Esta quarta-feira (25), feriado na capital paulista, terá o funcionamento normal da B3. Dia de agenda macro esvaziada com o mercado de olho no encontro de Lula com o presidente do Uruguai, Lacalle Pou, e nos resultados do quarto trimestre das empresas listadas nos EUA.
O dia é marcado pela expectativa do balanço da Tesla (TSLA34). Agentes do mercado prevem que os resultados virão mais fortes do que os reportados no terceiro trimestre. Boeing e IBM também vão divulgar seus resultados. Pelo menos 70 companhias listadas no S&P 500 já apresentaram seus balanços ao mercado. Veja mais destaques abaixo:
1 – Brasil vai negociar com Uruguai em visita de Lula para preservação do Mercosul
O governo brasileiro tentará encontrar durante a visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Montevidéu uma saída diplomática para preservar o Mercosul, que se vê ameaçado pela decisão do Uruguai de negociar acordos de livre comércio à revelia do bloco, em especial com a China.
Depois do presidente uruguaio, Luís Alberto Lacalle Pou, afirmar em entrevista durante a Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) que não pretende desistir das negociações extra-bloco, o embaixador Celso Amorim –assessor especial de Lula– disse que é preciso respeitar as demandas do Uruguai e encontrar formas de atender interesses, mas sem prejudicar o Mercosul.
“Nossa posição é que prezamos muito a relação com o Uruguai, é um exemplo de civilidade em várias questões, mas achamos que o Mercosul deve ser preservado”, disse Amorim a jornalistas às margens da Celac. “Eles podem ter questões a colocar, de que não tiram os benefícios que poderiam ter. Vamos ter uma primeira conversa.”
No governo brasileiro, o espírito é de negociar e oferecer benefícios ao país para que a manutenção do bloco intacto seja mais interessante que um eventual tratado de livre comércio extra-bloco. Amorim fala, por exemplo, em integrar melhor o país nas cadeias produtivas do Brasil e da Argentina, países com economia maior no bloco.
Em entrevista ao final de sua participação na Celac, Lacalle Pou, deixou claro que não pretende recuar das negociações com a China. Admitiu apenas que, se o Mercosul tiver uma proposta que supere os benefícios do acordo, poderá analisar.
“A decisão uruguaia é avançar em um Tratado de Livre Comércio. Se for com o Mercosul é melhor, todo mundo sabe da força que Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina podem ter juntos, e se não for assim, o que fizemos até o momento é avançar em um estudo de factibilidade com a China que teve resultados positivos e estamos para começar a negociar bilateralmente com a China”, disse o presidente uruguaio em entrevista durante a Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac).
As regras do Mercosul impedem que seus membros façam acordos comerciais independentes com outros países. Incomodado com a falta de vontade de outros países do bloco em avançar em alguns acordos comerciais –especialmente com a China, que teria a capacidade de inundar a região com seus produtos– o presidente uruguaio decidiu tocar adiante sozinho uma tentativa de acordo.
“Não é com a China, é Uruguai aberto ao mundo. Neste caso a China é o sócio comercial, mas poderia ser com os EUA, com Turquia, como pode ser a decisão do Tratado Pacífico. O Uruguai precisa se abrir ao mundo”, disse Lacalle Pou.
A posição uruguaia desagradou todos os demais países, mesmo o Brasil ainda durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, um crítico das limitações impostas pelo Mercosul. Já no governo Lula, o chanceler brasileiro Mauro Vieira afirmou, em entrevista à Folha de S.Paulo, que a insistência do Uruguai em fechar o acordo com a China destruiria o bloco.
“É possível atender interesses, a gente respeita que possam ter demandas, mas queremos preservar o Mercosul”, afirmou Amorim.
Cuba
O presidente teve na terça-feira (24) quatro encontros bilaterais, o mais esperado deles com o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, a quem Lula confirmou que o Brasil vai voltar a condenar o bloqueio imposto pelos Estados Unidos ao país caribenho desde a década de 60.
Em 2019, pela primeira vez o Brasil reverteu uma posição histórica de condenação, nas Nações Unidas, para votar contra a Cuba e com os Estados Unidos, em um alinhamento de Jair Bolsonaro com o então governo de Donald Trump que não havia ocorrido nem mesmo durante a ditadura militar.
“É sobretudo a retomada que significa a normalização das relações. Vamos continuar como sempre fizemos”, disse Amorim.
Durante o governo Bolsonaro as relações diplomáticas não chegaram a ser cortadas, mas foram esvaziadas, com a embaixada brasileira funcionando apenas com um encarregado de negócios. Um novo embaixador deve ser indicado em breve.
Amorim disse ainda que Lula pretende reabrir embaixadas, aos poucos, que foram fechadas durante o governo Bolsonaro.
2 – Logitech espera que cautela de consumidores seja temporária
A Logitech International disse nesta terça-feira esperar que a queda nos gastos dos clientes corporativos, que afetou as vendas da companhia no terceiro trimestre, seja temporária, depois que a fabricante de acessórios de computador sofreu um declínio acentuado no resultado do período.
A fabricante de mouses, teclados e equipamentos de videoconferência disse que a receita caiu 22% nos três meses encerrados em dezembro, confirmando seus resultados preliminares.
O presidente-executivo, Bracken Darrell, disse que a crise reflete a situação econômica global mais difícil e espera que os gastos dos consumidores aumentem novamente.
“Isso é temporário e acabará voltando”, disse Darrell à Reuters em entrevista. “Não posso dizer quando, mas o crescimento continuará.”
“No final das contas, isso faz parte do ciclo. Tivemos um ciclo longo e forte de crescimento e agora estamos em um ciclo de ajuste”, acrescentou.
As vendas da Logitech nos três meses encerrados em dezembro caíram para 1,27 bilhão de dólares. Os números preliminares da empresa publicados em 11 de janeiro mostraram que a receita seria de entre 1,26 bilhão e 1,27 bilhão de dólares. O lucro operacional caiu 32%, para 204 milhões de dólares.
3 – Honda vai criar divisão para acelerar eletrificação
A Honda disse nesta terça-feira que criará uma nova divisão em uma tentativa de fortalecer e acelerar o desenvolvimento de veículos elétricos, como parte de uma revisão de sua estrutura organizacional.
A reestruturação faz parte da tentativa da montadora de alcançar o mercado de veículos totalmente elétricos, liderado pela norte-americana Tesla e pela chinesa BYD. As montadoras japonesas correm o risco de ficar para trás de seus rivais europeus e norte-americanos no mercado de veículos elétricos.
Em mudanças que entram em vigor partir de 1º de abril, a nova divisão consolidará a estratégia de eletrificação da montadora japonesa e o desenvolvimento de automóveis, motocicletas e produtos de energia, como geradores, afirmou a companhia.
No ano passado, a Honda estabeleceu uma meta de lançar 30 modelos de veículos elétricos globalmente e produzir cerca de 2 milhões de unidades por ano até 2030.
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