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Após boom do mercado imobiliário, ações de construtoras retomam altas

O desempenho da construção civil em meio à pandemia foi uma surpresa para o setor. Esperava-se uma grande queda, mas o resultado foi o oposto.

O desempenho da construção civil em meio à pandemia foi uma surpresa para o setor. Esperava-se uma grande queda, mas o resultado foi o oposto. O setor não só não sentiu os efeitos da pandemia como foi impulsionado pelos seus desdobramentos.

As taxas de juros do crédito imobiliário caíram pela metade em quatro anos, passando de 15,6% ao ano em 2016 para 7,6% em 2020. Segundo a associação brasileira de incorporadoras imobiliárias, as vendas de imóveis novos cresceram quase 46% no segundo trimestre em relação a 2019.

A maior construtora brasileira em receitas, a MRV, que foca em segmentos de rendas mais baixas, registrou sua maior geração de caixa da história, atingindo 306 milhões de reais no terceiro trimestre. a companhia, que é listada na bolsa com o ticker MRVE3, também bateu recorde nas vendas líquidas pelo terceiro trimestre consecutivo, totalizando quase dois bilhões de reais, e também na sua receita operacional líquida.

Após registrar esses recordes no terceiro trimestre, a construtora prepara o terreno para crescer no mercado brasileiro e nos estados unidos, que é onde a companhia tem a subsidiária AHS. As taxas de juros em ambos os países devem continuar favorecendo as operações da MRV.

Segundo analistas do mercado, a MRV continua diversificando sua atuação fora do Minha Casa Minha Vida, que agora se chama Casa Verde e Amarela. A companhia tem um terço do seu estoque de terrenos fora do programa do governo federal para pessoas de renda mais baixa. Já com a AHS, a MRV possui também 306 milhões de dólares em residências a ser vendidas nos EUA.

Esse aquecimento do mercado também impulsionou outras construtoras. A Gafisa, que é listada na bolsa com o ticker GFSA3, estava sem lançar nenhum empreendimento desde 2018. Com a saída do presidente do conselho de administração, o controverso Mu Hak You, além da venda de uma participação para a Planner Corretora, a Gafisa se reestruturou de uma grande crise e voltou a fazer lançamentos.

Neste ano, a empresa levantou dois novos empreendimentos em São Paulo e um em Curitiba. Para o quarto trimestre, estão previstos mais três lançamentos. Agora, a companhia está de olho em aquisições. Em fevereiro deste ano ela comprou a UpCon incorporadora e em agosto propôs uma fusão com a Tecnisa. A empresa também se mantém firme em seu propósito de manter a desalavancagem. Em pouco mais de um ano, a companhia saiu de uma relação dívida líquida sobre o patrimônio de 162% para os atuais 7,6%.

Em seu último relatório aos investidores, a Gafisa informou que as vendas brutas totalizaram quase 144 milhões de reais no último trimestre, uma alta de 260% na comparação anual. Em contrapartida, teve um aumento de 156% nos distratos – que é quando o comprador desiste do negócio.

Depois de tantos anos de seca no mercado imobiliário, muitas construtoras voltaram a captar recursos e abrir capital na bolsa de valores. Grande parte destes recursos serão usados na compra de terrenos. As primeiras a estrear na bolsa neste ano foram a mitre, que arrecadou 1,2 bilhão de reais, e a Moura Dubeux, que levantou 1,25 bilhão. Já a gaúcha Melnick Even, subsidiária da Even, captou 714 milhões em setembro.

Um dos exemplos mais fortes de capitalização é a Cyrela. Em 2020, a construtora fez IPOs de três das suas subsidiárias. A Plano & Plano, que levantou 690 milhões de reais; a Cury, que captou 977 milhões; e a Lavvi, que movimentou 1,1 bilhão. As duas primeiras são focadas em baixa renda e a última, nos mais ricos. Com tantas ofertas, algumas empresas acabaram optando por cancelar sua abertura de capital. Exemplo disso foi a You e a construtora Pacaembu.

No terceiro trimestre, a incorporadora e construtora de imóveis residenciais Cyrela registrou um lucro líquido ajustado de R$ 250 milhões, o que representa um aumento de 140% na mesma base de comparação anual. Esse resultado já exclui o dinheiro captado nos IPOs das suas três subsidiárias, a LAVV3, PLPL3 e CURY3.

Já a construtora Eztec, listada na bolsa com o ticker EZTEC3, lucrou R$ 120 milhões no terceiro trimestre, uma alta de 96% em relação a 2019. No dia 09 deste mês, as ações da EZTEC estiveram entre as maiores altas do Ibovespa, que inclusive tiveram o seu preço-alvo elevado de 51 reais para 53 reais pelo Credit Suisse. O banco reforçou o desempenho dos papéis acima da média do mercado.
Tanto as ações da MRVE3, CYRE3 e EZTEC3 já encostaram nos valores anteriores a março, no pico das quedas, ou até passaram, como é o caso da MRV. A que está mais longe do nível pré-pademia é a GFSA3.

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