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Economia

Efeito Lula: dólar avança quase 3% na semana e fecha no maior valor em um mês

Comentários do presidente reavivaram os temores dos investidores de gastos mais frouxos e piora das contas públicas

O real voltou a ser destaque negativo entre as principais moedas emergentes nesta sexta-feira (11), refletindo o agravamento das preocupações com o quadro fiscal do país. A moeda americana chegou a valer R$ 5,65, mas fechou a semana cotada a R$ 5,61, uma alta de 2,92% em relação ao fechamento da semana passada e de 0,50% no dia.

Com isso, o dólar terminou no maior valor de fechamento em um mês.

O que explica essa nova rodada de desvalorização cambial é a notícia de que presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer isentar de imposto de renda trabalhadores com salários de até R$ 5.000. Medida que, se concretizada, eleva as preocupações dos investidores sobre a política fiscal.

“O que queremos é isentar essas pessoas com salários de até R$ 5.000 e, no futuro, isentar mais”, disse Lula em entrevista concedida a uma emissora local de rádio. Ele disse ainda que “temos que tirar de alguém. E esse debate não precisa ser escondido. Ele precisa ser público. As pessoas precisam saber quem paga.”

O real caiu mais entre as moedas de mercados emergentes, enquanto os futuros de juros subiram. Isso porque os comentários de Lula reavivaram os temores dos investidores de gastos mais frouxos e piora das contas públicas. No mês passado, o Banco Central deu início a um ciclo de aumento de juros para domar a inflação. O mercado acredita que a Selicdeve ultrapassar a casa de 13% no ano que vem, do nível atual de 10,75%.

“Os comentários de Lula sobre a extensão das isenções fiscais não estão sendo bem recebidos”, disse Brendan McKenna, economista e estrategista de mercados emergentes do Wells Fargo. “Os mercados interpretam isso como menos responsabilidade fiscal.”

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Os ativos na maior economia da América Latina foram atingidos à medida que os mercados financeiros se tornaram mais céticos quanto ao compromisso do governo com o equilíbrio fiscal. O real é a moeda de mercado emergente com pior desempenho deste ano, perdenbdo apenas para o peso argentino e a lira turca, enquanto as ações brasileiras também estão atrás de seus pares.

A reforma do imposto de renda do Brasil será fiscalmente “neutra”, o que significa que não pode levar a uma perda nem a um ganho nas receitas, disse o ministro da Fazenda Fernando Haddad a repórteres na quinta-feira. Ele disse que o governo ainda não finalizou o plano e que não pode se preocupar com as reações dos investidores à proposta.

Muitos nos mercados discordam. A reforma do imposto de renda custará cerca de 50 bilhões de reais, tornando impossível encaixá-la no orçamento de 2025, de acordo com Solange Srour, chefe de macroeconomia do Brasil na UBS Global Wealth Management.

“O mercado está cada vez mais apreensivo de que podemos entrar em uma agenda mais populista do que tivemos no passado”, disse ela. “Os gastos fiscais já aumentaram significativamente no início deste ano, e talvez não desacelerem tanto quanto o mercado esperava.”

Na mesma entrevista na sexta-feira, Lula disse que quer comprar um novo avião presidencial, bem como aeronaves que seus ministros possam usar para viagens oficiais. O governo também está criando um hedge cambial para dar garantias aos estrangeiros que desejam investir no Brasil, acrescentou.

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