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Economia

Fed eleva juros para faixa de 5% a 5,25%; mercado vê sinais de pausa em ciclo

Ajuste veio de acordo com a expectativa da maior parte do mercado.

O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos da América (EUA), anunciou nesta quarta-feira (3) que decidiu elevar a taxa de juros mais uma vez em 0,25 ponto percentual, para a faixa de 5% a 5,25%. O ajuste veio de acordo com a expectativa da maior parte do mercado.

O aumento vem em um cenário de inflação ainda longe da meta (5% em 12 meses até março, contra meta de 2%), embora as recentes crises de liquidez entre alguns bancos do país tenham levantado a discussão sobre uma possível pausa no ciclo de alta de juros.

“O Comitê está fortemente empenhado em retornar a inflação ao seu objetivo de 2%.”

Trecho do comunicado do FOMC.

Em seu comunicado, o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) apontou que, em linha com o esperado pelo mercado, está preparado para ajustar a orientação da política monetária conforme apropriado caso surjam riscos que possam impedir o alcance de seus objetivos.

O Fed também mencionou que a atividade econômica teve expansão em ritmo modesto no primeiro trimestre, os ganhos de empregos foram robustos nos últimos meses e a taxa de desemprego permaneceu baixa.

Sobre o sistema bancário dos EUA, o órgão pontuou que o setor é sólido e resiliente. No entanto, ainda foi dito que “condições de crédito mais apertadas para famílias e empresas devem pesar na atividade econômica, nas contratações e na inflação”, acrescentando que “a extensão desses efeitos permanece incerta”.

Além disso, o Fed disse que continuará reduzindo suas participações em títulos do Tesouro e dívidas de agências e títulos lastreados em hipotecas de agências, conforme descrito em seus planos anunciados anteriormente.

Discurso do presidente do Fed

Presidente do banco central dos EUA, Jerome Powell, em Washington 22/06/2021 Graeme Jennings/Pool via REUTERS

Na conferência de imprensa após a divulgação da decisão sobre os juros, o chefe do Fed, Jerome Powell, disse que o banco central dos EUA ainda vê a inflação como muito elevada e que as altas pressões de preços continuam a ser motivo de preocupação.

Por causa disso, Powell disse que é muito cedo para dizer que o ciclo de aumento dos custos de empréstimos acabou.

“Estamos preparados para fazer mais” com incrementos de juros, se necessário, disse Powell. Ele afirmou que as autoridades não decidiram pausar os aumentos na reunião de junho, e o que acontece a seguir com os custos de empréstimos é uma decisão que tomarão em uma abordagem “reunião a reunião”.

Repercussão

Alguns especialistas viram no comunicado sinais de que o Fed deve interromper o ciclo de alta de juros já a partir das próximas reuniões. Entre eles está Gustavo Zuquim, portfólio manager do Andbank nos EUA, que acredita que, a partir de agora não deve mais haver elevação da taxa até o fim do ano.

“Devemos ter a taxa mantida por pelo menos até o fim do ano. Ressalto que o cenário não é de pivot. A inflação está arrefecendo, mas talvez não tanto quanto muitos esperavam. O mercado de trabalho está acalmando e ainda há pressões desinflacionárias no pipeline, como moradia.”

Gustavo Zuquim, portfólio manager do Andbank nos EUA.

Na mesma linha, André Meirelles, diretor de alocação e distribuição na InvestSmart XP, menciona que “alguns fatores como os últimos dados de atividade mais fracos, a aparente tendência de estabilização nos preços e o aperto do crédito podem abrir espaço para estabilização dos juros nas próximas reuniões, apesar do mercado de trabalho ainda estar aquecido”.

Já Celso Pereira, diretor de investimentos da Nomad, ressalta que o décimo aumento consecutivo confirmou o comprometimento da autoridade monetária com o controle da inflação.

“Ele ocorre a despeito de a inflação acumulada estar diminuindo: o ganho médio por hora do trabalhador privado subiu 4.2% em março de 2023, menos que os 5,6% medidos no mesmo mês de 2022 (ambas medições com relação aos 12 meses anteriores). Do mesmo modo, o índice de inflação dos preços aos consumidores subiu 4,2% em março de 2023, bem menos que os 9.1% medidos no pico recente em junho de 2022 (ambas medições com relação aos 12 meses anteriores)”, comenta.

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