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Economia

3 fatos para hoje: Braga será relator da reforma; avaliação Haddad e JBS

65% do mercado aprovam trabalho do ministro da Fazenda. Maior produtora de carnes do mundo vai propor lista de ações no Brasil e EUA.

Braga será o relator da Reforma Tributária; Pacheco nega ‘fatiamento’

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse nesta terça (11), que os senadores concordam com o mérito da reforma tributária, mas que poderão ser feitos “ajustes no texto”. Ele confirmou ainda que a relatoria da proposta na Casa ficará com o senador Eduardo Braga (MDB-AM), responsável pelos pareceres do projeto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e no plenário.

As negociações para a escolha de Braga avançaram durante a noite de segunda. Braga é líder do MDB no Senado, partido que lidera o segundo maior bloco partidário da Casa, formando ainda por União Brasil, Podemos, PSDB e PDT.

“Temos muitas expectativas (com a reforma tributária) e concordamos com o mérito. Ajustes podem ser feitos, mas temos o senso de urgência, da importância e relevância. O Senado cuidará de aprová-la nos próximos meses”, disse ele, após se reunir com os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e do Planejamento, Simone Tebet.

Texto fatiado

O presidente do Senado negou ainda a intenção de fatiar o projeto como forma de acelerar a aprovação dos pontos já de consenso entre os setores. Essa possibilidade foi antecipada na segunda-feira por Eduardo Braga, ao dizer que “sempre é possível que o texto comum possa ser promulgado, enquanto o controverso siga (em discussão)”. Ele ressaltou, no entanto, que até então Pacheco não havia conversado com os partidos sobre a proposta.

“Não temos nenhuma intenção de fatiar a reforma”, respondeu o presidente do Senado. “É importante que haja uma inteireza considerando o sistema tributário, é muito importante que haja uma inteireza de raciocínios de institutos que se complementam. É uma lógica única. Muito importante que seja entregue a reforma e promulgada a reforma tributária no País.”

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad 10/04/2023 REUTERS/Ueslei Marcelino

Avaliação do mercado financeiro sobre Haddad e perspectivas para economia têm melhorado

A avaliação positiva do trabalho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pelo mercado financeiro mais que dobrou em julho na comparação com maio, passando a 65%, mostrou a pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (12), em meio à aprovação da reforma tributária e da volta do voto de qualidade para o governo no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) pela Câmara dos Deputados.

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No levantamento anterior, realizado em maio, 26% dos enxergavam o trabalho do ministro como positivo, enquanto 37% consideravam negativo, a mesma fatia dos que o viam como regular. Na sondagem mais recente, a avaliação negativa caiu para 11% e regular, 24%.

A nova pesquisa, realizada pela Quaest e contratada pela Genial Investimentos, mostrou também que a expectativa de melhora da economia nos próximos 12 meses passou para 53%, ante 13% em maio, enquanto a previsão de piora foi a 21%, ante 61% –os que esperam que a economia se mantenha como está permanecendo em 26%.

Os agentes do mercado financeiro também responderam que enxergam positivamente a atuação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, desde o início deste ano, com 86% avaliando o trabalho do chefe da autarquia como positivo, ao passo que 7% consideram regular, a mesma porcentagem dos que consideram negativo.

Sobre a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 13,75% ao ano, 56% esperam um corte de 0,25 ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em agosto. Para 32%, o Copom vai reduzir a taxa em 0,50 ponto percentual, enquanto 7% esperam manutenção. Já outros 4% acreditam em uma elevação de 0,25 ponto percentual e 1% veem um corte maior do que 0,50 ponto.

A pesquisa ouviu 94 fundos de investimento com sede em São Paulo e Rio de Janeiro, entre 6 e 10 de julho, período no qual os deputados aprovaram a reforma tributária e a volta do voto de desempate a favor do governo no Carf, última instância de recursos administrativos contra punições impostas pela Receita Federal.

Sobre a reforma tributária, a pesquisa mostrou que o mercado vê fatores mais positivos na questão da diminuição da guerra fiscal entre os Estados (77%), para o setor industrial (71%) e para a geração de empregos (52%). O setor de comércio e serviços lidera os efeitos negativos, com 55%.

Questionados sobre qual o principal problema que dificulta a melhora da economia hoje, 45% dos ajudados citaram a falta de uma política fiscal que funcione, 21% apontaram para a baixa escolaridade e produtividade da população, 19% mencionaram interesses eleitorais e 11% falaram da alta taxa de juros.

A Quaest mostrou também uma aproximação na porcentagem entre os que acreditam que a política econômica do país está no caminho certo e os que pensam o contrário, com 53% avaliando agora que a economia está indo na direção errada, ante 90% na última sondagem, e 47% respondendo que a economia está na direção certa, contra 10% na mesma comparação.

