Estamos às vésperas da COP26, conferência das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas, que deve anunciar no mês que vem novas medidas para tentar salvar o clima no planeta.
Será mais uma oportunidade em que governantes, cientistas e ambientalistas do mundo todo devem se alinhar à mensagem de que a economia global precisa mudar para soluções mais limpas diante do custo, inclusive financeiro, imposto pelas mudanças climáticas. E uma oportunidade para o Brasil apresentar uma agenda verde.
Já em termos de imagem das empresas, essa mudança ocorre faz tempo. Com a ascensão da agenda ESG (Ambiente + Social + Governança), aquelas que são consideradas grandes poluidoras, como a indústria do petróleo, deixaram na última década e meia de ser prioridade para os investidores. Já as empresas identificadas com a consciência ambiental, como aquelas envolvidas com energia renovável, costumam ser vistas de maneira favorável pela opinião pública e vêm ganhando espaço em portfólios.
Mas será que isso repercute na valorização das ações?
Consideravelmente, segundo um estudo de dois economistas gregos, Panagiotis Tzouvanas (Sussex) e Emmanouil Mamatzakis (Birkbeck College), também professores de universidades britânicas. Hoje, é muito mais lucrativo e menos arriscado investir em empresas que buscam reduzir seu impacto no meio ambiente, indica o trabalho, publicado no International Review of Financial Analysis Journal, publicação especializada em pesquisa financeira.
Um investidor que colocou US$ 100 em 2005 numa empresa que reduziu a emissão de poluentes em 10% a mais do que a média do mercado em que atua tinha, em 2018, US$ 45 a mais do que teria se tivesse colocado o dinheiro numa empresa que polui 10% a mais do que as demais. Ou seja, uma rentabilidade 45% maior do que o investimento na empresa mais poluidora – ou quase 3,5% a mais por ano.
O estudo britânico é o primeiro a avaliar a relação entre o desempenho ambiental das empresas e o risco ou ganhos que oferecem aos investidores. E indica que o compromisso ambiental pode ser uma boa estratégia de crescimento para as empresas e de lucros para seus investidores. Levou a um desempenho superior no mercado de ações em todas as indústrias examinadas pelos pesquisadores. Por exemplo, saúde ou energia.
As empresas que atuam em segmentos ambientalmente sensíveis, como as de produção de energia, foram as maiores beneficiadas pela redução de gases ligados ao efeito-estufa, registrando valorização de 3% a mais nas ações a cada 10% de redução nas emissões. Mas o estudo também aponta que a mudança não beneficia todo mundo. Empresas ligadas à produção de bens de consumo ou do setor imobiliário não tendem a apresentar valorização extra caso reduzam emissões.
Em resumo, para quem investe, ESG vai muito além de um conceito ético. É uma estratégia eficiente de investimento que pode levar a um desempenho acima da média do mercado.
*Samy Dana é Ph.D em Business, apresentador do Cafeína/InvestNews no YouTube e comentarista econômico. |
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