* ARTIGO
Os dados mais recentes da Chainalysis lançam uma nova luz sobre o panorama atual das criptomoedas, revelando que, embora a utilização global desses ativos tenha diminuído, os países de renda baixa e média estão liderando a adoção da tecnologia.
O método da empresa para medir a adoção de criptomoedas envolveu a análise de 13 bilhões de interações na web em busca de cinco categorias de atividades relacionadas a criptomoedas.
Segundo o relatório, a Índia emerge como líder global na adoção de criptomoedas, seguida de perto pela Nigéria e pelo Vietnã. Ao passo que essas nações representam uma parcela significativa da população mundial — aproximadamente 40% —, tal descoberta é particularmente interessante quando se pensa no futuro das criptomoedas.
Por outro lado, a América do Norte, notadamente os Estados Unidos, mantém uma posição destacada quando se trata do volume de transações. Cerca de um quarto de todas as transações realizadas em exchanges são atribuídas à região
No entanto, mesmo com sua predominância em termos de volume, a região norte-americana experimentou uma queda significativa no volume de transações institucionais a partir de abril, que pode ter sido impactada pelo aumento da taxa de juros pelo Fed.
Especificamente, a participação das stablecoins registrou uma redução notável, caindo de 70,3% em fevereiro para 48,8% em junho. O setor de finanças descentralizadas (DeFi) também diminuiu de mais de 75% em agosto de 2022 para menos de 50% em julho de 2023 o volume ponderado de negociações.
Destaques regionais
Além da América do Norte, liderada pelos EUA, na Ásia Central e Meridional e na Oceania, a Índia se destaca como líder, com o Vietnã, terceiro maior país do mundo com adoção das criptomoedas, ocupando a segunda posição na região.
No Oriente Médio e no Norte da África, a Turquia assume um papel de destaque no tráfego da web relacionado a tokens não fungíveis (NFTs), enquanto a Arábia Saudita lidera o crescimento global de transações, com um aumento de 12%.
Quando se trata da África Subsaariana, região marcada pela pobreza e pela desigualdade social, a Nigéria, que notavelmente tem o maior PIB nominal da região, é o único país de destaque.
Já na América Latina, Argentina e Brasil são os protagonistas no volume de transações.
Contra o caos, cripto
Em economias fragilizadas, as criptomoedas emergem como uma tábua de salvação para muitos indivíduos. Juntando o útil ao agradável, o relatório da Chainalysis deixa claro que os ativos digitais estão sendo adotados como uma forma de resistência à economia fraca e como uma salvaguarda contra a desvalorização resultante da inflação e das incertezas econômicas regionais.
A natureza descentralizada das criptomoedas permite que as pessoas controlem seus próprios ativos financeiros, independentemente das políticas econômicas instáveis de seus governos. Em países com moedas instáveis e inflação descontrolada, elas oferecem uma alternativa fácil para se expor a uma moeda mais forte, assim como para evitar possíveis confiscos monetários.
Não menos importante, as transações rápidas e de baixo custo oferecidas por elas se tornam particularmente valiosas em regiões onde os sistemas bancários tradicionais são ineficientes ou inacessíveis.
*As informações, análises e opiniões contidas neste artigo são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews.