*RESENHA (Contém spoilers)
Chega ao fim neste domingo (28) a quarta e última temporada de Succession, da HBO, uma das séries mais aclamadas sobre o mundo dos “super ricos”. Centrada na disputa entre três herdeiros do magnata Logan Roy, a trama se despede do público prometendo um desfecho para as intrigas, traições e uma dúvida: quem ocupará o lugar do homem mais poderoso do mundo? Aos fãs, fica a herança de personagens complexos, sequências marcantes e diálogos que misturam humor e constrangimento.
Embora a história da família Roy seja fictícia, ela guarda paralelos com figuras reais no topo da pirâmide. Não raro, o jeito frio e implacável do patriarca da série já foi comparado ao de Rupert Murdoch, dono do conglomerado da NewsCorp, um dos maiores grupos de mídia do mundo. Ambos bilionários e temidos – o real e o personagem estrelado pelo ator Brian Cox – comandam um dos maiores impérios de notícias e entretenimento do mundo.
Se fosse real, estaria no ranking da Forbes
As semelhanças da série com a realidade não terminam nos personagens. Em vários momentos, o espectador se depara com cifras gigantes do conglomerado construído por Logan Roy, a Waystar Royco. Além do grupo de mídia, o magnata é dono de estúdios em Hollywood, cruzeiros maritimos, parques de diversão e negócios imobiliários.
Na terceira temporada de Succession, por exemplo, a equipe da revista Forbes fez um “levantamento” estimando a fortuna da família Roy. Segundo a publicação, o patrimônio de Logan seria avaliado em torno de US$ 18 bilhões (o que, pela cotação atual, corresponderia a cerca de R$ 90 bilhões).
O valor equivale à participação de 36% que a família Roy detém na Waystar. De acordo com a Forbes, o valor de mercado do grupo seria da ordem de US$ 46 bilhões (cerca de R$ 230 bilhões, pela cotação atual). Mas na quarta temporada, quando se negocia a venda do grupo, chega-se a cogitar um “valuation” ao redor de US$ 90 bilhões.
Como empresa de capital aberto, a Waystar vê suas ações flutuarem e despencarem ao longo da trama, conforme os acionistas reagem a rumores envolvendo escândalos e possíveis aquisições – muitas vezes vazados para a imprensa de forma proposital pela própria cúpula da empresa.
Mansões, super iates e castelos medievais
Os ativos da família Roy vão muito além da empresa em si, e aparecem em boa parte dos cenários exóticos e deslumbrantes por onde circulam os personagens. As locações vão dos arranha-céus mais altos de Nova York a ilhas, montanhas em países nórdicos, cruzeiros particulares, castelos e jatos particulares atravessando continentes.
A Forbes estimou um patrimônio de US$ 345 milhões (ou R$ 1,7 bilhão) da família Roy apenas em imóveis. Isso inclui, por exemplo, a mansão palaciana de Logan na Fifth Avenue, em Nova York, estimada em nada menos que US$ 52 milhões (R$ 260 milhões). Um castelo inglês do século XIX, cenário de casamento da filha de Logan, Siobhan, é avaliado em US$ 10 milhões.
Além dos imóveis que a família utiliza para ritos de passagem e encontros estratégicos, há também uma frota nada modesta de helicopteros, aviões Gulfstream G650 e até um Embraer Lineage E prontos para transportar Logan, sua equipe e família a qualquer momento.
Um dos episódios, na segunda temporada, mostra as dependências luxuosas do super iate de US$ 130 milhões e 185 metros de altura do magnata, onde os personagens protagonizam algumas das cenas mais tensas da série. Somente em dinheiro no banco, a Forbes estimou que aos Roy possuam cerca de US$ 1 bilhão.
Presentes e ‘quiet luxury’
Capazes de comprar ilhas como se vai ao supermercado, os membros da família Roy também gostam de presentear. Um exemplo é Roman, o filho mais jovem dos quatro irmãos Roy, que chegou a comprar 50% do time de futebol escocês “Hearts” para o pai em seu aniversário, por nada menos que US$ 10 milhões. A tentativa de agradar acabou gerando constrangimento, já que Logan é torcedor do time rival, o Hibernian.
Um dos aspectos que tem fascinado os fãs de Succession é o luxo sem opulência, porém absoluto visto nas roupas, relógios, joias, carros e na decoração dos ambientes por onde circulam os personagens. O próprio Logan, sempre cercado de auxiliares e bajuladores, é um exemplo de discrição.
Esse estilo de vida inspirou o chamado quiet luxury (luxo silencioso, em tradução literal) e passou a ser adotado pelos ultrarricos em tempos de recessão, mas o sucesso de Succession teve um peso significativo. A regra é passar longe da ostentação, sem abrir mão de itens altamente sofisticados e de máxima qualidade – desde que sejam discretos, clássicos e sem excessos ou apetrechos.
O “quiet luxury” virou tendência recente no Tiktok, com influenciadores tentando imitar o estilo de riqueza e ensiná-lo aos seguidores. Está aí para quem quiser copiar, mas não há enganos: os bilionários desfilam com grifes como Tom Ford e Max Mara, mas as etiquetas não apareçam. A mensagem é: quem conhece sabe.
Nepotismo e escândalos
À parte das disputas entre os herdeiros diretos de Logan, a série também retrata personagens secundários, igualmente ambiciosos, complexos e fascinados por poder, que ao longo da trama aprendem a “comer pelas beiradas” e conquistar seu espaço na corporação, ainda que jogando um “jogo sujo”.
O primo Greg e Tom, marido da herdeira Shiv, demonstram no decorrer da trama que laços familiares ainda determinam quem ocupa cargos estratégicos dentro de uma empresa familiar, acima de qualquer meritocracia – sem necessariamente haver preparo ou capacidade para tanto. A série mostra como os efeitos de uma má gestão podem ser catastróficos para a empresa.
Lançada em 2018, Succession chega ao fim em meio a uma forte expectativa sobre quem deve ocupar o trono de Logan – Roman, Kendall ou Shiv?. Um dos atores da série, James Cromwell, prometeu um “final miraculoso” para o último episódio e há quem diga que o desfecho possa ser um dos melhores dos últimos tempos.
A expectativa também era grande com o final de Game of Thrones, porém desapontou os mais exigentes. Faz sentido, portanto, esperar por um milagre na final de Succession?
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