O CEO avisou que, se o volume de aço importado continuar crescendo no mercado doméstico, a empresa pode ter de fazer mais demissões e ajustes operacionais. O grupo já realizou 1,5 mil desligamentos entre janeiro e junho deste ano e opera em muitas plantas no limite da ociosidade. A Gerdau já paralisou uma usina em Minas Gerais, em Barão de Cocais, e, caso haja mais redução de demanda, terá de desligar a planta de Mogi das Cruzes (SP), que já está “no limite da paralisação”.
O problema do setor no Brasil, segundo Werneck, está na entrada excessiva de aço importado, principalmente o produto da China, que chega ao país com preços subsidiados. O executivo classificou a inundação dos produtos metálicos asiáticos por valores muito abaixo do mercado como “desleal”. Para o CEO da Gerdau, “não faz sentido a gente continuar com patamar de investimentos tão grande no Brasil, já que a gente não consegue competir aqui de forma igualitária, isonômica”.
O aço importado alcançou uma participação de 27,2% do consumo interno no Brasil em maio de 2025. Esse avanço sobre o mercado tem sido crescente. Bem pouco tempo atrás, em janeiro deste ano, essa fatia estava em 22,8%.
Ao mesmo tempo, a Gerdau, embora não vá ser afetada diretamente pelo tarifaço imposto pelo presidente americano Donald Trump, preocupa-se com o impacto da elevação de alíquota contra o Brasil para 50% sobre clientes, como as indústrias de máquinas e a automobilística. A companhia já se prepara para uma nova pressão de redução de demanda devido às restrições para exportação aos EUA.
Ruim aqui, bom lá fora
Por outro lado, se aqui a situação só piora, nos Estados Unidos, onde a Gerdau mantém praticamente metade de sua operação siderúrgica, só melhora. A mesma política tarifária que está causando tremores mundo a fora tem ajudado a aumentar a demanda interna para produtos do grupo fabricados em solo americano.
A perspectiva é que o volume de demanda por aço nos EUA continue a crescer nos próximos anos. Werneck ressaltou que o próprio processo de reindustrialização americana traz uma perspectiva otimista. ” Temos vendido muito aço para indústrias que voltam a se instalar nos EUA e nossos volumes devem continuar elevados para os próximos anos.”
O CEO da Gerdau deixou claro que a prioridade no planejamento da próxima fase de investimentos serão os Estados Unidos. “Nosso foco são os EUA e o México.” Sobre os investimentos no Brasil, Werneck explicou que os projetos já iniciados serão terminados e que a redução decidida pelo grupo vai contemplar projetos que ainda estão no papel, além do destino dos recursos nos próximos períodos.
A operação norte-americana, que inclui o México, já puxou os resultados do segundo trimestre. A produção de aço bruto da Gerdau cresceu 4,7% no trimestre, para 3,1 milhões de toneladas, e as vendas de aço totalizaram 2,8 milhões de toneladas, 4,1% acima de um ano antes, justamente diante do aumento nas vendas na América do Norte.
A Gerdau teve um lucro líquido ajustado no segundo trimestre 8,6% menor no segundo trimestre em relação ao mesmo período do ano passado de R$ 864 milhões. Já o Ebitda ajustado, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, alcançou R$2,56 bilhões de abril ao final de junho, uma queda de 2,4% ano a ano. A receita líquida da empresa teve uma expansão de 5,5% na base anual, para R$17,5 bilhões.