1 – Bullard, do Fed, vê 3 aumentos sucessivos de juros nos EUA em início de aperto monetário
O presidente do Federal Reserve de St. Louis, James Bullard, disse nesta terça-feira (01) ser a favor de começar a guinada para uma política monetária mais apertada nos EUA com sucessivos aumentos de juros nas reuniões do banco central de março, maio e junho, antes de avaliar se o ritmo da inflação exige medidas mais agressivas a partir daí.
Mas ele rejeitou a ideia de iniciar o ciclo de aperto monetário com alta de 0,50 ponto percentual –como alguns preços de mercado apontam– e disse que até que ponto o Fed precisará elevar as taxas é uma “questão em aberto”.
“O objetivo disso é ter (a política monetária) mais bem posicionada agora e nos próximos meses, e então poderemos avaliar, nesse ponto, se precisamos fazer mais ou não”, disse Bullard em entrevista à Reuters no Twitter Spaces.
À medida que o Fed se aproxima do fim de dois anos de juros próximos de zero, Bullard sinalizou que provavelmente haverá menos orientação antecipada para investidores sobre o futuro caminho das taxas.
“Teremos que ser mais ágeis, mais rápidos, melhores em reagir aos dados de inflação e outros desenvolvimentos ao longo deste ano”, disse Bullard. “Será um ambiente mais dependente de dados.”
Bullard disse ainda ver a taxa de desemprego abaixo de 3% neste ano, o que foi visto pela economia dos EUA pela última vez no início dos anos 1950.
Ele observou que a taxa de desocupação recuou 0,7 ponto percentual apenas nos últimos dois meses, para 3,9%. A taxa de desemprego pode continuar a cair à medida que as empresas buscam trabalhadores e vários fatores, incluindo aposentadorias antecipadas, limitam a parcela de pessoas que estão trabalhando ou procurando emprego, disse ele.
Bullard disse que o mercado de trabalho está forte, apesar da fraqueza que pode experimentar no curto prazo devido a um aumento nas infecções por Covid-19.
“Acho que o próximo relatório de empregos provavelmente não será muito bom por causa da Ômicron, mas não se deixe enganar”, disse Bullard. “Há uma economia bastante forte aqui e um mercado de trabalho muito forte.”
A última vez que a taxa de desemprego nos EUA ficou abaixo de 3% foi em 1953, quando caiu para 2,5% –a menor desde que o Departamento do Trabalho começou a reportá-la regularmente em 1948.
2 – Barroso diz que Bolsonaro vazou dados que ajudam ‘milícias digitais’ e criminosos
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, disse na terça-feira (02) que o presidente Jair Bolsonaro vazou dados sigilosos de um inquérito da Polícia Federal que ajudam “milícias digitais” e criminosos que tentam realizar ataques cibernéticos ao sistema eleitoral brasileiro.
“Informações sigilosas que foram oferecidas à Polícia Federal para auxiliar uma investigação foram vazadas pelo próprio presidente da República em redes sociais, divulgando dados que auxiliam milícias digitais e hackers de todo o mundo que queiram tentar invadir nossos equipamentos”, afirmou Barroso em discurso na abertura do ano da Justiça Eleitoral.
“O presidente da República vazou a estrutura interna de TI do Tribunal Superior Eleitoral. Tivemos que tomar uma série de providências de reforço da segurança cibernética dos nossos sistemas para nos protegermos”, acrescentou o ministro, que é alvo constante de ataques de Bolsonaro e de apoiadores do presidente.
Em agosto do ano passado, Bolsonaro divulgou dados de um inquérito da Polícia Federal sobre um ataque hacker ao TSE em 2018, que não teve qualquer consequência ao processo eleitoral daquele ano, para, mais uma vez e novamente sem apresentar provas, colocar em dúvida a segurança e lisura do processo eletrônico brasileiro.
Bolsonaro repete com frequência, e sem apresentar evidências, que houve fraude na eleição de 2018, vencida por ele, e que ele deveria ter sido eleito no primeiro turno.
Como a investigação da PF é sigilosa, foi aberto inquérito contra o presidente para investigar um vazamento. O procedimento é relatado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Moraes determinou na semana passada que Bolsonaro prestasse depoimento à Polícia Federal no âmbito da investigação, mas o presidente não compareceu.
Em seu discurso, Barroso disse ainda que não existem adjetivos capazes de qualificar as atitudes de Bolsonaro e assegurou, mais uma vez, que as urnas eletrônicas são seguras e que não é possível alterar o resultado das eleições no Brasil por meio de ataques cibernéticos.
