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Quais investimentos podem se beneficiar com a alta do IPCA?

Leitor pergunta se há oportunidades para investir com inflação subindo; envie sua pergunta.

Crédito

Pergunta de Ciro Eduardo: Com alta do IPCA, quais setores podem se beneficiar na renda variável?

Resposta de Wander Vicente*:

Assim como em 2020, o ano de 2021 mostra-se bastante desafiador para os investidores, sendo um dos pontos principais a definição de uma estratégia de investimentos. Algumas das perguntas que mais recebo são perguntas como:

  • “Como você vê o mercado hoje, no que você me recomenda investir?”
  • “Qual é o investimento mais seguro e que traz a maior rentabilidade?”
  • “E essa inflação, o que faço com meus investimentos?”

A interpretação isolada e pontual do cenário econômico e seus indicadores econômicos (câmbio, juros, inflação, PIB etc.) pode mais atrapalhar do que ajudar o investidor na hora de proteger seus investimentos ou buscar melhores opções no mercado.

Decisões de investimentos baseadas em momentos pontuais de mercado são mais prejudiciais do que benéficas no longo prazo para o investidor. Muitos investidores perdem muito dinheiro ao tentar “acertar o timing” de mercado. Buscam “a hora certa” de investir no produto financeiro certo.

Nesta perspectiva de curtíssimo prazo e, fazendo uma leitura dos indicadores econômicos, em tese, os títulos de renda fixa indexados ao IPCA vão ajudar seu portfólio em momentos pontuais de alta inflação, pois remuneram baseados na inflação mais um prêmio, correto? Isso não é uma verdade absoluta! Cada vez que o Banco Central aumenta a Selic (prática bem comum nos últimos meses), esses papéis sofrem marcação a mercado e o investidor perde dinheiro se precisar resgatar antes do vencimento.

Outra perspectiva de curtíssimo prazo é olhar a renda variável com foco em empresas com contratos indexados à inflação, como concessões públicas (exemplo energia elétrica) ou mesmo o setor de alimentos e bebidas, onde os preços são repassados ao consumidor e impactam na receita financeira dessas empresas, correto? Não!

As concessões públicas podem sofrer com aumento da inadimplência, assim como as empresas do setor de alimentos podem ser impactas com a mudança no padrão de compra do consumidor para se adequar à nova realidade de preços.

Engana-se quem pensa que a alta da inflação, no final, pode ser algo positivo para o mercado de investimentos. 

Você percebeu que fazer uma leitura isolada e de curto prazo pode prejudicar os seus investimentos? Então, a melhor resposta para sua pergunta é seguir 4 boas práticas de um bom investidor:

1. Tenha uma carteira diversificada de investimentos – regra básica de todo bom investidor, independente do momento de mercado, ter uma carteira diversificada que vai trazer resultados consistentes no longo prazo, pois você irá aproveitar o melhor de cada setor em momentos de alta no mercado e ainda irá se proteger quando um ou mais setores estiverem enfrentando dificuldades;

2. Gestão profissional com alinhamento de interesses – se você precisa se concentrar naquilo que está no seu controle, uma opção é deixar que empresas e profissionais de mercado, comprometidos em proteger e alavancar o seu patrimônio financeiro, avaliem as melhores práticas de investimentos e te apresentem uma estratégia consistente para atingir seus objetivos. Empresas que atuam de forma fiduciária, por exemplo, atrelam a remuneração diretamente aos resultados.

3. Resultados rápidos normalmente conflitam com resultados consistentes – a maior parte das pessoas concentra-se na visão de curto prazo, desejando resultados para ontem (claramente representa a ampla maioria da nossa população), enquanto uma parcela menor e financeiramente mais formada entende que resultados sólidos são construídos no longo prazo, pelo menos os sustentáveis!

4. Um dos maiores perigos na hora de investir não está associado com o mercado, mas sim com o seu comportamento como investidor. O medo de perder, a ganância por ganhar, a busca por resultados rápidos, querer ganhar sempre, ter investimentos “da moda” e que não estão alinhados com seu perfil, ouvir especialistas que não são tão especialistas assim etc. Cuidado com o que você vê e escuta! Isso pode influenciar a forma como você julga o cenário e as decisões que você toma. Busque educação financeira para que as decisões que você toma não te prejudiquem mais do que ajudem.

Colocar essas 4 boas práticas em ação irá te ajudar a conquistar melhores resultados em objetivos de longo prazo, independente de uma inflação atípica no curto prazo.

Veja também:

*Planejador Financeiro na Fiduc

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