Como investir em ativos internacionais?

Descubra como aplicar no exterior, onde exatamente e quais os riscos e as vantagens

investir em ativos internacionais

Investir em ativos internacionais está mais fácil do que nunca. Hoje, dá para aplicar lá fora sem sair do Brasil, direto por uma corretora que ofereça acesso a produtos estrangeiros – como ações, fundos de investimento e ETFs (fundos negociados em bolsa).

E sabe o legal de tudo isso? Não é mais coisa de milionário. Com um pouco de pesquisa, dá pra encontrar ações ou mesmo cotas de fundos por menos de R$ 100, por exemplo. Maravilha, né?

Mas nem tudo são flores. Investir no exterior envolve custos, riscos e impostos. É importante ficar atento às taxas, ao câmbio e ao Imposto de Renda (IR), que podem influenciar seus rendimentos.

A seguir, a gente explica tim-tim por tim-tim como investir em ativos internacionais – e o que vale observar antes de dar o primeiro passo.

Como começar

O primeiro passo para investir em ativos internacionais é abrir conta em uma plataforma que ofereça acesso a produtos gringos. Hoje há várias opções no mercado.

Antes de escolher, vale pesquisar sobre reputação, atendimento e custos (um bom começo é checar o Reclame Aqui, por exemplo).

A abertura da conta é simples: normalmente você precisa enviar documentos básicos (CPF, comprovante de residência, dados bancários e contatos). A maioria das plataformas não cobra taxa de abertura.

Enviar dinheiro para fora ou investir daqui?

Há duas formas principais de investir em ativos internacionais:

  • Indiretamente, por produtos listados na B3 (como BDRs, os Brazilian Depositary Receipts, e ETFs, que replicam índices estrangeiros). Vantagem: não precisa abrir conta internacional nem converter moeda.
  • Diretamente, por meio de uma conta internacional, enviando reais que serão convertidos em dólar para investir em ações e outros produtos. Vantagem: acesso mais amplo a papéis e fundos no exterior.

Veja a seguir as diferentes maneiras de aplicar lá fora.

Ações internacionais

São as ações de empresas listadas em bolsas estrangeiras, como Apple, Amazon, Tesla e Microsoft, entre outras. Dá para comprar os papéis delas diretamente se você tiver conta em uma corretora internacional.

Essas ações funcionam como qualquer outra: você vira sócio da empresa e pode lucrar com a valorização dos papéis e com o pagamento de dividendos (quando a companhia distribui parte do lucro aos acionistas).

O ponto de atenção é que tudo é cotado em dólar, então, o câmbio também influencia o seu ganho (ou perda). Se a moeda americana subir, mesmo que o papel fique estável lá fora, seu investimento pode render em reais, e vice-versa.

BDRs

Os BDRs (Brazilian Depositary Receipts) são certificados que representam ações de empresas negociadas no exterior. Eles são negociados diretamente na B3 – portanto, oferecem uma forma mais prática de investir em empresas estrangeiras, já que estão na bolsa e não é preciso ter conta internacional.

Quem compra o BDR da Apple, o AAPL34, por exemplo, vai ter o mesmo desempenho da ação original. Mas aqui vai um adendo: o BDR não equivale a uma ação original inteira. Em boa parte dos casos, ele representa uma parte. O BDR da Apple equivale a 1/20 da ação original. Isso significa que 20 BDRs formam uma ação completa.

E por que isso é importante? Porque as empresas pagam proventos. Portanto, quem tem um BDR da Apple vai receber uma parte em 20 do dividendo pago para uma ação inteira, entendeu?

Existem dois tipos de BDRs:

  • BDRs não patrocinados, emitidos por instituições financeiras brasileiras (a maioria dos disponíveis).
  • BDRs patrocinados, lançados pela própria empresa estrangeira.

ETFs

Os ETFs (fundos negociados em bolsa de valores) são outro tipo de produto que permite investir em ativos internacionais. E eles estão super pop, sabia? Nos EUA, o número desses fundos já ultrapassou até o número de ações.

Em resumo, esses produtos são fundos de investimento que reúnem o dinheiro de vários investidores em determinados ativos. No caso do exterior, eles podem investir em ações, outros ETFs, títulos públicos e por aí vai. Eles também seguem algum índice (um indicador). Um exemplo é o S&P 500, por exemplo.

Dá para pode investir em ETFs internacionais de duas formas:

  • Diretamente, por corretoras que operam fora do Brasil
  • Indiretamente, via ETFs listados na B3 que replicam índices estrangeiros.

Fundos de investimento


Outra opção é aplicar em fundos geridos por profissionais, que investem em ativos fora do país – ações, títulos ou até outros fundos. Você compra cotas em reais, e o gestor faz todo o trabalho de selecionar, comprar e administrar os ativos no exterior.

