Morning Call: apesar de tudo, IBOV sobe mais de 3% na semana e encosta nos 120k

Destaques (José Falcão Castro):

A surpresa na queda dos pedidos de auxílio desemprego nos EUA e o setor privado americano (ADP) que criou 174 mil empregos em janeiro, mais que três vezes a projeção (+50 mil), elevou as expectativas de um payroll mais forte (10h30), que pode sustentar o dólar frente as divisas globais;

Além da expectativa positiva em relação ao payroll de janeiro, os indicadores divulgados e os resultados corporativos na semana apontam para uma recuperação da economia americana;

Da Ásia até as bolsas em Nova York, o movimento de alta continua, após ontem os índices americanos renovarem máximas históricas; no pré-mercado, Dow Jones futuro avança 0,41%, S&P 500 (+0,39%), Nasdaq (+0,31%);

O petróleo está em alta e deve fechar a melhor semana desde outubro com cumprimento de cotas pela Opep+, com manutenção do corte da produção prorrogado,  e vacinação em andamento;

Na Europa, o índice Stoxx 600 avança 0,33%; tem pronunciamentos do Banco Central Inglês e do Banco Central Europeu; a bolsa de Frankfurt sobe 0,22%, Londres (+0,14%), Paris (+0,99%), Madri (+0,95%), Milão (+1,31%), Lisboa (+1,19%);

No Brasil, o IGP-DI de janeiro acelera forte para 2,91%, acima da mediana (2,72%) e de 0,76% em dezembro; o câmbio é pressionado também pelos primeiros ruídos do Centrão com o governo, enquanto reunião de Bolsonaro com a Petrobras (11h) para mudar o ICMS do diesel movimenta o noticiário;

Mas o que deve pegar é a entrevista de Guedes, no final da noite, ao lado de Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, quando o ministro admitiu apoiar o auxílio emergencial, “se apertarmos o botão da calamidade pública”.

Análise Gráfica – IBOV (Hugo Carone):

Por enquanto sem alteração no que foi mencionado ontem, sendo pouca a movimentação positiva vista nos dias anteriores e para confirmar a recuperação da média móvel exponencial de nove períodos (MME9) pelo gráfico diário, ainda temos a importante resistência dos 120 mil pontos pela frente. Se pelo menos conseguir evitar a perda deste suporte da média exponencial já seria um grande passo, onde hoje estaria na faixa dos 118.460.

Suporte abaixo, 116 mil pontos. Para o gráfico semanal, se fechar daqui para cima estaria ótimo, claro tendo que romper a máxima do candle em seguida e continuar respeitando também o suporte da média.

Cenário global e bolsa brasileira ontem (Murilo Breder):

O Ibovespa até ameaçou subir pelo quarto pregão consecutivo, mas não resistiu e fechou em queda de -0,39% em um dia em que o Bradesco foi uma das poucas blue chips a registrar alta. O recuo ocorre em meio a um cenário político e macroeconômico de poucas notícias enquanto o cenário corporativo dá o tom tanto aqui no Brasil como nos Estados Unidos em meio a temporada de resultados;

Um dos grandes destaques do dia é o lucro de R$ 6,8 bilhões do Bradesco (BBDC4, +3%)  no quarto trimestre. A cifra surpreendeu o mercado pois representa o maior lucro trimestral da história do banco mesmo em meio à pandemia;

Além do lucro líquido, o resultado trimestral como um todo foi considerado melhor que o de Itaú (-0,42%) e Santander (SANB11, +0,91%). Dessa forma, o Bradesco não só teve uma performance bem acima de seus pares nesta quinta-feira como ainda registrou a maior alta do Ibovespa;

Outra blue chip no holofote é a Vale (VALE3, -1,3%), que divulgou seu relatório de produção de minério de ferro referente ao 4T20. A mineradora alcançou 84,508 milhões de toneladas, alta de 7,9% em relação ao reportado um ano antes. Em relação ao trimestre imediatamente anterior, houve um recuo de 4,7%. Com isso, no acumulado do ano, a mineradora produziu um total de 300,385 milhões de toneladas, queda de 0,5% ante 2019;

Ainda sobre a Vale, a empresa chegou a um acordo com o governo de Minas Gerais no valor total de R$ 37,68 bilhões em reparações pelo rompimento de barragem da mineradora em Brumadinho, tragédia essa ocorrida há cerca de dois anos. Com isso, a mineradora fará uma provisão adicional de R$ 19,8 bilhões;

Apesar da companhia ter reportado bons números de vendas no 4T20 e a boa notícia do acordo por Brumadinho, a produção levemente inferior à 2019 e a necessidade de uma provisão adicional podem ter ajudado a pesar negativamente as ações VALE3 no dia de hoje.

* Esse é um conteúdo de análise de um especialista de investimentos da Easynvest, sem cunho jornalístico.