O Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou nesta quarta-feira (21) que decidiu manter Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, no patamar atual. Com isso, a taxa segue em 13,75% ao ano. Foi a a primeira vez em que Copom decide deixar a taxa inalterada desde janeiro de 2021.
A decisão veio em linha com o esperado pela maior parte do mercado financeiro, embora algumas projeções fossem de elevação de 0,25 ponto percentual, a 14%. No Boletim Focus divulgado na segunda-feira (19), a previsão de economistas e analistas para a Selic era de 13,75% ao final de 2022.
A decisão ocorre em meio ao recuo dos principais indicadores de inflação. Em agosto, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu 0,36%, influenciado pela queda nos preços dos combustíveis. Com isso, o Brasil registrou deflação pelo segundo mês seguido.
No comunicado, o Copom disse que “se manterá vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período suficientemente prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação.”
“O Comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas. O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado“, diz o texto ainda.
Repercussão
Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, avalia que os integrantes do Copom “agiram de forma correta tanto na decisão como no comunicado”.
“A decisão veio de acordo com as expectativas da maioria dos analistas que entendem que uma alta residual teria pouco efeito sobre a dinâmica inflacionária, dado que as decisões tomadas até agora começarão a surtir efeito em breve”, diz ele, acrescentando que “ainda assim o Copom ressalta suas preocupações com a persistência inflacionária”.
Comentando os possíveis impactos da decisão do Copom, Bruno Viotto, economista e sócio da Acqua Vero Investimentos, diz que “o fim do ciclo de alta da taxa de juros é uma sinalização positiva, principalmente, para o setor de varejo.”
“Não dá para afirmar que teremos altas consistentes no setor, mas agora o cenário muda para o varejo, que é muito afetado quando os juros estão alto. Por fim, o encerramento do ciclo altista de juros traz para a bolsa de valores uma certa atratividade para o investidor que quer alocar na renda variável”, complementa Viotto.
Já o economista-chefe da Messem Investimentos, Gustavo Bertotti avalia que o comunicado deixou aberta a possibilidade de os juros voltarem a subir no futuro, caso necessário.
“O cenário é positivo para a frente com a queda recente dos índices de inflação. Entretanto, a demanda interna e o aquecimento do mercado de trabalho podem atenuar a desinflação. Por isso, Copom deixou as portas abertas, em seu comunicado, para uma nova elevação futuramente, a depender também das elevadas incertezas no Brasil e no Exterior”, diz Bertotti.
Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, avalia que houve “dois grandes destaques na decisão: a frase em que o comitê deixa em aberto a possibilidade de voltar a ajustar a taxa de juros, se a desinflação não transcorrer como o esperado, e a dissidência de dois diretores, que optaram por uma alta de 0,25. Apesar da decisão dentro do esperado, estes dois eventos nos levam a uma interpretação um pouco mais dura da decisão”.
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