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Economia

Lira turca é a moeda mais desvalorizada do mundo em 2021; veja ranking

Moedas da Argentina e do Chile também ficaram entre as que tiveram o pior desempenho frente ao dólar em 2021.

Notas de dólar, franco suíço, libra esterlina e euro 26/01/2011 REUTERS/Kacper Pempel

A lira turca foi a moeda mais desvalorizada do mundo em 2021, com queda de 27% em relação ao dólar no ano, segundo levantamento feito pela provedora de dados financeiros Economatica. O segundo pior desempenho da lista foi o do peso argentino, que recuou 17%. 

Já o real teve a 12ª maior desvalorização do ano entre as 25 moedas do levantamento. A queda do real frente ao dólar foi de 6,88%. Veja abaixo: 

Fonte: Economatica

Moedas mais desvalorizadas

Turquia

Mercado local no distrito de Fatih, em Istambul 13/01/2021. REUTERS/Murad Sezer

A Turquia viu sua moeda despencar em 2021, com o dólar subindo mais de 37% sobre a lira. A cotação ficou em mais de 10 liras por dólar, contra 7,36 um ano antes. 

A crise cambial veio na esteira da interferência do presidente turco, Tayyip Erdogan, sobre a política monetária do país. A ordem ao banco central turco foi de cortar os juros, priorizando o crédito e as exportações e deixando de lado a estabilidade da moeda. 

Além da queda da lira, os turcos também têm sentido os efeitos da crise no bolso. Dados divulgados nesta segunda-feira (3) pelo Instituto de Estatísticas da Turquia mostram que a inflação anual no país atingiu seu nível mais alto em 19 anos em dezembro. Os preços ao consumidor dispararam 36,08%.

Argentina

Manifestantes protestam contra acordo entre governo argentino e FMI em Buenos Aires; faixa diz “povo ou FMI” 21/09/2021 REUTERS/Agustin Marcarian

O ano também não foi positivo para o peso argentino, a segunda moeda mais desvalorizada do mundo em 2021, com disparada de mais de 20% do dólar. Com isso, a moeda da Argentina foi desvalorizada em 17%.

Em meio à fragilidade da economia da Argentina, o país tem sido alvo de desconfiança do mercado mais uma vez, enquanto seguem as tentativas de negociação com o Fundo Monetário Internacional (FMI) em torno de uma dívida de mais de US$ 40 bilhões, que o país não tem como pagar. O montante é superior inclusive a todo o volume que a Argentina tem em reservas cambiais, de US$ 39,2 bilhões.

Em meio ao descrédito do país com o mercado, a busca por dólares na Argentina só aumenta, assim como a quantidade de investidores tirando seus recursos do país. Como resultado, desde outubro, os depósitos bancários particulares diminuíram em cerca de US$ 1 bilhão, a quase US$ 15,05 bilhões, segundo dados oficiais e do mercado.

Para alguns especialistas, as reservas líquidas do banco central são quase nulas, embora as estimativas sejam diferentes.

“O descrédito sobre a economia não acaba e as complicações são tão próprias do país que a busca de dólares não para. A redução das reservas e dos depósitos continuará, não só porque o peso não interessa a quase ninguém mas também porque a política não gera sinais de segurança”, afirmou à agência Reuters Armando Rojas, analista da consultora privada Rojas.

Analistas privados calculam, com base em dados oficiais, que existem cerca de US$ 250 bilhões em poupanças de argentinos fora do mercado formal ou depositados no exterior, em um reflexo da falta de credibilidade do sistema financeiro doméstico.

Assim como na Turquia, os argentinos têm sentido com força os efeitos dessa crise. A desvalorização cambial causou uma inflação superior a 50% em 12 meses, e levou mais de 40% da população à situação de pobreza. 

Chile

Assim como a bolsa de valores, a moeda do Chile foi impactada pelo cenário político em 2021. As eleições vencidas pelo candidato de esquerda Gabriel Boric foram as mais polarizadas do país em três décadas, desde a queda da ditadura militar. Boric venceu com 55,85% dos votos, ante o ultraconservador José Antonio Kast, que recebeu 44,13%.

“Entre as diretrizes do programa de Boric que mais preocupam os investidores estão o aumento da carga tributária, o aumento dos gastos sociais e a reforma do sistema previdenciário”, disse a Mercados G em nota.

Após o resultado, a BCA Research disse em nota a clientes que esperava uma venda considerável de ações e moeda após a vitória de Boric. “Assim que a poeira baixar, pode surgir uma oportunidade de compra no Chile. A volatilidade política será contida e o Congresso rejeitará políticas extremas”, disse a empresa.

Desvalorização do real

O dólar em 2021 subiu mais de 7% sobre a moeda brasileira, encerrando o ano vendido perto de R$ 5,58. Veja a cotação do dólar hoje. A moeda norte-americana teve um ano de forte volatilidade sobre o real. No dia 9 de março, atingiu a máxima nominal de R$ 5,79. Já o pico de baixa no ano foi em 24 de junho, quando o dólar fechou em R$ 4,90.

Além de fatores externos como preocupações com a variante ômicron e as perspectivas de aumentos de juros nos Estados Unidos, no Brasil o câmbio teve mais um ano pressionado por incertezas internas, como preocupações fiscais e políticas.

Além disso, o ritmo fraco da recuperação da crise da pandemia também preocupa. As expectativas para a economia do Brasil em 2022 são de mais dificuldades, com inflação ainda elevada, enquanto a renda das pessoas atingiu mínimas históricas em 2021.

“Os dados mostram o sentido agudo da atual crise. A inflação elevada e a falta de clareza das ações do Governo Central passam o sentimento que o carro está em ponto morto, mas com o governo acelerando no limite. Só se queima gasolina sem sair do lugar”, comentou em relatório o economista-chefe da Necton, André Perfeito.

( * com informações da Reuters)

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Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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