Economia
Dólar fecha em queda pelo 7º dia seguido, a R$ 4,83; Ibovespa sobe
Mercado monitora discussões sobre a guerra na Ucrânia e repercute fala de presidente do BC.
O dólar fechou em queda em relação ao real pelo 7º dia de negócios consecutivo nesta segunda-feira (24), chegando a R$ 4,76 na mínima da sessão. Já o principal índice da bolsa brasileira, o Ibovespa, teve mais um dia de avanço, com mercado atento a discussões sobre mais sanções à Rússia, enquanto avalia o relatório trimestral de inflação divulgado pelo Banco Central.
O Ibovespa subiu 1,36%, aos 119.053 pontos. O dólar caiu 0,25%, a R$ 4,8145, após bater R$ 4,7655 na mínima do dia.
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Segundo Bruno Mori, planejador financeiro pela Planejar, a baixa do dólar dos últimos dias é apenas continuação de um movimento observado desde o início do ano, com a moeda norte-americana acumulando queda de mais de 13% em 2022. “O fluxo de investimentos estrangeiros para ativos financeiros brasileiros está muito forte, em primeiro lugar porque a taxa de juros está muito mais alta do que no exterior”, explicou ele.
Para Enrico Cozzolino, diretor de análise e sócio da Levante, o fluxo estrangeiro continua a beneficiar o Ibovespa, mas é normal certa cautela depois de sequências de altas desde o patamar de 110 mil pontos e em meio às incertezas quanto à guerra na Ucrânia.
Indicações sobre a Selic
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, indicou mais cedo que o ciclo de elevação da taxa Selic deve ser encerrado em maio. Ele afirmou nesta quinta que um aumento adicional na taxa básica de juros em junho não é um cenário provável.
Campos Neto afirmou ainda que, mesmo diante das novas pressões inflacionárias causadas pela guerra na Ucrânia, uma mudança na meta de inflação para acomodar choques sobre a economia teria “pouco a ganhar” em termos de credibilidade.
Segundo o presidente do BC, na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana passada, o colegiado avaliou a elevação do cenário de incerteza, o ritmo adequado para a alta dos juros e a taxa terminal do ciclo de aperto.
“Entendemos que, usando esse mix de fatores, o mais apropriado era fazermos uma elevação de 1 ponto (na Selic em março) e indicar mais 1 ponto (em maio), dizendo que, se o cenário internacional se agravasse ou que se houvesse algum outro choque que afetasse as expectativas na mesma direção, nós poderíamos repensar o cenário, fazendo um movimento adicional em junho, não é o cenário mais provável”, disse.
Guerra na Ucrânia
Investidores acompanham de perto a reunião de líderes ocidentais conforme a crise da Ucrânia entra em seu segundo mês. Líderes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) reunidos em Bruxelas concordaram em incrementar o número de tropas em seu flanco oriental em meio à invasão da Ucrânia pela Rússia, segundo comunicado conjunto.
A reunião, que conta com a presença do presidente norte-americano, Joe Biden, é acompanhada de perto pelos investidores dada a possibilidade do anúncio de mais sanções à Rússia, com especial atenção à postura da União Europeia sobre o setor de petróleo e gás.
A reunião acontece sobre o pano de fundo de aumento da pressão dos EUA sobre o governo russo por meio de dezenas de sanções a empresas de defesa russas, centenas de membros de seu Parlamento e ao presidente executivo do maior banco do país.
“Os mercados estão fundamentalmente mais arriscados e mais incertos do que antes da invasão da Ucrânia pela Rússia”, disse Richard Saperstein, diretor de investimentos da Treasury Partners.
Bolsas Mundiais
Wall Street
As ações dos Estados Unidos fecharam em alta acentuada nesta quinta-feira e estenderam a recente recuperação do mercado, à medida que investidores focavam nos combalidos fabricantes de chips e grandes nomes de crescimento enquanto os preços do petróleo caíam.
O índice S&P 500 fechou em alta de 1,43%, a 4.520,16 pontos. O Dow Jones subiu 1,02%, a 34.707,94 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq Composite avançou 1,93%, a 14.191,84 pontos.
Europa
As ações europeias caíram nesta quinta-feira, uma vez que a guerra na Ucrânia entrava em seu segundo mês e países ocidentais reforçavam a ajuda ao país e ampliavam as sanções à Rússia. O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em queda de 0,21%, a 453,07 pontos.
- Em LONDRES, o índice Financial Times avançou 0,09%, a 7.467,38 pontos.
- Em FRANKFURT, o índice DAX caiu 0,07%, a 14.273,79 pontos.
- Em PARIS, o índice CAC-40 perdeu 0,39%, a 6.555,77 pontos.
- Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve valorização de 0,42%, a 24.401,48 pontos.
- Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou baixa de 0,28%, a 8.305,10 pontos.
- Em LISBOA, o índice PSI20 valorizou-se 0,49%, a 5.802,97 pontos.
Ásia
As ações da China fecharam em baixa nesta quinta-feira devido às preocupações com altas agressivas de juros nos Estados Unidos. Além disso, pesa no mercado a percepção de que os EUA buscam impedir o governo chinês de ajudar a Rússia. Na quarta-feira, o governo dos EUA alertou a China para não tirarem vantagem das oportunidades de negócios criadas por sanções.
- Em TÓQUIO, o índice Nikkei avançou 0,25%, a 28.110 pontos.
- Em HONG KONG, o índice HANG SENG caiu 0,94%, a 21.945 pontos.
- Em XANGAI, o índice SSEC perdeu 0,63%, a 3.250 pontos.
- O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, retrocedeu 0,59%, a 4.251 pontos.
- Em SEUL, o índice KOSPI teve desvalorização de 0,20%, a 2.729 pontos.
- Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou baixa de 0,18%, a 17.699 pontos.
- Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES valorizou-se 1,05%, a 3.399 pontos.
- Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 avançou 0,12%, a 7.387 pontos.
Rússia
A Bolsa de Moscou registrou forte alta nesta quinta, primeiro dia de negociações em quase um mês depois de suas tropas terem invadido a Ucrânia, com ganhos em papéis de commodities compensando a queda nos setores bancário e aéreo.
O governo disse em 1 de março que vai canalizar até 1 trilhão de rublos (US$ 10,5 bilhões) de seu Fundo de Riqueza Nacional para comprar ações russas afetadas pela forte liquidação do mês passado.
Ainda não está claro se esse dinheiro já está sendo usado, no entanto, e o Ministério das Finanças não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
Os mercados estão gradualmente reabrindo depois de o presidente Vladimir Putin ter enviado suas forças à Ucrânia quatro semanas atrás, levando a sanções do Ocidente e contramedidas de Moscou.
Restrições a negociações com estrangeiros e proibição de cobertura de vendidos em ações russas permaneceram em vigor quando a bolsa de Moscou retomou parcialmente a atividade nesta quinta-feira.
O índice referencial MOEX disparou mais de 11% no início das negociações antes de devolver parte dos ganhos e passar a ser negociado com alta de 4,4%. As negociações no índice denominado em dólar RTS permaneciam suspensas.
Empresas de energia registraram ganhos fortes, com a produtora de gás Novatek, as petroleiras Rosneft e Lukoil e a gigante de gás Gazprom em alta de 10% a 20%.
Por sua vez, o rublo russo ampliava a recuperação, ganhando 2% e rondando 96 contra o dólar no pregão de Moscou.
*Com informações da Reuters.
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