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Não tente acertar o ‘timing’ do mercado

Esta prática de adivinhar as máximas e mínimas dos preços é muito tentadora, mas ao mesmo tempo inconsistente.

Tiago Reis

Muitos investidores acreditam que os ganhos no mercado financeiro se encontram nas negociações de curto prazo. Ou seja, vendendo e comprando ações em um curto espaço de tempo – dias ou semanas – buscando comprar na baixa e vender na alta. Esta prática de tentar adivinhar as máximas e mínimas do mercado para comprar na “hora certa” é o que chamamos de “market timing”. É muito tentadora, mas ao mesmo tempo muito inconsistente.

Até mesmo os investidores mais voltados para o longo prazo, muitas vezes, se sentem tentados a acertar os picos e fundos das ações, buscando sempre ter o maior retorno possível.

Christopher H. Browne, em seu livro “The Little Book of Value Investing” conta que em seus 35 anos dentro do mundo dos investimentos ainda não encontrou nenhuma estratégia de market timing que funcionasse consistentemente.

Assim, Browne chega à conclusão de que é melhor estar no mercado sempre. Investir em boas ações com grande potencial de retorno no longo prazo é uma estratégia mais consistente do que adivinhar o “market timing”.

Isto se dá porque, além da dificuldade de se obter retornos consistentes com o market timing, ainda se corre grandes riscos: entre 80% a 90% dos retornos obtidos em ações ocorrem entre 2% a 7% do tempo. Isto é, o retorno é muito concentrado nos dias com maiores altas.

Assim, o grande perigo para o investidor é tentar adivinhar o “timing” do mercado e acabar ficando de fora destes dias de alto retorno.

Para ilustrar esta ideia, um Estudo da American Century Investments simulou os retornos de um investidor que tivesse investido US$ 10 mil no mercado acionário americano entre 1990 e 2005 e como ficar fora destes “melhores dias” impactaria seu retorno:

  • Se manteve os investimentos no período – Retorno US$ 51.300;
  • Se perdeu os 10 melhores dias – Retorno US$ 31.900;
  • Se perdeu os 30 melhores dias – Retorno US$ 15.700;
  • Se perdeu os 50 melhores dias – Retorno US$ 9.030;

Assim, é possível observar o quão arriscado é tentar adivinhar o “timing” do mercado e acabar ficando de fora dos dias de maior retorno.

Browne diz: “Investir para o longo prazo é como voar de Nova York para Los Angeles. Por mais que você possa ter um de pouco de turbulência ao passar por Kansas, se seu avião estiver em bom estado, não tem motivo para pular fora”.

A mesma comparação vale para os investimentos: “Se seu portfólio for bem construído, um pouco de turbulência no mercado não é motivo para sair fora. Você chegará aos seus objetivos financeiros”, escreve Browne.

Esta analogia nos mostra que não se deve tentar evitar as quedas do mercado acionário, dado que elas são quase impossíveis de se prever. Mas investir focando no longo prazo, construindo um portfólio diversificado e de alta qualidade, e evitando tentar adivinhar as movimentações de curto prazo do mercado.

Willian Sharpe, ganhador do Prêmio Nobel de economia, descobriu que para um investidor que pratica o market timing ter os mesmos retornos que um que está sempre posicionado, ele deve estar certo em 82% do tempo.

Esta é uma estatística muito difícil de se atingir, para simplesmente se igualar a um investidor que apenas pratica o “Buy and Hold” (famosa estratégia de longo prazo).

Browne ainda aponta, baseado em outra pesquisa, que os riscos de se praticar o Market Timing são quase o dobro de seus retornos potenciais.

Com tudo isto em consideração, é valido concluir que investir é como uma maratona. Não se ganha tentando maximizar seu retorno de curto prazo, através da tentativa de acertar o “timming”, mas ao investir com consistência no longo prazo.

*A Suno Research é uma casa de análise especializada em conteúdo sobre investimentos e educação financeira para o pequeno investidor pessoa física.

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