Em cinco de janeiro, o Ibovespa atingia os 101 mil pontos. Três meses depois o principal índice da B3 ultrapassava os 121 mil pontos. No mesmo período, o dólar também teve variação, mas no sentido contrário. A moeda americana começou o ano cotada a R$ 5,67, – mas três meses depois atingia R$ 4,61.
Este efeito de bolsa em alta e dólar em baixa (o que também pode ser o oposto) é causado pela lei da oferta e demanda. Com a maior entrada de capital estrangeiro na bolsa brasileira, isso faz com que a cotação da moeda norte-americana caia, já que terá mais dólares disponíveis no mercado. Por outro lado, o investidor internacional usará a moeda americana cambiada pela brasileira para comprar ações na bolsa de valores. E isso faz com que o valor das ações da bolsa suba.
Porém, caso o cenário seja de escassez quanto ao investimento de estrangeiros na bolsa e na economia brasileira, o dólar tende a se valorizar. Esse mecanismo de oferta e demanda explica, em partes, o porquê de o preço do dólar e o índice Ibovespa caminharem em sentidos opostos na maioria das vezes. Todavia essa não é uma regra fixa.
Ao investir no Brasil, o estrangeiro tanto pode optar por comprar títulos da dívida pública (já que a atual Selic – a taxa básica de juros é uma das maiores do mundo – e a dos Estados Unidos é quase zero), ou mesmo investir em companhias que inclusive podem não ter ações listadas em bolsa. As startups são um exemplo.
Só no primeiro trimestre deste ano, a B3 informou que foram sessenta e quatro bilhões de reais injetados no país, contra um saldo de cem bilhões em todo 2021. O que mostra como o Brasil tem atraído capital estrangeiro e como o período coincidiu com a queda do dólar. A questão é saber se este será um efeito de curto, médio ou longo prazo. Segundo Murilo Breder, analista da Nu Invest, este efeito tende a ser duradouro já que ainda não há sinais de que esse fluxo estrangeiro esteja sendo interrompido.
Como os problemas domésticos (inflação em alta, eleições polarizadas, questões econômicas) são menores quando comparado aos problemas de outros países emergentes (Rússia é um exemplo), isso acaba atraindo as atenções e os investimentos. “E diante deste cenário, com uma bolsa brasileira estando entre as mais valorizadas do mundo somado ao fato dela estar muito barata, vejo um índice de small caps que ainda está para trás do Ibovespa, com empresas boas, baratas e que melhoraram muito os seus resultados na última temporada de balanços”, apontou Breder.
Neste Cafeína, veja a análise que o analista faz para as ações de menor capitalização (small caps) e onde buscar boas oportunidades diante deste cenário de bolsa em alta e dólar em baixa.