Quase todos os tolerados — 94% — também informaram que a decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) de manter em 2026 a meta de inibição já vigente para 2024 e 2025, de 3%, com 1,5 ponto percentual de tolerância para mais ou para menos, foi certo.

Na ocasião, Haddad também anunciou que o governo decidiu adotar uma meta de sobrevivência “contínua” a partir de 2025. Para 81% dos voluntários, a adoção do novo sistema de meta de conversação contínua é positiva, enquanto 19% viram a mudança como negativa .

A pesquisa Genial/Quaest teve como público-alvo gestores, economistas, analistas e tomadores de decisão do mercado financeiro e a coleta dos dados foi realizada por meio de entrevistas online.

Logo da JBS em unidade em Jundiaí. REUTERS/Paulo Whitaker/File Photo

JBS anuncia listagem dupla, no Brasil e nos EUA, para acelerar estratégia de crescimento

A JBS (JBSS3), maior produtora de carnes do mundo, acaba de propor uma lista de ações no Brasil e nos Estados Unidos, visando ampliar sua capacidade para investir e crescer com menor custo de capital, informou a empresa nesta quarta-feira (12) em fato relevante.

A proposta, registrada nesta quarta-feira no órgão regulador de mercados dos Estados Unidos (SEC), fará com que sua estrutura de capital reflita melhor a plataforma global da empresa, e abre caminho para destravar o valor das ações, que hoje são negociadas a detalhado abaixo da rival Tyson Foods e Pilgrim’s Pride, que é controlada pela própria JBS.

O CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni, afirmou à Reuters que a operação, há muito aguardada pelo mercado, tem o mesmo “potencial transformacional” de quando o grupo abriu capital, em 2007, “que permitiu à companhia fazer um crescimento e se tornar a maior empresa de proteínas do mundo”.

Ele enfatizou que a dupla listagem não é uma oferta de ações (IPO) nos EUA, como foi cogitado no passado.

Para o CEO, a empresa aumentará a flexibilidade para acelerar sua estratégia de crescimento, que inclui ampliar sua participação no mercado de salmão, crescer na Europa, expandir a diversificação e a oferta de produtos de valor agregado e marcas.

Com a listagem dupla e uma maior base de investidores, a JBS poderá ter o “patrimônio líquido” como fonte de atração de capital. Segundo o CEO, uma eventual nova oferta de ações ocorreria sem grande diluição de valor para os acionistas, já que se espera que os papéis da companhia se valorizem ao longo do tempo.

“Pode fazer uma aquisição transformacional, porque tem um mercado que vai permitir. Se for o caso, fazer um ‘follow-on’ (oferta subsequente de ações) lá na frente. Não tem nada planejado, mas obviamente essa estrutura permite que a gente possa fazer”, afirmou.

“Aí as ações vão estar valorizadas, acreditam, e vão fazer uma emissão, vão diluir muito menos os investidores”, disse Tomazoni.

Neste caso, a empresa ainda teria acesso a uma base de investidores muito maior, uma vez que muitos só podem fazer aquisições de ações de empresas listadas na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE).

“Isso permite que a companhia possa fazer movimentos estratégicos… sem aumentar o seu endividamento”, disse o CEO, lembrando que o fato de não estar listado nos EUA aumenta seu custo de capital em relação a concorrentes.

A proposta de lista dupla ainda tem que ser observada à assembleia geral extraordinária, sem data para ocorrer.

Mas executivos da JBS acreditam que as novas ações da empresa poderão estar sendo negociadas em dezembro deste ano em Nova York, se tudo correr conforme o programado.

O CFO da JBS, Guilherme Cavalcanti, disse que o múltiplo da companhia é de 5,9 vezes (considerando o valor da empresa/Ebitda), enquanto a Pilgrim’s tem múltiplo de 9,3 vezes, e concorrente nos EUA Tyson Foods conta com 11 ,5 vezes.

“O nosso é menor até mesmo que o da Pilgrim’s… se a gente conseguir capturar o múltiplo da Pilgrim’s, o nosso patrimônio, o valor da ação, poderia mais que dobrar. E se conseguirmos capturar o múltiplo Tyson, tem potencial mais que triplicar”, afirmou Cavalcanti.

Operação

A JBS, com faturamento anual de R$ 375 bilhões, operações industriais e escritórios comerciais em 24 países e exportação de produtos para mais de 190 países, terá Brazilian Depositary Recipts (BDRs) Nível II negociados na bolsa B3, últimos nas ações Classe A listadas na NYSE.

A operação também prevê que os investidores possam optar por deter ações classe B, que não serão negociadas nas bolsas, mas terão maior poder de voto.

Segundo Tomazoni, a transação dá direitos políticos igualitários aos acionistas, controladores ou minoritários, e todos poderão converter suas ações pelas regras colocadas.

A estrutura operacional da JBS será mantida, e São Paulo continuará sendo a sede da companhia, apesar da maior parte do faturamento ter origem nos EUA.

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