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Qual moeda desvalorizou mais no 1º semestre?

Mesmo com tantos sobes e desces, o dólar vem se desvalorizando frente a moedas de alguns países. Veja ranking da Economatica com 24 moedas.

Mesmo com tantos sobes e desces, o dólar vem desvalorizando frente a moedas de alguns países. No 1º semestre, o real foi a moeda que menos perdeu força frente ao dólar em um ranking que avalia a moeda de 24 nações. Apesar de o dólar ainda ser uma moeda forte, fato é que muitos países vêm subindo no ranking quanto a valorização da moeda.

Moedas mais desvalorizadas

No começo de julho, a moeda americana já entrou em outro movimento de alta no Brasil, batendo os R$ 5,20 – movimento justificado pelo cenário político e de reforma fiscal, o que consequentemente pode aumentar ou baixar o preço de insumos importados. Deste modo, esse ciclo afeta também o preço de passagens, estadia em hotéis, entre outros serviços. Junto a isso, ocorre o aumento da inflação (ação que precisa ser controlada por meio de outras atitudes do governo).

Porém, em um movimento contrário a este, o dólar valorizou 3,7% contra o real no primeiro semestre deste ano. E isso não foi um caso isolado no Brasil. A moeda americana também se desvalorizou entre 4 dos 5 países dos BRICs.

Quando comparado com a moeda usada na África do Sul, o rand sul-africano, o dólar se desvalorizou 2,2%. Mesmo percentual de desvalorização contra o rublo, a moeda russa. Mas não para por aí. O dólar também registrou uma desvalorização de 1% contra o yuan, a  moeda chinesa.

Na outra ponta, na da valorização do dólar, a moeda que mais sofreu foi a lira turca. O dólar se valorizou mais de 18% contra ela em 2021 (e mais de 27% nos últimos 12 meses). Já o peso argentino foi a 2ª pior moeda no semestre, isso porque o dólar se valorizou 12,5% contra ela. Mas o peso argentino foi também a pior moeda nos últimos 12 meses –  já que o dólar se valorizou 36,5% contra ela.

O dólar se valorizou contra quase todas as moedas europeias. Um exemplo foi o euro, já que o dólar se valorizou 3,1% nos primeiros seis meses do ano. As únicas exceções foram a libra esterlina e a coroa norueguesa. Já na contramão do Brasil, 3 das 5 piores moedas do semestre são sul-americanas (peso argentino, peso colombiano e sol peruano).

Ranking com 24 países e a (des)valorização do dólar, segundo a Economatica.

Pais Moeda Retorno em 12 meses Retorno em 2021*
Brasil Real -8,65 -3,74
Canadá Dólar canadense -9,49 -3,22
África do Sul Rand sul-africano -17,13 -2,24
Rússia Rublo 3,66 -2,23
Reino Unido Libra esterlinas -11,02 -1,96
China Yuan -8,71 -0,98
Taiwan Dólar taiwanês -5,31 -0,66
Noruega Coroa norueguesa -11,66 -0,14
México Peso mexicano -13,79 -0,01
Filipinas Peso filipino -2,41 1,22
Israel Shekel israelense -5,30 1,32
Índia Rúpia indiana -1,47 1,33
Australia Dólar australiano -8,80 1,75
Dinamarca Coroa dinamarquesa -5,73 3,13
Euro Euro -5,52 3,18
Chile Peso chileno -9,93 3,38
Indonesia Rúpia indonésia 1,42 3,48
Coreia do Sul Won sul-coreano -5,75 4,01
Suécia Coroa sueca -8,46 4,13
Suiça Franco suíço -2,93 4,28
Peru Sol peruano 8,91 6,38
Japão Iene 2,94 7,08
Colombia Peso colombiano -0,06 7,89
Argentina Peso argentino 36,59 12,57
Turquia Lira turca 27,15 18,35

*Até junho

Fonte: Economatica

Causas e consequências

Segundo o analista Nicolas Merola, da Inversa, com a pandemia, o Brasil teve uma série de questões com gastos públicos – sendo inclusive um dos países que mais gastaram contra a covid-19 (isso proporcionalmente ao PIB). E isso trouxe uma maior insatisfação do mercado em relação ao real.

Houve também a postergação das reformas, que era uma pauta importante do governo. Como consequência, essa movimentação gerou uma insatisfação no mercado e até um certo ceticismo em relação ao real.

Porém, em 2021 iniciou um ciclo positivo para as commodities, onde o preço delas no mercado internacional subiu muito. “Mas nessa fase o mercado doméstico meio que “menosprezou” a presença do Brasil no mercado de commodities, o que acabou por alavancar a nossa moeda no fim das contas”, afirmou o analista.

Para Merola, o tema commodities foi muito relevante para a valorização do real e a percepção do mercado quanto a relevância do Brasil. Somado a isso, melhorou em partes o cronograma de vacinação no país, com maiores perspectivas para Rio e São Paulo.

“Porém, a apreciação do real foi um exagero, e agora, essa última alta é mais um movimento de correção do que de uma desvalorização da moeda brasileira”

Nicolas Merola

Perspectivas

O que pode acontecer, segundo o especialista, é um hedge natural – onde muitos começam a enxergar o patamar de R$ 5 como atrativo para montar posições de proteção. E isso é o que deve prevalecer no 2º semestre de 2021.

Segundo o boletim Focus, a previsão é que o dólar esteja cotado em R$ 5,20 em 2022. Mas é apenas uma estimativa, já que tudo pode mudar.

Gangorra cambial: quem ganha e quem perde

O real desvalorizado tem impacto não apenas no bolso de quem quer ou precisa comprar dólares, como de quem adquire produtos importados – caso da indústria nacional com o segmento eletrônico. Há também uma série de itens em que a formação de preços acaba sendo influenciada pelas cotações internacionais, como é o caso dos combustíveis e das commodities em geral.

Já para quem vende para outros países há mais benefícios por justamente aumentar a receita em reais. Sendo assim, o produtor às vezes prefere exportar do que vender no mercado interno. Mas essa menor disponibilidade no mercado doméstico, por sua vez, empurra o preço para o alto. Essa mesma lógica vale para o milho, para a soja e para o açúcar. O que ajuda a explicar por que os alimentos subiram tanto de preço em período de dólar nas alturas.

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