Em tempos de muita instabilidade e da multiplicação de vendedores de produtos financeiros disfarçados de consultores, falar de proteção patrimonial deveria ser o principal compromisso dos agentes e reguladores do mercado.
Mas não é isso o que acontece, da CVM ao BACEN, passando pela ANBIMA, SUSEP ou PREVIC, todos parecem desatentos a exposição dos investidores a um viés claro e perigoso, que não diferencia profissionais de investimento independentes, daqueles comprometidos com instituições financeiras e suas prateleiras de produtos financeiros.
Justiça seja relativamente feita, em fevereiro de 2023, a CVM publicou normas que visam aumentar a transparência para o investidor acerca dos acordos de remuneração praticados pelos assessores de investimento, adotando assim a expressão “assessor de investimento” (AI), em substituição ao termo “agente autônomo de investimento” (AAI).
Mas nada do que foi determinado vem sendo observado no mercado de investimento.
Portanto, antes de entrarmos no tema proteção patrimonial, deixo meu reiterado alerta: verifique a indicação de todos os produtos de investimento que envolvam custos administrativos e de performance, especialmente fundos recém-lançados com histórico que não permite verificar seu comportamento, seja em períodos de crise como de expansão.
A diferença entre patrimônio e riqueza
Quando pensamos em proteção patrimonial imaginamos perfis conservadores e escolhas relacionadas a pouca volatilidade e risco. Pode ser desta forma, mas o conceito de proteção patrimonial moderno ou adaptado aos novos desafios, é mais amplo.
Primeiramente, o conceito atualizado de patrimônio é muito mais amplo do que a contabilização da sua riqueza, seja ela de que tamanho for. Não se resume a expressão numérica de seus recursos líquidos e bens materiais.
Patrimônio e Riqueza não são conceitos idênticos, sendo esta última a expressão mais leviana, de parte do patrimônio, aquela que se converte em números e pode ser resumida contabilmente. O valor, em vez disso, expressa uma relação necessária com o tempo, uma construção edificada por múltiplas habilidades e intensidade.
Seu patrimônio deve incluir a sua riqueza financeira e material, mas deve-se considerar elementos intangíveis e essenciais para sua recomposição ao mercado.
Ocorre o reconhecimento que, o capital financeiro sozinho, não poderá fazer frente à velocidade das mudanças no mercado e às constantes instabilidades econômicas, devendo incluir o capital social e humano, como uma prioridade reputacional e competitiva.
Alocação de ativos e proteção financeira do capital
Mudanças na geopolítica, na demografia, tecnológicas e utilização de recursos sugerem que a economia global pode estar à beira de uma nova era, substituindo o que chamam de a era dos mercados.
Um cenário macroeconômico mais volátil apoia a construção de uma carteira mais robusta e estratégias que possam gerar retornos em diferentes ambientes.
Uma carteira pode parecer diversificada, com alocações numa série de categorias diferentes, mas economicamente, pode ser menos diversificada.
Além da procura por novas estratégias de investimento, que façam frente ao novo ambiente, a proteção patrimonial se tornou fator relevante.
Proteção patrimonial se caracteriza por estratégias de gestão patrimonial, possuindo natureza preventiva. Não exclui a possibilidade de ganhos reais, acima da inflação, mas incorpora a garantia e a preservação do patrimônio empresarial ou pessoal, por meio de sua natureza preventiva.
Neste sentido, a acumulação de reserva emergencial, seguros, rendas, dividendos, previdências e estruturas, que evitem problemas legais e sucessórios, devem ser consideradas.
Os alicerces do capital humano e social
Como capital social e capital humano, entende-se as conexões, redes de relacionamento, imagem pública e responsabilidade social, contabilizar e gerir o capital social como uma prioridade reputacional e competitiva.
Mas o que seria este capital social e humano?
A medida do capital social é determinada pela qualidade das conexões, redes de relacionamento, imagem pública e responsabilidade social. À margem deste conceito está o reconhecimento de que, a autonomia individual e o desenvolvimento patrimonial estarão constantemente ameaçados, se divorciados das relações sociais e pela falta de coesão social.
O capital humano centra-se no comportamento econômico, especialmente na forma como a suas competências e seus conhecimentos permitem uma adaptação ágil às demandas do mercado em transformação, mantendo o nível de produtividade e os seus rendimentos.
A implicação de uma perspectiva de capital humano é que o investimento na atualização constante e produtiva das competências e conhecimentos, é imperativa para manutenção dos retornos financeiros, em um sistema econômico regido por ciclos curtos de desenvolvimento e desequilíbrios.
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