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Por que investir em companhias excepcionais?

Investidores enxergam pouca vantagem em optar por companhias com deficiências mais acentuadas.

Tiago Reis

Assim como uma atividade fundamentada com base nas ciências exatas, o ato de tomar decisões baseadas na filosofia do value investing também possui raízes muito profundas em análises qualitativas.

Como a performance de um ativo é determinada, primordialmente, pelos resultados que serão auferidos em um longuíssimo horizonte de tempo (menos projetáveis “na vírgula”), observam-se investidores de peso advogando sobre o foco em companhias com “selos de qualidade”.

Os adeptos dessa filosofia, apesar de muitas vezes concordarem com a argumentação de que existe preço para tudo, também enxergam vantagens ao desviarem-se desse dogma.

Em carta publicada no primeiro trimestre de 2021, a gestora IP Capital Partners enfatizou: “Certamente estamos perdendo assimetrias em empresas comuns, mas temos convicção de que as maiores oportunidades estão nos melhores negócios”.

Mohnish Pabrai justifica que sua adesão a um universo de cobertura pautado por qualidade está relacionada ao fato de, considerando que existem dezenas de milhares de ações, o mercado ter a tendência de apresentar frequentemente algumas alternativas de empresas com grandes vantagens competitivas a preços atrativos.

Ambas as reflexões nos levam para a ideia de custo de oportunidade, que é definido pelo benefício perdido na realização de determinada escolha.

Mesmo a preços considerados atrativos, refletindo expectativas negativas em demasia, esses investidores enxergam pouca vantagem em optar por companhias com deficiências mais acentuadas.

Nesses casos, eles acabam perdendo a possibilidade de realizar alguns investimentos considerados baratos, o que pode ser classificado como o “custo” dessas escolhas.

Ao adotar tal postura, eles entendem que a qualidade dos ativos coloca o fator da passagem do tempo a seu favor, enquanto a dinâmica é extremamente oposta em empresas de qualidade duvidosa ou medíocre.

Companhias extraordinárias têm maior capacidade de se reinventar por meio de iniciativas imprevisíveis, surpreendendo as expectativas preenchidas pelas planilhas do mercado com certa constância. Assim, quanto maior o prazo de alocação nesses investimentos, maior a exposição ao valor gerado por esses negócios.

Por sua vez, empresas comuns abrigam um risco maior de destruição de valor ao longo do tempo. Um investimento com assimetria positiva, mas alocado em um negócio ordinário, leva o investidor a ficar refém do tempo para o deslocamento ao preço justo que ele estima. Enquanto o relógio corre, a exposição aos riscos aumenta e o retorno anualizado diminui.

Outro ponto considerado é que, mesmo na melhor das hipóteses, os aportes em negócios comuns precisam ser substituídos quando a assimetria encontrada entre preço e valor se fecha.

A ideia se encaixa com as afirmações de Charlie Munger: “Se você for bem, você tem que vender e encontrar mais uma… Ao passo que quando você compra uma grande companhia, fazendo o negócio certo pelo preço certo, você senta e espera”. 

Nesse contexto, o foco em empresas excepcionais possibilita uma maior alocação nas chamadas compounders, companhias que conseguem reter boa parte de seus lucros e reinvestir no próprio negócio com elevada rentabilidade.

Ademais, a estratégia também permite um nível de conhecimento que só é possibilitado com o acúmulo de informações ao longo do tempo, dando robustez a exercícios de análise que possuem maior vida útil e tendem a recompensar mais os esforços empregados.

*A Suno é uma casa de análise especializada em conteúdo sobre investimentos e educação financeira para o pequeno investidor pessoa física.

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Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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