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Economia

3 fatos para hoje: Lula critica Lemann e autonomia do BC; lucro da Ford cai

E mais: atividade empresarial da zona do euro volta a crescer em janeiro, aponta PMI

1 – Lula sinaliza possível mudança na autonomia do BC e critica Lemann por Americanas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na quinta-feira (2) que pode buscar rever a autonomia do Banco Central quando terminar o mandato do atual presidente da instituição, Roberto Campos Neto, e criticou o empresário Jorge Paulo Lemann pela crise envolvendo a Americanas (AMER3) após a revelação de um rombo contábil na varejista.

“Quero saber do que serviu a independência. Eu vou esperar esse cidadão (Campos Neto) terminar o mandato dele para a gente fazer uma avaliação do que significou o banco central independente”, disse Lula em entrevista à RedeTV.

Questionado se poderia haver mudança em relação à autonomia, o presidente da República confirmou. “Eu acho que pode, mas… quero dizer que isso é irrelevante para mim. Isso é irrelevante, isso não está na minha pauta. O que está na pauta é a questão da taxa de juro”, disse.

Lula tem criticado a taxa e juros e a independência do BC com frequência, afirmando que a instituição não faz mais agora do que quando seu presidente era trocado sempre que um novo governo assumia. Durante a campanha, no entanto, Lula afirmou mais de uma vez que não pretendia propor, ao menos inicialmente, uma legislação que revertesse a independência do BC.

A independência do Banco Central foi aprovada pelo Congresso e sancionada pelo então presidente Jair Bolsonaro em fevereiro de 2021. Os mandatos do presidente e dos diretores do BC, com duração de quatro anos, não coincidem com os do presidente da República, de forma que os governos que tomam posse tenham de conviver por mais algum tempo com autoridades monetárias indicadas pela gestão anterior.

Indicado por Bolsonaro, Campos Neto permanecerá no cargo até dezembro de 2024.

Americanas

Durante a entrevista à RedeTV, Lula também criticou o empresário Jorge Paulo Lemann pela crise envolvendo a Americanas após a revelação de um rombo contábil na varejista.

“Esse Lemann era vendido como suprassumo do empresário bem-sucedido no planeta Terra. Ele era o cara que financiava jovens para estudar em Harvard para formar um novo governo. Ele era o cara que falava contra a corrupção todo dia. E depois ele comete uma fraude que pode chegar a R$ 40 bilhões? As pessoas vendem uma ideia, sabe, que eles não são na verdade”, disse o presidente.

“E o que eu fico chateado…é o seguinte: é que qualquer palavra que você fale na área social, qualquer palavra que você fala ‘eu vou aumentar o salário mínimo 10 centavos, nós vamos corrigir o imposto de renda, nós vamos melhorar os pobres’, o mercado fica nervoso, o mercado fica muito irritado. E agora um deles joga fora 40 bilhões… de uma empresa que parecia ser uma empresa mais saudável do planeta e esse mercado não fala nada”, acrescentou.

A Americanas, que tem o trio de bilionários da 3G Capital formado por Lemann, Carlos Sicupira e Marcel Telles como acionistas de referência, revelou em janeiro inconsistências contábeis de cerca de R$ 20 bilhões.

Os empresários brasileiros Carlos Alberto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Herrmann Telles
Os empresários brasileiros Carlos Alberto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Herrmann Telles. Foto: Divulgação.

O fato gerou uma crise que levou à recuperação judicial da varejista, diante de dívidas que ultrapassam os R$ 40 bilhões. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu processos de investigação para apurar eventos ligados a Americanas.

Não foi possível contactar de imediato um representante de Lemann para comentar a declaração de Lula.

2 – Lucro trimestral da Ford cai e ações recuam

A Ford informou nesta quinta-feira que seu lucro do quarto trimestre caiu no comparativo anual, e citou problemas na cadeia de suprimentos e “instabilidades” de produção que elevaram os custos, juntamente com volumes abaixo do esperado.

O lucro do ano ficou aquém das expectativas e as ações da Ford caíam mais de 6% no pós-mercado.

“Devíamos ter feito muito melhor no ano passado”, disse o presidente da Ford, Jim Farley, em comunicado. “Deixamos sobre a mesa cerca de 2 bilhões de dólares em lucros que estavam sob nosso controle”.

O diretor financeiro, John Lawler, disse que a Ford pretende devolver de 40% a 50% do fluxo de caixa livre aos acionistas neste ano. Mas a empresa espera que o fluxo de caixa livre ajustado caia para cerca de 6 bilhões de dólares em 2023, ante 9,1 bilhões no ano passado.

A Ford espera lucro anual ajustado antes de impostos de US$ 9 bilhões a US$ 11 bilhões. O lucro ajustado da empresa em 2022 foi de US$ 10,4 bilhões, aquém da projeção da empresa de 11,5 bilhões.

A Ford teve queda no lucro do quarto trimestre para US$ 1,3 bilhão, de 12,3 bilhões no mesmo período de 2021. A receita subiu de 37,7 bilhões para US$ 44 bilhões em um ano, e o lucro ajustado antes de impostos foi de 2 bilhões para US$ 2,6 bilhões.

3 – Atividade empresarial da zona do euro volta a crescer em janeiro, aponta PMI

A atividade empresarial na zona do euro voltou a crescer em janeiro, de acordo com uma pesquisa que sugeriu que a economia do bloco pode novamente escapar de uma contração neste trimestre e que a retomada pode acelerar.

No último trimestre de 2022, a zona do euro conseguiu evitar uma recessão, já que o Produto Interno Bruto expandiu 0,1%, mostraram dados da Eurostat na terça-feira, superando as expectativas em uma pesquisa da Reuters de uma queda de 0,1%.

O Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) Composto da S&P Global, visto como um bom indicador da saúde econômica geral, subiu para um pico de sete meses de 50,3 no mês passado, de 49,3 em dezembro, pouco abaixo da leitura preliminar de 50,2.

Janeiro foi o primeiro mês em que o índice ficou acima da marca de 50 desde junho.

“Uma retomada do crescimento da produção empresarial, mesmo marginal, é uma notícia bem-vinda e sugere que a zona do euro pode escapar de uma recessão”, disse Chris Williamson, economista chefe de negócios da S&P Global Market Intelligence.

“Com as pressões sobre os preços em queda acentuada nos últimos meses, as restrições de fornecimento aliviadas e as preocupações a curto prazo do mercado de energia aliviadas por subsídios, preços mais baixos e um inverno quente, a confiança das empresas também aumentou, elevando as expectativas de que a retomada se concretizará nos próximos meses”, acrescentou ele.

Embora a demanda tenha caído novamente, o índice de novos negócios se aproximou muito mais do ponto de equilíbrio e, com as empresas aumentando o otimismo sobre o ano à frente, ele atingiu o ponto mais alto desde abril. O índice de produção futura saltou de 55,5 para 60,4.

A atividade no setor de serviços do bloco também voltou a crescer no mês passado, com uma recuperação modesta da demanda. O PMI de serviços subiu de 49,8 para 50,8 no mês passado, sua primeira vez acima de 50 desde julho.

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