O Credit Suisse (C1SU34) disse nesta quinta-feira (16) que vai pegar emprestado até US$ 54 bilhões do banco central da Suíça para reforçar a liquidez e a confiança dos investidores, depois que a queda em suas ações intensificou os temores sobre uma crise bancária global.
O anúncio do banco, feito no meio da noite em Zurique, provocou um aumento de 24% nas ações do Credit Suisse e ajudou a reverter algumas das pesadas perdas nas bolsas de valores impulsionadas pelos temores dos investidores sobre possíveis corridas aos bancos em todo o mundo. Às 8h22, as ações do banco subiam 21,6%.
O Credit Suisse é o primeiro grande banco global a receber uma ajuda emergencial desde a crise financeira de 2008 e seus problemas levantaram sérias dúvidas sobre se os bancos centrais serão capazes de sustentar sua luta contra a inflação com aumentos agressivos nas taxas de juros.
O segundo maior banco da Suíça disse que exercerá uma opção de empréstimo de até 50 bilhões de francos suíços (US$ 54 bilhões) junto ao banco central.
Isso ocorreu após garantias das autoridades suíças na quarta-feira de que o Credit Suisse atendeu “aos requisitos de capital e liquidez impostos a bancos sistemicamente importantes” e de que ele poderia acessar a liquidez do banco central, se necessário.
Analistas do JP Morgan disseram que as medidas darão tempo ao credor suíço para realizar sua reestruturação.
“A combinação de medidas deve ser suficiente para conter os movimentos negativos na estrutura de capital, já que o mercado precificou o impacto potencial das pressões de liquidez”, disse o JP Morgan em nota nesta quinta-feira.
Enquanto suas ações se recuperavam, o custo de segurar a exposição à dívida do Credit Suisse despencou. Os credit default swaps (CDS) de cinco anos caíram 128 pontos-base, para 1.016 pontos-base desde o fechamento de quarta-feira, após atingirem máximas recordes naquele dia.
Durante a maior parte do pregão asiático, as ações afundaram no vermelho, com os investidores correndo para os a segurança do ouro, dos títulos e do dólar. Embora o anúncio do Credit Suisse tenha ajudado a reduzir algumas perdas, as negociações eram voláteis e o sentimento, frágil.
O empréstimo do Credit Suisse será feito sob a linha de crédito coberta e uma linha de liquidez de curto prazo, totalmente garantida por ativos de alta qualidade. O banco também anunciou ofertas de títulos de dívida sênior por dinheiro de até 3 bilhões de francos.
O presidente-executivo, Ulrich Koerner, disse à equipe do Credit Suisse em um memorando que eles deveriam se concentrar nos fatos, prometendo avançar rapidamente com um plano para simplificar as operações.
O Credit Suisse continuará a se concentrar na transformação de uma posição de força, citando uma melhora no índice de cobertura de liquidez e recentes levantamentos de capital, disse Koerner.
Crise bancária
Na quarta-feira (15), a ação do Credit Suisse despencou perto de 24,2%, abaixo de 2 francos suíços (US$ 2,18), renovando mínimas históricas, depois que seu maior investidor afirmou que não poderia fornecer ao banco suíço mais assistência financeira por questões regulatórias.
“Não podemos, porque iríamos acima de 10%. É uma questão regulatória”, disse o presidente do conselho de administração do Saudi National Bank, Ammar Al Khudairy.
O banco saudita adquiriu uma fatia de quase 10% no ano passado depois de participar do aumento de capital do Credit Suisse e se comprometeu a investir até 1,5 bilhão de francos suíços (US$ 1,5 bilhão) na instituição.
O Credit Suisse publicou na terça-feira (14) seu relatório anual de 2022 dizendo que o banco identificou “fraquezas materiais” nos controles sobre relatórios financeiros e que as saídas de clientes ainda não acabaram.
O tombo das ações pressionava os mercados de forma geral, uma vez que reacende parte do nervosismo entre os investidores sobre a resiliência do sistema bancário global após o colapso do norte-americano Silicon Valley Bank (SVB) no final de semana.
*Com Reuters.
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