Pergunta: Como investir em dividendos para obter R$1 mil de renda mensal?
Resposta de Guilherme Baia*:
Pelo aspecto técnico, o investimento em dividendos é baseado no indicador Dividend Yield (DY), que diz basicamente quanto dinheiro é aplicado para que se obtenha uma determinada renda. Assim, para uma ação que tem DY de 10%, a cada R$ 1.000 aplicados, você obterá R$ 100 de renda periódica. O DY geralmente é dado em bases anuais, portanto, proporcionaria esses R$ 100 a cada ano.
Assim, seria necessário aplicar 120 mil reais para que se obtenha R$ 12.000 por ano, equivalente a R$ 1.000 por mês. Acontece que essa é a conta simples a ser feita. Na prática, no entanto, o mundo das finanças não tem linhas retas, mas sempre linhas muito sinuosas e dedutores de resultados que te levam a pensar mais no mundo real e ser um pouco mais conservador no mundo real, prático.
Dentre esses dedutores está a inflação, os custos de transação e o custo de oportunidade. A inflação vai fazer com que no mês seguinte aos primeiros R$ 1mil você precise de um DY maior para comprar as mesmas coisas. Os custos de transação idem.
Já o custo de oportunidade pode significar que você, ao se concentrar em gerar renda com seus investimentos em dividendos pode estar abrindo mão de buscar outras alternativas em geração de renda, seja por meio de outros investimentos no mercado financeiro, seja até por meio de investimentos na sua carreira.
Mas vale lembrar que nenhum DY é fixo e, no mercado brasileiro, não são tão confiáveis quanto os americanos ou europeus cujas divulgações antecipadas possuem bastante credibilidade. Não se espante, portanto, quando uma ação sequer pagar dividendos no trimestre seguinte à sua aplicação.
Vale a pena depender de dividendos?
Depender exclusivamente de dividendos pode não ser uma boa opção. Pensar que os investimentos devem ser fonte de renda pode ser perigoso também e expor você a riscos desnecessários.
A concepção ideal da sua vida financeira é que o seu trabalho gera a renda suficiente para constituir patrimônio e reservas e essas reservas o protejam hoje por meio da diversificação em classes de investimentos diferentes, devendo buscar a superação da inflação no longo prazo. Esta concepção se torna muito mais eficiente com o auxílio de um planejador financeiro que esteja ao seu lado fora de conflitos de interesses.
*Planejador da Fiduc
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