Esses fundos estão disponíveis em várias plataformas brasileiras e costumam ter aplicação mínima baixa, o que facilita para quem está começando. Porém, eles costumam ter taxa de administração (cobrada todo ano pelos serviços prestados) e taxa de performance (um tipo de remuneração baseada no resultado alcançado pelo gestor). Tudo isso encarece um pouco o investimento.

Renda fixa internacional

Sim, dá pra investir em ativos internacionais da categoria renda fixa lá fora também. São títulos emitidos por governos (como as Treasuries dos EUA) ou por empresas estrangeiras. Para alocar diretamente, é preciso ter conta internacional.

Em períodos de juros elevados na terra do Tio Sam, por exemplo, era possível comprar títulos com rendimento de 4% e até próximo a 5% ao ano – em dólar.

Mas também há opções locais de fundos ou ETFs de renda fixa global, que investem nesses títulos e cuidam do câmbio por você.

Quais as vantagens de investir em ativos internacionais?

Ao investir em ativos internacionais, o investidor usufrui de uma série de vantagens. Veja algumas delas:

Redução do risco Brasil: Nosso país é uma economia emergente e, portanto, está mais suscetível a choques e crises econômicas e políticas (o período Collor que o diga), e isso impacta diretamente os retornos dos ativos.

Diversificação: O Brasil é gigante, mas é um “ovo” quando o assunto é mercado de capitais. Pegue a B3, por exemplo, com suas 400 ações. Parece muito? Não é. Isso representa cerca de 1% do mercado global. Investir em ativos internacionais, portanto, dá um toque de diversificação à carteira.

Acesso a diferentes teses de investimento: Por aqui, temos boas empresas de commodities, bancos, petróleo etc, mas o leque para por aí. Para conseguir se expor a teses como inteligência artificial (IA), computação quântica e outras, é preciso investir em empresas no exterior.

Proteção cambial: O real é uma moeda aceitável, mas não é uma moeda forte, como o dólar. Tudo bem que a divisa americana vem perdendo espaço, mas ainda é a mais forte do mundo, amplamente usada no comércio global. Por isso, investir fora (nesse caso, em produtos dolarizados, não os negociados no Brasil) preserva o poder de compra ao longo do tempo.

Quais os riscos de investir em ativos internacionais?

Todo investimento tem risco – e investir em ativos internacionais não seria diferente. Veja os principais abaixo:

Risco cambial: Ao mesmo tempo que é interessante proteger o patrimônio em moeda forte, há o outro lado da moeda. Se o dólar cair, o valor dos seus investimentos em reais vai junto.

Risco político-econômico: Crises, mudanças de juros ou conflitos nos países onde você investiu podem afetar os ativos. Normalmente, quando se fala em investir fora, fala-se nos EUA, onde há uma democracia saudável. No entanto, sabemos que qualquer declaração de figuras políticas como Donald Trump podem mudar a direção dos ventos do mercado.

Liquidez: Dependendo do ativo no exterior, pode ser que a liquidez (ou seja, a capacidade de vender rapidamente e achar um comprador) seja baixa. Pode ser que sempre haja um comprador para um BDR da Apple, por exemplo, mas pode ser um pouco mais difícil encontrar um interessado em uma empresa desconhecida.

Quanto custa investir em ativos internacionais?

Investir em ativos internacionais também tem custos. Normalmente, há taxas de corretagem, custos de câmbio e, em alguns casos, taxas de custódia.

IOF (Imposto sobre Operações Financeiras): Em uma conta internacional, por exemplo, a compra de dólar tem uma alíquota de 3,5%.

Spread: Há também a cobrança de spread (margem da instituição financeira na operação de câmbio), que pode variar entre 1% a 3% nas contas internacionais.

Imposto de Renda (IR): Além disso, é preciso ficar atento ao Imposto de Renda. No caso de investimento no exterior, existe uma alíquota única de 15% sobre os ganhos de capital.

Quanto investir no exterior?

Essa decisão vai depender do seu perfil de investidor. É essencial analisar o quanto você está disposto a assumir de risco, seus objetivos etc.

No entanto, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) publicou, no início de 2025, uma pesquisa chamada “Impacto Cambial no Consumo dos Brasileiros e a Necessidade de Diversificação Internacional”, que demonstra a influência do câmbio na cesta de consumo.

Segundo esse material, o impacto do dólar varia de 16% a 18%, a depender da faixa de renda. Portanto, de acordo com o estudo, esse seria o percentual ideal para investir em ativos internacionais (mais precisamente em dólar), a fim de se proteger da volatilidade cambial e acessar mercados e setores não disponíveis na bolsa de valores local.

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