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Coluna do Samy

Madrugador x ‘corujinha’: por que investir logo cedo pode não ser o ideal

Todos nós temos um relógio interno, chamado ritmo circadiano, e ele pode afetar suas decisões de investimentos; entenda.

Freepik

Deus ajuda quem cedo madruga, já diz aquele antigo ditado. Mas se o madrugador for alguém que passou quase à noite toda acordado ou costuma dormir pouco, investir logo no início do pregão pode não ser o ideal.

É o que sugere um estudo produzido por dois pesquisadores e professores, publicado agora em novembro no Journal of Business Venturing. Segundo o trabalho, a quantidade de sono na noite anterior pode influenciar decisões de investimento.

Todos nós temos um relógio interno, chamado ritmo circadiano, que provoca mudanças nos estados mentais e físicos em um ciclo de 24 horas. Podemos estar mais ou menos alertas conforme um mecanismo controlado pelo cérebro, que é influenciado pela luz do dia, em três diferentes momentos, logo cedo, mais tarde no dia ou em um momento intermediário.

Cada momento de alerta costuma ter a ver com nossos hábitos de sono. Alguém que costuma dormir cedo tem mais chance de estar alerta pela manhã. Para quem fica acordado até o meio da noite, é mais provável estar alerta só pela metade do dia. E para aqueles que só caem no sono bem mais tarde, é no final do dia que a mente estará mais alerta.

Mesmo que as pessoas não se deem conta disso – e possam acabar com um belo prejuízo no fim –, em todos os casos, segundo o estudo, o momento do dia afeta a capacidade de avaliar um investimento. Os dois autores, Jeff Gish (University of Central Florida) e Cristiano Guarana (Universidade de Indiana), dividiram o trabalho em três partes.

A primeira parte examinou investidores que participam de financiamento coletivo no início de startups, empresas de tecnologia com alto potencial de alto crescimento, através de plataformas que vêm se popularizando nos Estados Unidos como a Wefunder e a Fundable, verificando sua experiência de mercado, mas também o horário em que costumam dormir e qual seu fuso horário.

Os participantes, então, tiveram de decidir como investir US$ 1 mil em um grupo de empresas, avaliadas como uma grande oportunidade de investimento. Por último, relataram qual era sua experiência de fazer investimentos através de financiamento coletivo. Os resultados mostraram algumas tendências curiosas entre notívagos, pessoas que dormem cedo e aquelas que dormem em um horário intermediário.

O último grupo tendeu mais a acertar pela manhã as empresas onde investir. No mesmo horário, os sonolentos notívagos foram uma tragédia. Mas também ocorreu o contrário, com as pessoas que ficam acordadas até tarde indo melhor nas decisões de investimento tomadas no final do dia do que aquelas acostumadas a dormir e acordar cedo, a esta altura, cansadas para avaliar melhor um negócio promissor.

Em resumo, quando tomamos decisões em desacordo com nosso relógio biológico, é maior o risco de avaliarmos mal alguns aspectos e informações. É algo que nós mesmos podemos não reconhecer, mas o impacto, segundo o estudo, é inegável sobre nossas decisões financeiras. E se vão nos fazer ganhar ou perder dinheiro.

*Samy Dana é Ph.D em Business, apresentador do Cafeína/InvestNews no YouTube e comentarista econômico.

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