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Economia

1 mês da guerra na Ucrânia: real teve a 3ª maior valorização entre emergentes

Levantamento da Economatica inclui moedas de 10 principais países emergentes.

5 fatos para hoje: novo ciclo de resgate de dinheiro esquecido; Ucrânia e Moscou
Cédulas de 50 reais e de 10, 20 e 50 dólares 10/09/2015 REUTERS/Ricardo Moraes

Em uma lista das moedas dos dez principais países emergentes, o real foi a terceira que mais se valorizou frente ao dólar em aproximadamente 1 mês desde o início da guerra na Ucrânia. É o que aponta levantamento feito pela Economatica, a pedido do InvestNews, que compara o desempenho das moedas entre os dias 24 de fevereiro e 22 de março.

Em primeiro e segundo lugar do ranking aparecem Colômbia e África do Sul, respectivamente. Veja abaixo:

Gustavo Cruz, economista e estrategista da RB Investimentos, diz que esses movimentos são correlacionados. Para ele, os entre os motivos principais está o fato de as economias avançadas terem dado sinais de desaceleração. Isso faz com que gestores passem a buscar oportunidades em economias emergentes.

“O Brasil é um dos países a se destacar, dado que começou a fazer o aperto monetário (elevação dos juros) bem antes, mas Colômbia e África do Sul também estão em processo de elevação de taxa de juros e vão continuar, já que a inflação voltou a subir de forma considerável nesses países”, afirma Cruz.

Há ainda a própria questão da guerra na Ucrânia. Cruz lembra que, após a invasão russa na Ucrânia, há um fluxo natural de investidores para outros mercados emergentes, já que a Rússia ficou com a bolsa de valores fechada, foi retirada dos principais índices globais, além de ter passado por rebaixamento de agências de classificação de risco.

“Há vários gestores mundiais que querem ter uma porcentagem de alocação do portfólio em emergentes. Com os recursos deixando a Rússia, eles não voltam para os mercados das economias avançadas, mas, sim, retornam para os mercados emergentes. Então, isso favorece a apreciação de moedas de emergentes que não estavam na conta de vários operadores de mercado”, diz o economista.

Investidores de olho na América Latina

João Beck, economista e sócio da BRA, cita a América Latina como novo destino de investimentos em países emergentes, atraindo recursos que antes eram direcionados para a Rússia, que agora está em guerra, ou para a China, que passou por intervenções arbitrárias na economia. “O Brasil acaba sendo um candidato a receber esse investimento”, avalia Beck.

Sobre o cenário brasileiro, ele lembra que, além da taxa Selic em elevação ter tornado o país atraente para investidores, aconteceu ao mesmo tempo uma melhora da arrecadação fiscal por causa da alta das commodities.

“Aos olhos do investidor global, o que teve no Brasil é um título que melhorou de rentabilidade ao mesmo tempo que ficou mais seguro de investir. Além disso, outros riscos que pressionavam o dólar pra cima foram sendo mitigados, como a falta de chuvas“, afirma Beck.

Pós-pandemia e commodities

Patrícia Krause, economista-chefe da Coface, afirma que, com a crise trazida pela pandemia de covid-19, o peso colombiano e o real, por exemplo, se depreciaram bastante e, agora, se observa uma recuperação. Outro ponto que a economista destaca é o aumento dos preços das commodities em meio às tensões no leste europeu, que beneficia a moeda de países exportadores desses produtos.

Na mesma linha, Piter Carvalho, economista da Valor Investimentos, explica que “temos no Brasil os maiores produtores agrícolas, temos Petrobras (PETR3, PETR4), Vale (VALE3), e isso atrai muito investidores estrangeiros. Não só aqui, como nossos vizinhos, que também têm muitas commodities”.

Investidores estrangeiros permanecerão no Brasil?

Não tem sido um empecilho para os investidores estrangeiros o cenário econômico do Brasil com aceleração da inflação, perspectivas de baixo crescimento da economia e incertezas em torno das eleições.

Desde o início do ano até o último dia 7 de março, o saldo de capital externo na bolsa de valores brasileira chegou a R$ 71,063 bilhões, superando o número de todo o ano passado, que foi o recorde da série histórica, de R$ 70,785 bilhões.

Apesar de o Brasil absorver parte do fluxo de investidores estrangeiros na Rússia, especialistas ouvidos pelo InvestNews apontam que o fenômeno deve ser de curto prazo e que a permanência dos recursos de fora nos ativos brasileiros dependerá da atratividade do mercado local.

Segundo o especialista em investimentos Ian Moro, o Brasil é um dos mais atrativos países emergentes na conjuntura atual, que tem um dos maiores juros reais, que tem sua moeda e bolsa de valores como as mais valorizadas nos últimos meses frente aos pares.

“Momentaneamente, é muito interessante, mas, falando de longo prazo, tudo depende dos pontos que o Brasil tem a perder, como, por exemplo, a política fiscal“, destaca Moro.

Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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