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Existe um limite para a diversificação?

Entenda a importância de diversificar os investimentos para reduzir a volatilidade de portfólio sem necessariamente diminuir o retorno.

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A diversificação é uma ferramenta importantíssima que pode ser utilizada pelos investidores para reduzir os riscos específicos a um ativo, classe de ativos ou geografia. Diversificando seus investimentos você é capaz de reduzir a volatilidade de seu portfólio sem necessariamente diminuir seus retornos. Assim, diversificar é uma prática, em geral, positiva e de muito valor, utilizada por investidores de sucesso ao redor do mundo.

No entanto, abordaremos o caso de diversificação exagerada, que não reduz significativamente a volatilidade de um portfólio, ao mesmo tempo que faz com que seus retornos se aproximem da média do mercado – piorando a relação risco e retorno da carteira.

Primeiramente, deve-se entender que diversificação não é uma questão apenas da quantidade de ativos em seu portfólio, mas sim se eles são correlacionados ou descorrelacionados entre si.

Por exemplo, pode-se imaginar um investidor que em sua tentativa de diversificação aloca seu capital em 20 diferentes empresas brasileiras dentro dos setores de petróleo, mineração e celulose.

Apesar do número elevado de ativos, este investidor está muito pouco diversificado, dado que todas suas posições são ações brasileiras ligadas a commodities. No caso de uma baixa no dólar todos seus ativos seriam impactados, visto que atuam em sua maioria exportando estas commodities.

Assim, o segredo da diversificação é buscar ativos descorrelacionados ou negativamente correlacionados. No caso do exemplo, o investidor poderia ter investido em uma transportadora, cujos custos são atrelados ao preço do combustível e consequentemente ao dólar, neste caso uma queda no dólar seria favorável à companhia, sendo, portanto, inversamente correlacionada às exportadoras.

Este é o cerne da diversificação: investir em ativos que têm comportamentos diferentes nas mais variada situações para estar bem-posicionado em qualquer mercado.

No entanto, muitos investidores na ambição de se proteger de todas as crises acabam se diversificando demais. Isso limita suas chances de retornos extraordinários e os aproximam da média de mercado, ao mesmo passo que não reduzem expressivamente a volatilidade do portfólio.

Neste sentido, deve-se discutir a quantidade ótima de ativos em um portfólio que permite uma boa proteção contra riscos específicos, mas que também não limita os retornos à média do mercado. Para isto, pode-se pensar na Teoria Moderna do Portfólio de Markowitz. De acordo com este modelo, quanto mais ativos são adicionados ao seu portfólio, menor é a volatilidade esperada.

No entanto, esta relação está muito distante de ser diretamente proporcional, isso porque a adição de mais ativos no seu portfólio não impacta diretamente em uma redução na volatilidade. Neste sentido, um portfólio de 1000 ações não será 100 vezes menos volátil que um de 10 ações, não é esta a relação.

Na realidade, de acordo com o livro de Edwin J. Elton e Martin J. Gruber intitulado “Modern Portfolio Theory and Investment Analysis” um portfólio de uma ação tende a ter um desvio padrão de 49,2% em média, se aumentarmos a quantidade de ativos para 20, o desvio padrão médio deste portfólio tende a menos de 22%, uma melhoria de 27,2 pontos percentuais.

Agora, se este mesmo investidor aumentar a quantidade de ativos no seu portfólio para 1000, seu desvio padrão médio tenderia aos 19,2% (desvio padrão do mercado acionário americano no período), neste sentido, as 980 ações incrementais apenas reduziram o desvio padrão de seu portfólio em cerca de 2,8%.

Desta maneira, de acordo com o estudo de Lawrence Fisher e James H. Lorie chamado “Some Studies of Variability of Returns on Investments In Common Stocks”, 95% do benefício da diversificação pode ser obtido em um portfólio de 30 ativos.

Enfim, o segredo de uma boa diversificação não é investir em centenas de ativos, mas sim buscar uma quantidade de ativos pouco correlacionados que permita que você reduza a volatilidade e os riscos específicos de seu portfólio, ao mesmo passo que não limita seus retornos à média de mercado.

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