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Finanças

Ações do Credit Suisse e outros bancos europeus despencam, de olho em SVB

Preocupações com o setor bancário seguem no radar de investidores após quebra de banco norte-americano.

Os papéis de bancos europeus voltaram a apresentar forte queda na manhã desta quarta-feira (15), ainda impactados pelos temores gerados em torno do setor bancário, após o colapso do banco americano Silicon Valley Bank (SVB) no começo da semana. Na véspera, as ações de bancos na Europa haviam retomado fôlego, subindo 2,5%.

Pela manhã, no pré-mercado (por volta de 9h, horário de Brasília), a ação do Credit Suisse (CS) negociada na NYSE (bolsa de Nova York) chegou a despencar mais de 20%. O banco suíço também era impactado pela notícia de que seu maior acionista, o Saudi National Bank, descartou a possibilidade de investir mais na instituição financeira em crise.

O índice do setor bancário na Europa, STOXX Europe 600, recuava cerca de 6% no mesmo horário.

Credit Suisse/Reuters
Agência do Credit Suisse em Berna, Suíça 28/10/2020 REUTERS/Arnd Wiegmann

O papel do Société Générale (SG), um dos maiores bancos europeus, recuava acima de 11% na bolsa de Paris. Em Milão, o banco italiano Monte dei Paschi (BMPS) apresentava queda em torno de 6% no mesmo horário.

Antes da abertura dos mercados, índices futuros de Nova York e da bolsa europeia operavam no vermelho, em meio ao clima de apreensão ainda prevalecendo, apesar das medidas já anunciadas pelo BC americano para conter efeitos negativos nos Estados Unidos.

Temores com o setor bancário

Reguladores e executivos de finanças em todo o mundo têm procurado amenizar preocupações de contágio depois que o SVB, especializando no financiamento de empresas iniciantes de tecnologia, e outro banco dos Estados Unidos entraram em colapso na última semana. Apesar disso, as tensões sobre a saúde de instituições financeiras, especialmente as menores, persistem.

Os rápidos aumentos nas taxas de juros tornaram mais difícil para algumas empresas pagarem os empréstimos que tomaram dos bancos, aumentando as chances de inadimplência em bancos que já estão preocupados com possibilidade de recessão.

BCE deve manter aumento de juros nesta quinta

Apesar dos temores com o setor, formuladores de políticas do Banco Central Europeu ainda estão inclinados a aumentar em meio ponto percentual na taxa de juros na quinta (16), disse uma fonte à Reuters, já que esperam que a inflação permaneça muito alta nos próximos anos.

Por outro lado, os investidores também começaram a duvidar do compromisso do BCE com outro grande aumento de juros, depois que o colapso do SVB causou choques nos mercados.

Cresce debate sobre regulamentação nos EUA

Nos EUA, o foco está mudando para a possibilidade de regulamentação mais rígida dos bancos, especialmente os intermediários, como o SVB e o Signature Bank, com sede em Nova York, cujos colapsos desencadearam turbulência no mercado.

“Injetamos alguma estabilidade, mas honestamente não sei se é estabilidade ou aparência de estabilidade, porque certamente não sei o que está ocorrendo nos bastidores da base de depósitos de vários milhares de bancos de pequeno e médio portes nos EUA”, disse John Briggs, chefe global de economia e estratégia de mercados da NatWest Markets.

A agência de classificação de risco Moody’s revisou na terça-feira perspectiva sobre o sistema bancário dos EUA de “estável” para “negativa”, citando riscos elevados para o setor.

Os investidores estavam particularmente preocupados com as enormes participações em títulos, principalmente títulos do Tesouro dos EUA, de credores japoneses, mas o ministro das Finanças japonês, Shunichi Suzuki, disse nesta quarta-feira que as diferenças na estrutura dos depósitos bancários significam que os bancos locais não enfrentarão problemas semelhantes ao SVB.

Enxurrada de depósitos

Consumidores norte-americanos promoveram uma enxurrada de depósitos em grandes bancos dos Estados Unidos, incluindo JPMorgan Chase, Bank of America e Citigroup, após o colapso do banco Silicon Valley Bank, disseram à Reuters fontes familiarizadas com o assunto.

As transferências, que segundo a agência de notícias teriam chegado a bilhões de dólares, ocorreram diante de preocupações dos investidores com a saúde financeira de bancos regionais menores dos EUA, mesmo depois de receberem garantias do presidente dos país, Joe Biden, e de outros formuladores de política monetária.

Grandes bancos viram entrada de dinheiro de pessoas físicas e empresas na última semana, enquanto o SVB enfrentava dificuldades, disse uma das fontes à Reuters. Mas essas instituições têm tido o cuidado de não saírem atrás de clientes de outros bancos, muitos dos quais tiveram com ações pressionadas por fortes quedas, por temerem que eles possam acelerar as saídas de capital dos rivais menores, disseram duas fontes.

*Com Reuters, notícia em atualização

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