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Especial COP 28: o dedo na ferida climática

A escolha do local da COP28 foi extremamente controversa, escolheu-se a região do Golfo Pérsico, maior produtora de gás natural e petróleo do mundo.

A COP 28, Conferência climática da Organização das Nações Unidas que começou no dia 30 de novembro, vem cercada por diversos bastidores geopolíticos. Os dois principais são aqueles que cercam os anfitriões, os Emirados Árabes Unidos, e a relação dos Estados Unidos com a China. Em ambos os casos, será necessário colocar o dedo na ferida climático.

A escolha do local da COP 28 foi extremamente controversa, escolheu-se a região do Golfo Pérsico, maior produtora de gás natural e petróleo do mundo, e a controvérsia é justamente essa, a perplexidade de se colocar na liderança da conferência um país que não vai querer reprimir às emissões de metano e acabar com os combustíveis fósseis, substituindo por renováveis. 

Cúpula climática COP28 em Dubai 1/12/2023 REUTERS/Thomas Mukoya

Os críticos ainda aumentam essa perplexidade quando dizem que são economias baseadas em uma única fonte de recursos de extração e queima de combustíveis fósseis com padrões de vida alto e consumo contínuo de sua população, o que já mostra que a escolha possui um grau elevado de adversidade dos ambientalistas.

Mas, a defesa que se faz para essa escolha está no pensamento que norteou a ONU nessa decisão, foi usado o mesmo critério adotado pela FIFA na escolha do país sede da Copa do Mundo: usar a COP como um fator de incentivo ao atingimento das metas climáticas por esses países que se defendem dizendo que possuem metas climáticas ambiciosas. 

A meta do país anfitrião, os Emirados Árabes Unidos, é de atingir 30% de seu consumo energético até 2030 através de produção de energia renovável, chegando ao nível zero de emissão de gases poluidores até 2050. Nesse sentido, há duas semanas foi inaugurada uma das maiores usinas de energia solar do mundo com placas fotovoltaicas que cobrem uma área de 21 km², com capacidade para gerar 2 gigawatts e alimentar 160 mil residências, de acordo com os responsáveis pelo projeto. 

Mas, de qualquer forma, sendo o gás natural o maior responsável pela emissão de metano no mundo e o já anunciado aumento da produção de petróleo nos próximos anos pelas petrolíferas locais o país terá muito o que demonstrar para conseguir liderar com altivez essa conferência e terminá-la com tratados e ações concretas climáticas mundiais.

O outro bastidor cerca o encontro recente dos presidentes dos Estados Unidos e da China, Joe Biden e Xi Jinping. Os dois países são os maiores poluidores climáticos do mundo e concordaram em combater conjuntamente o aquecimento global, aumentando a energia eólica, solar e outras energias renováveis com o objetivo de substituir os combustíveis fósseis.

O acordo climático emergiu como um ponto positivo nas negociações que provavelmente se concentraram em temas sensíveis, incluindo Taiwan, a guerra na Ucrânia e a guerra entre Israel e o Hamas.

As declarações de cooperação divulgadas separadamente pelos Estados Unidos e pela China logo após o encontro dos presidentes não incluem uma promessa da China de eliminar gradualmente o seu uso pesado de carvão, o combustível fóssil mais sujo, ou de parar de permitir e construir novas centrais a carvão. Este tem sido um ponto de discórdia para os Estados Unidos em meses de discussões com Pequim sobre as alterações climáticas.

Mas, ambos os países concordaram em “prosseguir esforços para triplicar a capacidade de energia renovável a nível mundial até 2030”. Esse crescimento deverá atingir níveis suficientemente elevados “para acelerar a substituição da produção de carvão, petróleo e gás”, afirma o acordo. 

Especialistas dizem que esta é a primeira vez que a China concorda com metas específicas de emissões em qualquer parte da sua economia o que se transforma em um grande avanço para tentar limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius até 2050. 

Por fim, colocar o dedo na ferida é algo que deverá ser feito nessa COP com bastante contundência, até porque, além de tudo isso já falado, ainda terá que ser discutido concretamente quem financiará os países mais pobres rumo à descarbonização de suas economias. Vamos aguardar o início da Conferência Climática para ver o que acontecerá!

Alexandre Furtado é Presidente do Comitê de Informações ESG da Fundação Getúlio Vargas, Sócio e Diretor de ESG da Grant Thornton.

As informações desta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação. 

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