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Como resolver a interoperabilidade entre os metaversos?

Tema é um dos principais dilemas do ambiente virtual e começa a encontrar um caminho para ser solucionado.

Estabelecer um padrão é um grande desafio para qualquer indústria. Imagine, então, um padrão global. Vide o caso das tomadas elétricas que são diferentes em vários países. Para resolver este dilema precisamos utilizar adaptadores. Padrões de carregadores de celular são determinados pelos dois líderes de mercado, mesmo assim, dependendo do seu modelo e dentro de um mesmo fabricante, o padrão muda. 

Não seria mais fácil ter um único padrão para todas as tomadas elétricas, carregadores de celulares e quaisquer outros equipamentos? Infelizmente não é o que acontece, ou pelos menos não vemos esforços para isso ser resolvido no curto prazo.

No metaverso este dilema também ocorre. Usuários querem se conectar em um único lugar e acessar tudo o que possuem (assets, skins, NFTs, criptomoedas, tokens). Atualmente, para cada metaverso, eu tenho que criar um novo avatar e começar tudo do zero. Mas eu queria usar o mesmo avatar que eu criei no metaverso X, pois já comprei alguns acessórios e queira usá-los no metaverso Y, mas isso não é possível. Outro exemplo é que a falta de interoperabilidade não permite que eu comercialize um NFT comprado no metaverso A, no metaverso B.

Como me conectar em vários metaversos? Como estes metaversos irão se conectar e trocar informações?

Preocupados que uma grande empresa de tecnologia domine o mercado e faça com que todos nós tenhamos que usar um sistema fechado, empresas que atuam na Web3 criaram uma nova aliança chamada “The Open Metaverse Alliance of Web3” ou simplesmente OMA3, com foco em viabilizar a interoperabilidade entre seus metaversos. 

Entre as empresas membros estão: Decentraland, Dapper Labs, Space, Superwold, The Sandbox, Alien Worlds, Yuga Labs, Upland, Metametaverse, SuperWorld, Voxels, Decentral Games, Animoca Brands entre outras.

O objetivo dessa aliança é criar padrões para os usuários levarem os seus itens digitais de um jogo blockchain para outro.

Em algum momento, esse grupo poderá se unir ao já criado grupo denominado Metaverse Standars Forum, formado por inúmeros players do mercado, entre elas, Adobe, Microsoft, Meta, Roblox, Google, Huawei, HTC, HP, Deloitte, Autodesk, Digital Twin Consortium, somado a outras dezenas de empresas que também focam em desenvolver um padrão para o metaverso.

Segundo Dirk Lueth, co-CEO da Upland, a OMA3 concentrará seus esforços em oportunidades e desafios que surgem especificamente de tópicos relacionados ao metaverso blockchain, tais como: padrões para tokens não fungíveis (NFTs), protocolos, identidade transferível, portais entre mundos virtuais, mapeamento e indexação. A OMA3 convida todos os criadores de plataformas metaversos baseadas em blockchain para participar.

Numa primeira análise, podemos observar que as grandes empresas se juntaram para definir um padrão a ser seguido. Por outro lado, os novos players do metaverso (Metaverse Standars Forum) estão criando uma nova aliança. Estamos acostumados a seguir as regras definidas pelos grandes players, as quais, nós usuários, temos pouco ou quase zero poder de decisão. 

No metaverso ideal e descentralizado, os sistemas seriam de co-propriedade entre os fundadores e usuários, nos quais nós teríamos direito ao voto para decidir os rumos de um jogo, por exemplo. Numa segunda análise, desta vez com um olhar mais crítico, torço para que este fórum de grandes empresas não resolva um dilema e crie outro, numa tentativa de replicar o blockchain com novas regras a serem seguidas. 

Explico: se o blockchain é um livro-razão público e transparente que não pode ser alterado por nenhuma das partes, por que tentar alterar este modelo se ele já existe, funciona e é descentralizado? Não queremos uma única empresa controlando a Web3.

Estamos nos primórdios tanto de definições quanto de possibilidades de negócios no metaverso. É natural que empresas tentem querer dominar uma nova tecnologia, ainda mais com a projeção de movimentação que o metaverso deve transacionar até 2024, cerca de US$ 1 trilhão. Porém, a Web3 já nasceu com o objetivo de descentralizar o controle, além de trazer uma nova experiência para os usuários que seja para o entretenimento, educação e novas formas de se fazer negócios. 

O novo sempre desperta curiosidade e encantamento, mas também faz com que os céticos se manifestem de forma incrédula. Sempre foi assim, mas o metaverso não tem volta.

Isso não significa que a Web3 irá substituir a Web 2.0. Continuamos escutando o rádio, assistindo TV, fazendo buscas no Google, acessando as mídias sociais e começando a entrar no metaverso, algo ainda desconhecido por muitos. No final do dia, o que muda é o tempo investido em cada um desses meios, dependendo do seu momento, interesse, faixa etária, segmento do seu negócio etc.

Esperamos que a interoperabilidade seja resolvida de forma correta e descentralizada. 

Além da interoperabilidade, temos outras questões relacionadas aos diferentes metaversos. Eles rodarão em equipamentos simples ou sofisticados?

Qual tecnologia será adotada? Realidade aumentada, óculos de realidade virtual ou mista ou navegador? Cada uma tem as suas vantagens e restrições. 

Aqui há um verdadeiro oceano azul para desenvolvedores e startups oferecerem as suas ideias e tentarem criar um possível padrão para plugar todas essas tecnologias. 

Nos vemos do outro lado!

*Fernando Godoy é empreendedor serial há mais de 25 anos em tecnologia e inovação nos EUA e no Brasil, especialista em experiências imersivas e metaverso, pioneiro na utilização da realidade aumentada, virtual e mista. Fundador da Flex Interativa e Cervejaria Leuven, autor dos livros Metodologia Startup Village e Revolução Metaverso (breve lançamento), palestrante, professor, mentor e investidor de startups.

As informações desta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação. 

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