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Economia

Após anúncio de plano para as contas, mercado segue projetando déficit no ano

Haddad diz que aprovação de pacote poderia gerar superávit já em 2023, mas ‘pode haver frustração’.

Após o anúncio do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de medidas para tentar zerar o déficit das contas públicas ainda em 2023, a expectativa do mercado segue contemplando um rombo fiscal neste ano. Apesar de enxergarem algumas sinalizações positivas no anúncio, especialistas ouvidos pelo InvestNews apontam que faltou clareza sobre os planos do governo. 

Haddad anunciou a criação de um plano que prevê um ajuste de R$ 242 bilhões nas contas públicas, entre reestimativa de receitas e redução de despesas. O déficit previsto para as contas públicas em 2023 é de R$ 231 bilhões, segundo o Orçamento aprovado pelo Congresso. O pacote prevê um superávit primário de R$ 11,13 bilhões, o equivalente a 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB).

Segundo o ministro, se adotadas de forma integral como apresentadas pelo governo, as medidas podem zerar o rombo das contas públicas já em 2023. No entanto, não há expectativa de que isso, de fato, ocorra. “A meta de cada ação zera o déficit”, diz Haddad. “Contudo, nós sabemos que pode haver frustração“.

Para o economista André Perfeito, “esse disclaeimer do ministro é um bom sinal, uma vez que afirma uma forte determinação da Fazenda e do Planejamento em perseguir o saneamento das contas públicas, mas também se evidencia pela ausência de detalhes que ainda não se sabe ao certo o quanto de fato pode ser feito”.

“Provavelmente parte do mercado vai achar tímidas as medidas anunciadas uma vez que não tem de fato efeito imediato, mas achei prudente por parte dos ministros essa postura, uma vez que a elevação da receita e o corte de despesas será feito de maneira cautelosa”, analisa Perfeito.

Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, avalia que, “em suma, as medidas vão no caminho correto, em busca de uma saúde financeira maior para a nação”. 

“No final, Haddad disse que usa como meta de resultado para esse ano entre 0,5% do PIB e 1,0% do PIB. Por enquanto, nossa perspectiva de que o déficit primário do governo geral será da ordem de R$ 133 bi é o cenário mais provável, o que equivale a 1,24% do PIB, projetado em 1,2% para este ano na Ativa.”

Para  Marcelo Boragini, sócio da Davos Investimentos e especialista em renda variável, “o plano surpreendeu pelo montante, além de ser muito otimista  ao sugerir a possibilidade de atingir um superávit primário de R$ 11 bi”. “A leitura é positiva, mas muito desafiadora. Talvez o mercado não acredite que esses números vão ser atingidos“, diz ele. 

“Mesmo porque o aumento de receitas depende muito da economia e, como podemos observar, a economia está desacelerando. Dessa maneira, atingir superávit é extremamente desafiador”, diz Boragini.

O que faltou no discurso

Os especialistas apontam que o anúncio de Haddad e a coletiva de imprensa, ao lado da ministra do Planejamento, Simone Tebet, e da Gestão, Esther Dweck, deixou muitas questões sem resposta, o que deve desagradar ao mercado.

“Chamou atenção a falta de considerações mais detalhadas sobre o teto de gastos, e isso sugere que de fato o governo deve substituir essa regra fiscal”, diz o economista André Perfeito.

Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, diz que o mercado “esperava mais detalhes, informações sobre as fontes de financiamento, os próximos passos das medidas sobre combustíveis. Ou seja, ficaram várias interrogações que permanecem”.

Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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