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Economia

Com auxílio emergencial, renda efetiva supera a renda habitual, diz Ipea

A pesquisa usou dados da Pnad Covid mensal de julho, divulgada pelo IBGE.

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Embora, na média, o brasileiro tenha visto a renda do trabalho cair por causa da crise provocada pela covid-19, em julho, o rendimento total (que inclui outras fontes além o trabalho) efetivamente recebido ficou acima da renda habitual, por causa dos auxílios emergenciais pagos pelo governo federal, mostra um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado nesta quinta-feira (27). Entre as famílias mais pobres, o valor efetivamente recebido foi 24% superior ao habitual.

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O estudo usou os dados da Pnad Covid mensal de julho, versão especial da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada semana passada.

O próprio IBGE já havia mostrado que os auxílios emergenciais estão turbinando a renda dos brasileiros, especialmente dos mais pobres – nas faixas de renda menor, o peso de outras fontes no rendimento total, como aposentadorias e transferências de renda pagas pelo governo, é maior do que no caso das famílias de renda mais elevada.

Para calcular o efeito do auxílio emergencial, o Ipea comparou a “renda média habitualmente recebida” – o valor recebido mensalmente, sem acréscimos extraordinários, como bonificação anual, salário atrasado, horas extras, participação anual nos lucros, 13o salário, etc., nem descontos ocasionais, como faltas – com a “renda média efetivamente recebida” – valor de fato recebido. Em tempos normais, as análises de conjuntura usam a renda habitual, até porque, “excluídos os efeitos da sazonalidade”, os rendimentos efetivamente recebidos são “semelhantes aos habitualmente recebidos”, diz o relatório do estudo do Ipea.

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Só que a pandemia mudou isso, abrindo uma diferença entre a renda habitual e a efetiva, no caso do que é recebido pelo trabalho. Em julho, o rendimento do trabalho médio efetivo ficou em R$ 2.069,87 por domicílio, o equivalente a 87,1% do rendimento habitual do trabalho, que foi de R$ 2.376,76. Nas famílias da faixa de renda “muito baixa” (que ganham menos de R$ 900 por domicílio por mês, conforme classificação própria do Ipea), a renda média apenas do trabalho foi de apenas R$ 360,52 por domicílio em julho. Esse valor equivale a 61% do rendimento habitual do trabalho dessas famílias, que ficou em R$ 595,03.

Quando se somam outras fontes de renda (mas não o auxílio emergencial associado à covid-19), a renda média efetiva dos mais pobres sobe para R$ 707,83 por domicílio por mês. Esse valor ainda ficou abaixo da renda habitual de todas as fontes (R$ 942,34). Como, na média, as famílias da faixa de renda “muito baixa” ganharam R$ 824,80 de auxílios emergenciais por domicílio em julho, o rendimento de todas as fontes efetivamente recebido foi de R$ 1.164,88, 24% acima da renda habitual.

O efeito dos auxílios emergenciais foi tão forte que, na média nacional, o rendimento médio de todas as fontes, incluindo o pagamento extra por causa da pandemia, ficou em R$ 3.742,72 por domicílio em julho, 1% acima do rendimento médio habitual de todas as fontes sem o auxílio emergencial.

“Pela primeira vez, o AE (auxílio emergencial) já representa uma parcela da renda maior que a diferença entre a massa efetiva e a habitual para a economia como um todo, principalmente devido ao fato de ter-se observado maior recuperação da renda entre aqueles mais duramente afetados. Entretanto, essas diferenças permaneceram expressivas e, portanto, ainda muito fortes para os trabalhadores informais e domicílios de renda muito baixa”, diz o relatório do estudo do Ipea, assinado pelo pesquisador Sandro Sacchet de Carvalho.

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