Siga nossas redes

Economia

Dólar tem leve baixa, mas caminha para fechar 2024 com alta acumulada de 27%

Mercado elevou para 4,96% as suas projeções para a inflação ao final de 2025

Dólar deve fechar ano com alta de mais de 27%. Foto: Sertac Kayar/Reuters

O dólar tinha leve baixa frente ao real nesta segunda-feira (30), com investidores consolidando suas apostas na última sessão do ano, que será marcada por uma agenda macroeconômica esvaziada e pela disputa da determinação da taxa Ptax de fim de mês, fator que pode trazer alguma volatilidade ao longo do dia.

Às 9h50, o dólar à vista caía 0,16%, a R$ 6,1830 na venda.

Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha baixa de 0,10%, a R$ 6,191 na venda.

Investidores tinham poucas informações e dados para digerir nesta sessão, que marca o último dia de negociações do ano no mercado de câmbio.

O mercado elevou pela décima primeira vez suas projeções para a inflação ao final de 2025, de acordo com a última edição de 2024 do relatório Focus divulgada pelo Banco Central nesta segunda-feira.

Segundo o levantamento realizado pelo BC junto a uma centena de economistas, a previsão para o IPCA ao final do ano que vem agora é de 4,96% ao ano, ante 4,84% na semana anterior, mantendo-se acima do teto da meta, que é de 4,5%.

Na frente de dados, o setor público brasileiro registrou em novembro um déficit primário de R$ 6,620 bilhões, em resultado um pouco melhor do que o esperado pelo mercado, enquanto a dívida pública recuou ligeiramente como proporção do PIB, mostraram números do BC nesta segunda-feira.

Alta de 27,5% do dólar no ano

O real caminha para fechar o ano de 2024 como uma das moedas a mais se desvalorizarem ante o dólar em todo o mundo, em período marcado pelo acirramento das preocupações do mercado com o cenário fiscal brasileiro e por fatores externos favoráveis à moeda norte-americana.

O dólar acumula alta de 27,5% ante o real no ano.

Nos últimos meses, investidores têm se mostrado cada vez mais receosos com o compromisso do governo em equilibrar as contas públicas, particularmente depois do anúncio duplo pelo Executivo no fim de novembro de um pacote de contenção de gastos e de um projeto de reforma do Imposto de Renda.

Apesar de os três projetos que compõem o pacote terem sido aprovados pelo Congresso neste mês e de o debate sobre mudanças no IR ter sido adiado para 2025, agentes financeiros ainda questionam a efetividade das medidas na contenção das despesas e duvidam da determinação do governo em reduzir a dívida pública.

“A moeda brasileira vem se desvalorizando até o presente momento e grande parte é oriundo da volatilidade vista no segundo semestre do ano, causada pela grande incerteza fiscal e política que o Brasil vem atravessando, além da ampliação das expectativas inflacionárias”, disse Marcio Riauba, head da Mesa de Operações da StoneX Banco de Câmbio.

Na esteira do pessimismo do mercado, o dólar ultrapassou o valor nominal de R$ 6,00 pela primeira vez na história em novembro e atingiu a cotação máxima histórica de R$ 6,2679 neste mês.

Intervenções do Banco Central

O Banco Central realizou uma série de intervenções no câmbio nas últimas semanas a fim de reduzir a deterioração do real, vendendo um total de US$ 30,77 bilhões (US$ 19,77 bilhões de à vista e US$ 11 bilhões com data de recompra), mas as operações tiveram apenas efeitos pontuais nas cotações.

No cenário externo, o ano de 2024 apresentou outros fatores desfavoráveis para a moeda brasileira, a começar já nos primeiros meses com a quebra das expectativas dos mercados globais por uma série de cortes na taxa de juros pelo Federal Reserve.

Em janeiro, operadores projetavam até seis reduções de juros pelo banco central dos Estados Unidos, acima dos três cortes – 100 pontos-base acumulados – que realmente ocorreram, o que provocou ganhos nos rendimentos dos Treasuries ao longo do ano, valorizando o dólar.

A moeda norte-americana também foi favorecida pela vitória do republicano Donald Trump na eleição presidencial dos EUA em novembro, uma vez que suas promessas de campanha, incluindo tarifas e cortes de impostos, são consideradas inflacionárias por analistas, o que pode manter os juros elevados no país.

Tensões geopolíticas também contribuíram para os fortes ganhos do dólar, com notícias vindas da guerra na Ucrânia e dos conflitos entre Israel e os grupos militantes Hamas e Hezbollah no Oriente Médio gerando temores de confrontos militares mais amplos.

O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas, caía 0,18%, a 107,790, mantendo-se próximo da maior cotação em dois anos de 108,54, atingida em 20 de dezembro.

Abra sua conta! É Grátis

Já comecei o meu cadastro e quero continuar.