“Faltam adjetivos para qualificar a atitude deliberada de facilitar a exposição do processo eleitoral brasileiro a ataques de criminosos”, disparou.
“Sempre lembrando, a maior segurança das urnas eletrônicas brasileiras é que elas nunca entram em rede. Portanto, nem o vazamento permite que se comprometa o resultado das nossas eleições”, garantiu.
Procurada, a Presidência da República não respondeu de imediato a um pedido de comentário sobre as declarações de Barroso.
3 – Para SPX e Verde, expectativa de estrangeiro com Lula levou fluxo para B3 em janeiro
A forte entrada de capital estrangeiro na bolsa em janeiro, que levou o Ibovespa à maior alta mensal desde dezembro de 2020, pode ter a ver com uma visão positiva do investidor estrangeiro quanto a Luiz Inácio Lula da Silva, disseram nesta terça-feira (01) dois respeitados gestores de fundos do país, Rogério Xavier, da SPX Capital, e Luis Stuhlberger, da Verde Asset.
Xavier afirmou que o investidor estrangeiro vê Lula, que lidera pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais de 2022, com melhores olhos do que em relação ao presidente Jair Bolsonaro.
“A percepção do investidor (estrangeiro) — e aqui não estou entrando em preferências eleitorais ou candidaturas — em relação ao Lula contra Bolsonaro…As pessoas preferem o Lula”, disse ele. “Investidor estrangeiro vê o Brasil com uma perspectiva de melhora com o Lula assumindo o país”, disse Xavier durante evento online do Credit Suisse.
Segundo ele, além do fato de a bolsa brasileira ter performado pior que do que os pares em 2021, tornando-a mais a atrativa, os estrangeiros enxergam “a troca de poder, supondo que a eleição do Lula está bem encaminhada, como um Lula responsável que vai se dirigir ao centro (do especto político), que vai falar contra o teto de gastos, mas vai arrumar algum outro arcabouço fiscal para colocar no lugar”, disse Xavier.
“As pessoas gostam do Lula aqui fora e elas não gostam do Bolsonaro. É um fato isso”, acrescentou ele, que diz viver mais no exterior do que no Brasil agora.
Destacando a entrada de estrangeiro na bolsa como a “grande surpresa de 2022 até agora”, Stuhlberger afirmou que o movimento pode ser explicado por um olhar mais pragmático do investidor estrangeiro, além dos preços atrativos dos ativos locais.
“O gringo talvez olhe hoje um governo Lula com certo pragmatismo”, disse ele.
Ambos destacaram que essa não é uma visão pessoal, mas como enxergam a leitura do investidor estrageiro sobre o tema.
Segundo dados da B3, o fluxo estrangeiro na bolsa foi positivo em 30,6 bilhões de reais em janeiro até dia 28, o que seria o melhor em pelo menos um ano.
4 – Processadora de alimentos BRF precifica follow-on
A processadora brasileira de alimentos BRF (BRFS3) disse nesta quarta-feira (02) que precificou sua oferta de ações follow-on a R$ 20 reais, um desconto de 7,5% em relação ao preço de fechamento de terça-feira, levantando R$ 5,4 bilhões com a transação.
5 – Termina reunião de Análise de Conjuntura do Copom; decisão sai nesta quarta-feira
Terminou às 18h37 desta terça-feira (01) a reunião de Análise de Conjuntura do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. O encontro havia começado às 14h17. Participaram o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e sete diretores da instituição. O colegiado está com um membro a menos desde que Fabio Kanczuk, que era diretor de Política Econômica, deixou o colegiado, em dezembro. Seu substituto, Diogo Guillen, ainda não foi sabatinado pelo Senado.
Pela manhã, eles já haviam se reunido para a sessão de Análise de Mercado, também no âmbito do Copom. Nesta quarta-feira (2) os dirigentes do BC têm mais uma rodada de discussões antes de decidirem o novo patamar da Selic (a taxa básica de juros), atualmente em 9,25% ao ano.
Com a expectativa unânime no mercado de nova alta de 1,50 ponto porcentual, conforme as 59 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast, a Selic deve voltar aos dois dígitos, patamar que abandonou em julho de 2017, e registrar a maior taxa desde maio daquele ano (11,25%), ao chegar a 10,75%.
Se confirmada a expectativa do mercado, o processo de aperto monetário atual acumulará alta de 8,75 pontos percentuais e será o mais forte desde 1999, quando, em meio à crise cambial, o BC aumentou a Selic em 20 pontos percentuais de uma vez só. O ciclo atual começou em março do ano passado, com os juros básicos da economia no piso histórico de 2%.
Com informações da Reuters, Estadão Conteúdo e Agência Brasil.
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