no preço da maior criptomoeda do mercado.
Logo descobriu-se que a Mt. Gox havia sido vítima de um extenso incidente de hacking, com aproximadamente 850.000 BTCs desaparecidos de seus cofres (no valor de cerca de US$ 450 milhões na época e mais de US$ 55 bilhões nos preços de pico do bitcoin).
O hack foi o maior dos muitos ataques à exchange, que vinham acontecendo desde a inauguração dela, em 2010.
Essa revelação marcou o início do fim para a Mt. Gox , que declarou falência em 2014 e, desde então, tem buscado estruturar um plano de ressarcimento dos clientes prejudicados.
À época, a exchange era a maior do mercado de criptomoedas e pegou os investidores de surpresa com a sua quebra, reunindo bilhões em criptomoedas que ficaram bloqueadas.
As consequências do escândalo foram generalizadas. O incidente gerou apelos por uma supervisão regulatória mais rigorosa das exchanges e destacou a necessidade de medidas de segurança mais robustas para proteção contra hackers e fraudes – algo parecido com o ocorrido há poucos anos na FTX.
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