Siga nossas redes

Economia

Enchentes derrubaram a indústria e turismo do RS; varejo cresceu com doações

O Rio Grande do Sul detém uma fatia de 6,8% da indústria nacional e responde por 4,58% de todo o volume de serviços prestados no país

As inundações que afetaram o Rio Grande do Sul provocaram um tombo recorde de 26,2% na produção industrial gaúcha em maio em relação a abril. Os serviços turísticos também sofreram no Estado, amargando uma retração de 32,3% no mês. Os dados são das pesquisas mensais de serviços e da produção industrial regional, divulgadas nesta sexta-feira, 12, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O instituto lembra que as enchentes “danificaram os estabelecimentos de prestação de serviços, destruíram a infraestrutura das cidades e reduziram, em larga escala, a mobilidade da população” no Estado.

“Houve paralisação total ou parcial em diversas plantas industriais, além de muitas dificuldades de logística que prejudicaram a atividade industrial no Rio Grande do Sul. Para se ter uma ideia, a indústria gaúcha está 34,5% abaixo do seu nível de produção mais alto, obtido em setembro de 2008. Esse é o segundo pior patamar de produção da indústria no Estado, atrás apenas do resultado de abril de 2020”, citou Bernardo Almeida, analista da Pesquisa Industrial Mensal do IBGE, em nota oficial.

A interrupção de cadeias produtivas em maio sucedeu um ganho acumulado de 9,5% nos três meses anteriores de resultados positivos na indústria gaúcha.

LEIA MAIS: O que explica as chuvas no Rio Grande do Sul

“Trata-se da taxa negativa (-26,2%) mais intensa já registrada na série histórica, superando inclusive a registrada no início da pandemia, em abril de 2020 (-20,5%)”, frisou o IBGE.

A série histórica da pesquisa industrial mensal tem início em janeiro de 2002. Na passagem de abril para maio, houve perdas no Rio Grande do Sul nos ramos industriais de derivados do petróleo; produtos químicos; veículos automotores; alimentos; artefatos de couro, artigos para viagem e calçados; produtos do fumo; máquinas e equipamentos; produtos de metal; metalurgia; e bebidas.

O Rio Grande do Sul detém uma fatia de 6,8% da indústria nacional e responde por 4,58% de todo o volume de serviços prestados no país.

“De maneira geral, os serviços presenciais ficaram prejudicados. O aeroporto de Porto Alegre ficou fechado”, frisou Rodrigo Lobo, gerente da Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE, acrescentando que houve perdas no transporte de cargas e nos serviços prestados às famílias na região.

Os serviços tiveram uma queda de 13,6% na receita nominal no Rio Grande do Sul em maio ante abril, mas o volume de serviços prestados cresceu 0,6% no período. O IBGE explica que o resultado do volume ficou contaminado pela queda de 86,18% no preço do subitem pedágio apurado pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio. O subitem é usado como deflator da receita nominal das concessionárias de rodovias e, em combinação com o subitem óleo diesel, também deflaciona o resultado do transporte rodoviário de cargas.

“Vale destacar que várias concessionárias de rodovias interromperam as cobranças de tarifas no Rio Grande do Sul, visando facilitar o deslocamento de veículos que transportavam donativos ou que estivessem envolvidos em operações de resgate de vítimas das enchentes no Estado”, justificou o IBGE.

LEIA MAIS: Chuvas no RS: o pesadelo logístico

A queda brusca nos preços dos pedágios acabou acarretando um aumento do volume de serviços prestados. Segundo Lobo, a melhor forma de mensurar o impacto das enchentes no Rio Grande do Sul em maio é através da receita nominal. Nos próximos meses, será necessário acompanhar a influência do comportamento de preços de deflatores. Em junho, é esperada uma pressão, via deflator, da normalização dos preços de pedágios, especialmente na prestação de serviços de concessionárias de rodovias e transporte de cargas gaúchos. Após a queda em maio, o IPCA de junho mostrou que o subitem pedágio teve uma elevação de preços de + 358,36%.

“Vamos avaliar melhor o impacto quando o distúrbio no nível de preços estiver exaurido”, afirmou Lobo.

Varejo cresce com doações e compras emergenciais

Na última quinta-feira (11), o IBGE já tinha informado que a aquisição de produtos para doações e as compras emergenciais elevaram o volume vendido pelo comércio varejista no Rio Grande do Sul. As vendas no varejo local cresceram 1,8% em maio ante abril, desempenho acima da média nacional (1,2%).

“Supermercado teve efeito de compras emergenciais”, declarou Cristiano Santos, gerente da Pesquisa Mensal de Comércio do IBGE. “Teve doações e também uma demanda maior. As pessoas que vão ao mercado vão fazer compras sabendo que pode ter algum desabastecimento”, completou ele, durante a divulgação da pesquisa.

O varejo gaúcho foi impulsionado pelos ramos de supermercados, vestuário e calçados e móveis e eletrodomésticos, embora tenha sido registrado aumento também em artigos farmacêuticos.

“Teve efeito de doações que foram efetivadas no Estado, e isso acaba se espalhando um pouco também, tem esse efeito nos outros Estados, mas esse é mais difícil de mensurar”, disse Santos.

Já as vendas no varejo ampliado – que inclui veículos, material de construção e atacado alimentício – recuaram 2,8% no Rio Grande do Sul em maio ante abril. Na média nacional, o varejo ampliado cresceu 0,8%.

Abra sua conta! É Grátis

Já comecei o meu cadastro e quero continuar.