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Economia

Com sinais de crise nos EUA, dólar pode cair a R$ 4,70 em 2024, diz economista

Inclinação da curva de juros norte-americana seria sinal de dificuldades para o mercado.

Com o dólar operando quase estável, o mercado segue à espera de pistas sobre o rumo da taxa de juros nos Estados Unidos. A expectativa é de que os dados de inflação na semana que vem ajudem a dar mais visibilidade para a taxa de câmbio nos próximos meses. Mas, para o economista André Perfeito, a previsão é de estabilidade até o final de 2023, mas queda a partir de 2024, podendo chegar a R$ 4,70. 

Às 12h27, o dólar subia apenas 0,01%, a R$ 4,9833, caminhando para fechar a semana em alta de 0,88% sobre o real. O mercado reage a dados do mercado de trabalho norte-americano divulgados no dia anterior, enquanto aguardam a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) na semana que vem. 

Olhando para a projeção dos especialistas do mercado, a última divulgação do Boletim Focus mostra que a expectativa é de que o câmbio termine no ano no mesmo patamar em que se encontra atualmente, na casa dos R$ 4,98. Para 2024, porém, a expectativa é de alta a R$ 5. 

Mas Perfeito diz que há “espaço para o real se apreciar ao longo do ano que vem e estacionar em R$ 4,70”.

“A questão na mesa é a curva de juros nos EUA e a crise que se avizinha naquele mercado”, afirma ele, apontando a diferença entre os juros futuros de curto e de longo prazo. Isso pode ser um sinal negativo para a economia do país – o que enfraqueceria o dólar. 

“Curvas de juros negativamente inclinadas são um forte indicador de crises nos mercados de capitais porque mostram que o mercado perdeu a capacidade de articular o risco ao longo do tempo. É como se fosse uma ponte que inicia acima da linha d’água, mas termina dentro do rio antes de chegar do outro lado.”

André Perfeito, economista

O ponto destacado pelo economista é o tamanho da inclinação da curva de juros norte-americana. “A diferença entre as duas taxas não é pequena”, diz Perfeito, e acrescenta: 

“Vimos uma discrepância dessa magnitude apenas ao final da década de 70, mas naquela época os juros tanto de 1 quanto de 10 anos eram muito maiores que os atuais patamares.”

Relacionando as previsões sobre o cenário norte-americano com o momento no Brasil, Perfeito comenta que “esta eventual crise no mercado de capitais nos EUA pode ser benéfica para o mercado local, uma vez que estamos num momento diferente do ciclo, com juros em queda e revisões de atividade para cima”.

A previsão de queda do dólar em 2024, no entanto, não é unânime globalmente. O HSBC, por exemplo, prevê que o dólar irá se fortalecer em 2024, em meio a perspectivas piores para a economia global. Isso porque o crescimento fraco da China e dificuldades na Europa, segundo o banco, deve elevar a demanda por ativos ligados à economia dos EUA.

“Com uma perspectiva mais difícil para a Europa, China e outras economias, o mercado poderá ver cada vez mais riscos negativos para o crescimento global e se voltar ainda mais para o dólar”

HSBC em relatório

Hedge funds como K2 Asset Management e a AVM Capital compartilham a visão do HSBC de que a alta do dólar ainda tem fôlego.

(* com informações da Bloomberg)

Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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