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Primeira Marcha

Com investimento e fábricas, BYD e GWM abrem nova ‘invasão chinesa’ no Brasil

Marcas têm planos ambiciosos para fabricar carros híbridos e elétricos por aqui.

Foi entre o final dos anos 2000 e o começo da década de 2010 que as marcas chinesas vieram com tudo para o Brasil. Empresas como Chery, JAC, Lifan e várias outras fabricantes desembarcaram por aqui com planos ambiciosos.

De todas as montadoras que manifestaram intenção ou efetivamente iniciaram vendas no país, apenas as duas primeiras ainda possuem expressão no mercado nacional. E só a JAC Motors permanece sob mesma direção, administrada pelo empresário Sérgio Habib, que no passado trouxe marcas como Citroën, Jaguar e Aston Martin para cá.

A Chery, por sua vez, foi salva da falência pelo empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade que adquiriu metade das operações por aqui. A marca desembarcou no Brasil em 2009 pelas mãos de um grupo de empresários, mas sofreu para crescer. Mesmo assim, a Chery inaugurou sua primeira fábrica em 2014, em Jacareí (SP). A planta, aliás, foi “temporariamente” fechada pelo próprio grupo Caoa, hoje gerido pelos filhos de Oliveira Andrade, falecido em 2021.

Neste ano, porém, uma segunda “onda chinesa” veio de carona com a a eletrificação. Enquanto a Great Wall Motors (ou simplesmente GWM) anunciou um ambicioso plano de investimentos para a próxima década que inclui a produção de carros elétricos no país, a BYD voltou suas atenções para os automóveis de passeio de alto valor agregado. Importante lembrar que, embora esteja presente no Brasil desde 2014, até então a BYD só fabricava e vendia ônibus e chassis.

GTM tem metas ousadas

Imagem de divulgação.

Apesar de ser pouco conhecida por aqui, a GTM traçou um planejamento ousado para o Brasil. Tudo começou em agosto de 2021, quando a empresa adquiriu a combalida fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP). A planta, que havia sido inaugurada em 2016, funcionou apenas quatro anos antes de fechar as portas. Lá foram produzidos apenas dois modelos: o sedã Classe C e o SUV GLA.

No começo deste ano, a GWM não só inaugurou a repaginada fábrica como anunciou um robusto investimento de R$ 10 bilhões. O montante será dividido em dois momentos, com R$ 4 bilhões aplicados de 2022 a 2025 e os R$ 6 bilhões restantes entre 2026 e 2032. A promessa é de gerar 2 mil empregos diretos até 2025, um ano após o início da produção nacional de veículos.

O primeiro modelo nacional será o Haval H6, um SUV híbrido do tipo plug-in (em que é possível recarregar as baterias até em uma tomada convencional). O H6 é movido por dois motores elétricos e um motor 1.5 turbo a combustão. A potência combinada é de 393 cv e a promessa é de que será possível rodar mais de 1.000 quilômetros com tanque cheio e carga máxima das baterias.

Imagem de divulgação.

A Haval, aliás, será uma das três marcas que a GWM comercializará no Brasil. Além dela (cujo foco está nos SUVs), os chineses vão vender a linha de picapes Poer e a gama de utilitários esportivos de luxo da Tank.

Todos esses carros serão vendidos em uma grande rede de concessionárias. Até o momento, a marca já firmou contrato com 28 revendedores e terá 50 pontos de venda no país. A promessa é de cobrir 100% do território nacional e a meta é de abrir a primeira revenda até o fim do primeiro semestre de 2023.

BYD sonha alto com produção na Bahia

Imagem de divulgação.

Caso você não conheça, a BYD (cujo nome vem do acrônimo para “Build Your Dreams”, ou “Construa Seus Sonhos”) é uma das maiores fabricantes de veículos elétricos. Recentemente, a empresa conseguiu a façanha de superar a poderosa Tesla (TSLA34) – que, pasme, firmou até um acordo para comprar baterias da BYD.

Por aqui, a BYD está presente desde 2014 e possui até fábrica, onde produz módulos fotovoltaicos, baterias para veículos comerciais e chassis para ônibus elétricos.

Porém, foi só no final do ano passado que a empresa voltou suas atenções para os automóveis de passeio. A marca iniciou suas operações com o SUV de luxo Tan e pouco tempo depois apresentou o sedã Han e o monovolume D1, este destinado para o uso de motoristas de aplicativo. A cartada mais recente veio com a dupla Song Plus e o elétrico Yuan Plus – um híbrido plug-in e um elétrico que custarão os mesmos R$ 270 mil. 

Enquanto traça metas ambiciosas, que incluem chegar a 100 concessionárias até o final de 2023, a BYD pode anunciar a produção de automóveis no Brasil. Segundo informações do “Bahia Notícias”, a empresa deve confirmar a construção de três fábricas no estado da Bahia. A intenção é produzir automóveis de passeio, ônibus, caminhões e baterias. As obras seriam iniciadas em junho de 2023, com as primeiras linhas iniciando as atividades entre o final de 2024 e o começo do ano seguinte.

Embora ainda não haja definição, há chances de que a BYD aproveite o espaço do complexo da Ford em Camaçari, desativado há aproximadamente dois anos. Se não, a capital Salvador surge como alternativa.

Ainda é cedo para cravar se as incursões de GWM e BYD serão bem sucedidas. Mas, com planejamento e metas ambiciosas, são grandes as chances de as chinesas não terem o mesmo fim de muitas de suas conterrâneas – que há tempo já estão longe do Brasil.

*Vitor Matsubara é jornalista automotivo e editor do Primeira Marcha. Tem passagens por Quatro Rodas, de 2008 a 2018, e UOL Carros, de 2018 a 2020.

As informações desta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação. 

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