O Banco Central (BC) informou no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado nesta quinta-feira (30) que o seu cenário contempla um arrefecimento gradual da inflação ao consumidor. “Os preços de alimentos devem continuar pressionados em junho, com destaque para alimentos industrializados tais como farinha e panificados, mas devem arrefecer de forma mais nítida nos meses seguintes com a sazonalidade favorável”, previram os membros da cúpula da autoridade monetária.
O colegiado segue escrevendo que o comportamento recente de estabilidade ou mesmo queda do preço doméstico de alguns produtos agropecuários – como alimentos in natura, carnes, e alguns grãos – corrobora essa expectativa. “A sazonalidade também favorece a queda do preço do etanol”, pontuou a autoridade monetária. De acordo com o relatório, a alta dos demais bens industriais e dos serviços deve arrefecer moderadamente, mas ainda continuará exercendo pressão significativa sobre a inflação.
Sobre os preços administrados, o documento destaca a incorporação no IPCA, a partir de junho, do reajuste dos planos de saúde individuais.”Diante dos elevados preços internacionais do petróleo e seus derivados, o cenário também contempla reajuste no preço dos combustíveis no curto prazo”, previu o grupo. De acordo com seus componentes, espera-se que este aumento seja parcialmente revertido ao longo do trimestre com a normalização parcial da margem internacional de refino e mitigado, no caso da gasolina, pelo recuo no preço do etanol.
O RTI explicou ainda que o cenário de referência não incorpora impacto das recentes iniciativas do Congresso Nacional que visam a reduzir impostos sobre combustíveis, energia elétrica e telecomunicações. Por outro lado, o cenário de referência incorpora conservadoramente efeitos do Projeto de Lei nº 1.280/2022, que disciplina a devolução acelerada do Programa de Integração Social/Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (PIS/Cofins) pago a mais pelos consumidores de energia elétrica.
Revisão das projeções
O Relatório Trimestral de Inflação detalhou os principais fatores que levaram à revisão das projeções de inflação do Banco Central entre o documento divulgado em março e publicado nesta quinta-feira.
O BC destacou que, no cenário de referência, as projeções subiram em todo o horizonte considerado. Para 2022, foi de 6,3% para 8,8%. Já para o ano que vem, passou de 3,1% para 4,00%. A estimativa de 2024 também avançou de 2,3% para 2,7%.
Dentre os principais fatores de revisão para cima, o BC citou: inflação observada recentemente maior do que a esperada; revisão das projeções de curto prazo; elevação do preço do petróleo; propagação via inércia inflacionária das pressões correntes; crescimento das expectativas de inflação da pesquisa Focus; indicadores de atividade econômica mais fortes do que o esperado; e utilização de taxa de juros real neutra maior do que a no Relatório anterior.
“Especificamente para 2022, destaca-se a inflação observada 1,08 p.p. maior do que a prevista para o período de março a maio e a elevação das projeções de inflação de curto prazo, que se propaga no horizonte via inércia inflacionária”, disse o BC, no RTI.
Por outro lado, para baixo, os principais fatores que influenciaram as projeções foram, segundo o BC, a trajetória mais elevada da taxa Selic da pesquisa Focus e a apreciação cambial.
Veja também
- O que Trump e Lula têm em comum: a queda de braço com o Banco Central
- Brasil precisa defender ideais ocidentais no cenário global, diz Armínio Fraga
- Caixa puxa a fila – e crédito para comprar imóvel fica cada vez mais difícil para a classe média
- Senado aprova Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central
- Galípolo é aprovado em comissão do Senado para presidência do BC