A fortuna da gigante dos chips de IA aumentou nos últimos três anos graças ao crescimento da inteligência artificial generativa, uma tecnologia emergente que promete revolucionar os negócios e redefinir a forma como os humanos interagem com a tecnologia em todo o mundo.
A Nvidia, com sede em Santa Clara, na Califórnia, projeta os chips, conhecidos como unidades de processamento gráfico, ou GPUs (na sigla em inglês), que impulsionam a indústria de IA.
Nvidia vale o mesmo que 214 empresas juntas
A alta das ações da Nvidia coroa uma trajetória notável e ocorre apenas dois anos após a empresa atingir um valor de fechamento de US$ 1 trilhão pela primeira vez. A fabricante de chips de IA, que fechou a US$ 162,88 por ação e pouco abaixo da marca de US$ 4 trilhões, agora vale tanto quanto as 214 menores empresas do S&P 500 juntas, de acordo com a Dow Jones Market Data.
A Apple e a Microsoft se aproximaram da marca de US$ 4 trilhões.
A Apple fechou com uma capitalização de mercado de US$ 3,915 trilhões no final de 2024. A Microsoft teve uma avaliação de mercado de US$ 3,708 trilhões na semana passada.
Fundada pelo engenheiro taiwanês-americano Jensen Huang em 1993, a Nvidia nasceu para aprimorar as placas de jogos para computadores pessoais. Sua ascensão de uma designer de chips gráficos voltada principalmente para jogadores de videogames em uma potência digital com o estouro da IA foi meteórica.
No início deste ano, a Nvidia enfrentou um dos seus maiores desafios com o lançamento do DeepSeek, um chatbot chinês de baixo custo, que foi desenvolvido de forma muito mais rápida e barata do que a maioria dos modelos de linguagem grande da empresa.
O DeepSeek, desenvolvido com cerca de 2 mil processadores Nvidia H800 — uma quantidade significativamente menor do que da maioria dos concorrentes — provou que os desenvolvedores podem criar softwares de IA poderosos de forma mais barata e sem usar tanto poder computacional quanto se acreditava necessário. As ações da Nvidia despencaram quase 20% com a notícia, mas se recuperaram mais do que o esperado com a promessa de gastos maiores por parte dos maiores clientes da empresa.
Nvidia na indústria de jogos
Em seus primeiros anos, a Nvidia cresceu junto com a indústria de jogos, tornando-se líder de mercado, ao lado da Advanced Micro Devices. Mas Huang tinha ambições maiores. Ele acreditava que havia uma variedade mais ampla de tarefas computacionais que seus chips poderiam acelerar.
Há cerca de uma década e meia, a Nvidia plantou as sementes para que isso acontecesse, desenvolvendo um software que permitia às pessoas usar seus chips para outras finalidades além do processamento gráfico.
O desenvolvimento da computação em nuvem e um foco crescente na computação científica levaram a empresa de Huang a uma nova fronteira: data centers equipados com processadores da Nvidia.
Seus usos se expandiram a partir daí, incluindo a mineração de criptomoedas, onde prosperaram por um tempo. Isso também levou ao seu amplo uso em aprendizado de máquina, visão computacional e outras novas aplicações de IA.
No início da década de 2010, a empresa começou a produzir chips cada vez mais potentes, batizando cada nova “arquitetura”, ou design, em homenagem a físicos e outros cientistas famosos, como James Clerk Maxwell, Johannes Kepler, Alan Turing e Ada Lovelace.
Por cerca de duas décadas, a Nvidia manteve um ritmo regular de lançamento de uma nova geração de chips a cada dois ou quatro anos.
Mais recentemente, com o avanço da tecnologia de IA, esse ciclo foi drasticamente reduzido — agora, a empresa afirma que pretende manter o ritmo de lançamento de uma nova geração de chips a cada ano.
Em março de 2022, a empresa lançou sua geração de chips Hopper, que provou ser um enorme sucesso entre os desenvolvedores de software de IA por suas melhorias em memória e poder de computação. A Nvidia vendeu milhões de seus chips Hopper H100 somente em 2023, ajudando a impulsionar a empresa a ultrapassar um valor de mercado de US$ 2 trilhões.
No ano passado, a Nvidia lançou sua mais nova microarquitetura, a Blackwell, que representou suas GPUs mais potentes até então, incluindo a B200, que reúne 208 bilhões de transistores em um chip aproximadamente do tamanho de quatro peças de Scrabble dispostas em um quadrado.
A demanda por esses chips tem sido quase insaciável, com grandes clientes como a Meta Platforms, a OpenAI e a Alphabet, proprietária do Google, correndo para acumular poder de fogo para desenvolver os chatbots mais sofisticados e outros modelos de linguagem grande já criados.
Até recentemente, as empresas de tecnologia se gabavam sobre quantos milhares de chips da Nvidia estavam comprando. E data centers enormes foram construídos para abrigá-los. Huang assumiu uma aura quase à lá Steve Jobs — parte celebridade, parte oráculo —, transformando-se em um personagem inconfundível com suas jaquetas de couro pretas características.
Houve alguns altos e baixos. Tanto o governo Biden quanto o governo Trump impuseram limites rígidos à capacidade da Nvidia de vender muitos de seus chips de IA mais poderosos na China, tratando-os quase como ativos estratégicos de segurança nacional.
Em outubro de 2023, a Casa Branca sob o governo Biden restringiu as vendas na China do chip H800 da empresa, um processador que a Nvidia havia começado a oferecer apenas sete meses antes. Então, em abril deste ano, o governo Trump limitou as vendas de outro chip, o H20, para a China, levando a Nvidia a uma baixa de valor de US$ 5,5 bilhões.
“Com os atuais controles de exportação, estamos efetivamente fora do mercado de data centers da China, que agora é atendido apenas por concorrentes como a Huawei“, disse um porta-voz da Nvidia na quarta-feira.
A receita da Nvidia cresceu em paralelo com o preço de suas ações. Há dois anos, a empresa registrou uma receita de US$ 7,2 bilhões no trimestre de maio. Este ano, ela registrou US$ 44,1 bilhões — um número enorme para uma empresa com uma margem de lucro bruto acima de 70%.
Traduzido do inglês por InvestNews
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