Os ataques desferiram uma sucessão impressionante de golpes no Hezbollah após quase um ano de fogo transfronteiriço, matando grande parte de sua liderança e revelando falhas de segurança. O ministro da Defesa de Israel discute, agora, a ampliação da ofensiva.
Após a morte de Nasrallah – morto em um ataque aéreo maciço em Beirute na sexta-feira – o Hezbollah disparou novas saraivada de foguetes contra Israel, enquanto o Irã disse que sua morte seria vingada.
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A intensificação do bombardeio de Israel aumentou os temores de que o conflito possa sair do controle, potencialmente atraindo o Irã, assim como os Estados Unidos, aliado de Israel mais próximo, que neste domingo disse ter autorizado o reforço de suas Forças Armadas na região, ao mesmo tempo em que pediu uma solução diplomática.
Nasrallah não apenas transformou o Hezbollah em uma poderosa força doméstica no Líbano durante seus 32 anos como líder, mas ajudou a transformá-lo no eixo da rede de grupos aliados do Irã no mundo árabe.
O corpo de Nasrallah foi recuperado intacto do local do ataque de sexta-feira, uma fonte médica e uma fonte de segurança disseram à Reuters no domingo. O Hezbollah ainda não informou quando será realizado seu funeral.
Simpatizantes do grupo e outros libaneses que elogiaram seu papel na luta contra Israel, que ocupou o sul do Líbano por anos, lamentaram sua morte neste domingo.
“Perdemos o líder que nos deu toda a força e a fé de que nós, este pequeno país que amamos, poderíamos transformá-lo em um paraíso”, disse a cristã libanesa Sophia Blanche Rouillard, carregando uma bandeira negra para o trabalho em Beirute.
A luta entre o Hezbollah e Israel, a mais recente rodada de guerra em quatro décadas de conflito intermitente, tem sido travada paralelamente à guerra de Israel em Gaza contra o Hamas desde o ataque do grupo palestino apoiado pelo Irã contra Israel em 7 de outubro passado.
O objetivo declarado de Israel é tornar as áreas do norte seguras contra disparos de foguetes do Hezbollah e permitir o retorno de milhares de residentes deslocados, mas seus ataques também tiveram um impacto devastador sobre os civis no Líbano.
O Ministério da Saúde do Líbano informou que mais de 1.000 libaneses foram mortos e 6.000 ficaram feridos nas últimas duas semanas, sem informar quantos eram civis. O governo disse que um milhão de pessoas -– um quinto da população -– fugiu de suas casas.
O Ministério da Saúde disse que 14 médicos foram mortos em ataques aéreos nos últimos dois dias.
Em Beirute, algumas famílias desabrigadas passaram a noite nos bancos da Baía de Zaitunay, uma série de restaurantes e cafés na orla de Beirute. Na manhã deste domingo, famílias com nada mais do que uma sacola de roupas estenderam esteiras para dormir e fizeram chá para si mesmas.
Neste domingo, o Exército de Israel disse que a Força Aérea havia atingido dezenas de alvos, incluindo lançadores e depósitos de armas, enquanto sua Marinha disse que havia interceptado oito projéteis vindos do Líbano e um do Mar Vermelho.
Mais explosões sacudiram Beirute e drones puderam ser ouvidos sobrevoando todas as partes da capital libanesa durante a noite e o dia deste domingo.
A morte de Nasrallah encerrou uma quinzena traumática para o Hezbollah, que começou com a detonação de milhares de dispositivos de comunicação usados por seus membros. Supõe-se que Israel tenha realizado essa ação, mas ela não foi confirmada ou negada.
Ataques aéreos israelenses em redutos do Hezbollah no sul do Líbano, no Vale de Bekaa, próximo à fronteira com a Síria, e nos subúrbios ao sul de Beirute mataram uma série de outros comandantes mais graduados do grupo.
Israel disse neste domingo que havia matado Nabil Kaouk, um importante líder do Hezbollah. O Hezbollah confirmou a morte.