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Por que Mark Zuckerberg, da Meta, aposta tão alto na inteligência artificial

Só em placas da Nvidia, Zuck já investiu o valor equivalente ao do projeto que criou a bomba atômica

A Meta, dona de Facebook, Instagram e WhatsApp, já gastou US$ 30 bilhões apenas em compra de placas (GPUs) da Nvidia dedicadas ao treinamento de modelos de inteligência artificial nos últimos três anos. É um valor equivalente ao que o governo americano investiu no Projeto Manhattan, que resultou na bomba atômica retratada no filme Oppenheimer. 

A comparação parece despropositada, mas é uma das poucas que dá conta do tamanho da aposta que a empresa vem fazendo em busca de supremacia em uma tecnologia emergente.

Quando começou a montar essa gigantesca infraestrutura (que equivalerá a 600 mil GPUs até o fim do ano), ainda em um momento pré-ChatGPT (2022), o fundador e CEO Mark Zuckerberg não tinha certeza sobre qual seria a sua utilidade. A ideia inicial era treinar modelos para melhorar o algoritmo do Instagram que sugere vídeos, para competir com a avançada IA do chinês TikTok.

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Investidores viram com alguma desconfiança o gasto. Mas Zuckerberg manteve que seria importante para a Meta ter o hardware que permitisse à empresa surfar em qualquer onda que viesse. “A essa altura, eu prefiro arriscar construindo essa capacidade antes que seja necessário do que quando for tarde demais”, disse na conversa com investidores em que anunciou os resultados do 2º trimestre de 2024, na última quarta-feira (31/7).

Além de silício, a Meta investiu em pessoas. O time de IA, chefiado por Yann LeCun — um dos cientistas mais respeitados no campo — sobreviveu inclusive a cortes profundos na empresa e teve liberdade para experimentar.

Mark Zuckerberg anuncia novidades da Meta 27/09/2023 REUTERS/Carlos Barria

E, ao contrário de OpenAI (criadora do GPT), Google (Gemini) e Anthropic (Claude), a Meta compartilhou seus avanços de IA com o mundo, na forma de modelos em código aberto.

Há poucos mais de uma semana, a empresa atualizou sua família de grandes modelos de linguagem (LLMs), chamada de Llama 3.1, o primeiro a rivalizar em performance com os modelos fechados, como o utilizado no ChatGPT. Qualquer empresa pode hospedar ou modificar os modelos — a Meta só cobra um licenciamento acima de 700 milhões de usuários.

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“O objetivo não é ter necessariamente o melhor modelo e sim o mais utilizado”, avalia Ben Thompson, analista de mercado do Stratechery. Ao disponibilizar o Llama, a Meta espera aprender com o que os desenvolvedores vão fazer, para depois criar novas aplicações em cima.

Isso será fundamental. Porque a verdade é que a Meta precisa de ideias do que fazer com a tecnologia, levando em conta o que aconteceu com a primeira aplicação com IA generativa: seus chatbots que emulam celebridades, lançados com pompa ano passado, foram desligados esta semana. Não deu certo.

Em seu lugar, a Meta disponibilizou o “AI Studio”, que permite a qualquer influenciador do Instagram criar chatbots que imitam aparência e linguagem para interagir com os seguidores. Funcionalidade parecida estará disponível até o fim do ano a donos de negócios que quiserem criar robôs de atendimento ao cliente com IA via WhatsApp. Com isso, Zuckerberg espera que a empresa vire líder em uso de inteligência artificial nos próximos meses.

Para desespero de acionistas, não há um modelo de negócios muito óbvio para a aplicação da IA pela Meta ainda, além da promessa de aumento o engajamento no Instagram, WhatsApp e Facebook. Além disso, ainda está fresca na memória de Wall Street a aposta furada no metaverso, que fez a empresa afundar bilhões e até mudar de nome.

Mas os resultados positivos na divisão de publicidade, que fizeram o faturamento crescer 22% em relação ao mesmo tri de 2023, permitem algumas aventuras. E o que parece mover Zuckerberg é o desejo de controlar o seu futuro. Por diversos momentos nos últimos anos, a Meta não pôde colocar funcionalidades extras no Instagram e Facebook porque dependia de aprovações de Apple (iOS) e Alphabet (Android). 

Se as próximas inovações serão mediadas pela inteligência artificial, como aconteceu com smartphones na última década, a Meta quer ter uma influência grande na construção desse futuro. A ver se a aposta se paga.

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