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Primeira Marcha

Fiat fecha mais um ano no topo; GM é marca que mais cresceu em 2022

VW e Honda tiveram resultados ruins, enquanto ascensão de Peugeot e Citroën consolidam domínio da Stellantis.

O ano de 2022 não foi tão positivo como a indústria automotiva gostaria. Dados divulgados pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) indicaram queda de 0,85% no número de emplacamentos de automóveis de passeio e comerciais leves. Foram licenciadas 1.957.699 unidades no ano passado, contra 1.974.402 veículos registrados em 2021.

Longe de repetir os resultados de anos anteriores, sobretudo daqueles pré-pandemia, as fabricantes não projetam uma melhora para 2023. Até porque a crise dos semicondutores vem se arrastando e não há sinal de mudança no cenário neste ano. As incertezas também giram em torno de eventuais medidas do novo governo, que pode representar (ou não) um alento para as fabricantes de automóveis e comerciais leves.

Apesar disso, algumas empresas tiveram motivos para celebrar, como você verá a seguir.

Domínio da Stellantis e GM em alta

Boas notícias não faltaram no grupo Stellantis. A gigante formada pela fusão de FCA e PSA em 2021 fechou o ano com um ótimo desempenho no Brasil. Além da liderança absoluta da Fiat, a empresa viu Peugeot e Citroën registrarem as maiores evoluções nos volumes de vendas entre todas as montadoras estabelecidas no Brasil. Sobre as marcas francesas vou falar mais adiante. 

Embalada pelas vendas da Strada (que fechou mais um ano como o carro mais emplacado do país), a Fiat acumulou 430.202 emplacamentos de automóveis de passeio e comerciais leves. A boa performance da picape leve e de outros modelos, como o compacto Mobi e o SUV Pulse, fizeram com que a empresa abocanhar 22% do mercado nacional, ganhando 0,2 ponto percentual de participação em relação a 2021. Tudo isso mesmo com um volume 0,2% inferior ao registrado em 2021, quando emplacou 431.035 veículos.

Imagem de divulgação.

Logo atrás da Fiat vem a GM, que registrou o maior crescimento entre todas as fabricantes em 2022. A empresa ganhou quase três pontos percentuais de participação de mercado, graças ao bom desempenho de modelos como o Tracker, que fechou o ano como o SUV compacto mais vendido do país. A vice-líder emplacou 291.418 unidades, alta de 20,3% em relação a 2021, quando foi prejudicada pela crise dos semicondutores e fechou o ano com 242.108 unidades. As vendas de Onix e Onix Plus também impulsionam a Chevrolet na briga pelo topo.

VW perde participação

Independente de ocupar a terceira posição geral, a Volkswagen teve um ano para se esquecer. Dona da maior queda de participação em 2022, a montadora perdeu 1,6 ponto percentual de participação, e agora tem 13,7%. Nos emplacamentos houve queda de 302.270 veículos para 269.111 unidades. Importante lembrar que o panorama não é bom para a VW em 2023, uma vez que o Gol (o modelo mais vendido da empresa no ano passado) deixou de ser fabricado.

Situação bastante diferente vivem Toyota e Hyundai, respectivamente quarta e quinta colocadas. A primeira teve um significativo crescimento de 10,6% no número de emplacamentos, passando de 191 mil unidades, e ganhou um ponto percentual de participação de mercado ao ir para 9,8%. Já a Hyundai apresentou alta mais tímida, de 1,9% nos emplacamentos, com aumento de 0,3 ponto percentual em sua fatia na indústria – ou seja, chegando a 9,6%.

Apesar de ainda sustentar uma boa sexta colocação, a Jeep não foi bem no ano passado. Houve queda de 7,5% no número de emplacamentos, especialmente por causa do resultado do Renegade, que deixou de ser o SUV compacto mais vendido. Na participação de mercado, a marca perdeu 0,5 ponto percentual, e agora detém 7%.

Honda despenca nas vendas

Faz certo tempo que a Renault está longe da briga no topo. Em 2022, a empresa perdeu 0,7% do número de emplacamentos frente ao ano anterior. Porém, a marca manteve sua participação de mercado em 6,5%.

A Honda, por sua vez, amargou a maior queda nos emplacamentos entre as 12 montadoras mais bem colocadas. A marca, que havia licenciado 81.446 unidades em 2021, fechou o ano passado com 56.689 veículos vendidos. Ou seja, um declínio de expressivos 30,3% no volume total. Isso foi determinante para a perda de 1,2 ponto porcentual de participação de mercado, fazendo com que a Honda fique com 2.9%.

Leve em consideração as mudanças realizadas pela marca em seu portfólio. Apenas no ano passado, a Honda promoveu a despedida de dois sucessos de público e crítica (Fit e Civic). Além disso, as chegadas dos novos City Hatch, City Sedan e HR-V também influenciaram no desempenho da marca.

A Nissan teve queda de 17,3% nos emplacamentos e perdeu 0,6 ponto percentual na participação de mercado, enquanto a Caoa Chery obteve a 11ª posição mesmo com o forte declínio de 11,8% em volume de emplacamentos, que fez a empresa perder 0,2% de participação de mercado.

Peugeot e Citroën evoluem

Causou surpresa os bons resultados obtidos por Peugeot e Citroën. Mesmo afastadas das primeiras posições, as empresas tiveram os maiores crescimentos no número de emplacamentos entre todas as fabricantes nacionais.

O sucesso do 208, cujas vendas cresceram mais de 80% em relação a 2021, impulsionou a ascensão da Peugeot. A marca, que já havia emplacado 29.549 unidades no ano retrasado, encerrou 2022 com 41.767 veículos licenciados. Além do expressivo crescimento de 41% nos emplacamentos, a marca ganhou 0,6 ponto percentual de market share, e atualmente possui 2,1% do volume total vendido no país.

Mesmo caminho foi trilhado pela Citroën. A marca cresceu 37,5% no número de emplacamentos, passando de 23.354 unidades em 2021 para 32.121 veículos no ano passado. Isso fez a fabricante aumentar sua presença de mercado em 0,4%, subindo de 1,2% para 1,6%. Neste caso, o lançamento do novo C3, que teve mais de 10 mil unidades emplacadas em 2022, puxou os resultados.

Imagem de divulgação

Importante lembrar que as duas marcas estão sob gestão da Stellantis desde 2021, e já tinham apresentado bons números no primeiro ano do novo comando.

Goste ou não, fato é que Peugeot e Citroën devem obter resultados ainda melhores neste ano. A Peugeot deve lançar o 208 com motor 1.0 turbinado de origem Fiat, que substituirá o antigo 1.6 16V que equipa as versões mais caras do hatch. A marca também deve atacar na eletrificação com a estreia de novos modelos importados da Europa, embora ainda não haja confirmação de quais serão esses produtos.

O inédito SUV de sete lugares será a grande cartada da Citroën. Provisoriamente conhecido pelo codinome CC24, o carro é o segundo produto da estratégia C-Cubed, que prevê o lançamento de três modelos inéditos em três anos. Quem abriu a fila foi o novo C3 em 2022, e agora haverá espaço para um terceiro produto – possivelmente um sedã compacto. Investindo neles e em outros pontos importantes para ganhar a confiança do consumidor, como a qualidade e o custo dos serviços de pós-venda, é que a Citroën almeja chegar aos 4% de participação de mercado até 2024.

*Vitor Matsubara é jornalista automotivo e editor do Primeira Marcha. Tem passagens por Quatro Rodas, de 2008 a 2018, e UOL Carros, de 2018 a 2020.

As informações desta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação. 

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