O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta sexta-feira (28) que há um cenário de rápida desvalorização do real ante o dólar e que a piora no câmbio é um fator que traz preocupação adicional para a política monetária.
Falando em evento da Fundação Getulio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro, Galípolo enfatizou que o tema que tem chamado mais atenção no momento é o câmbio, que deixa o Brasil “bastante descolado” de economias similares.
A moeda americana rondou os R$ 5,60 durante o pregão desta sexta — o dólar comercial fechou com alta de 1,5%, a R$ 5,5907, e com a máxima batendo os R$ 5,60.
“O que há de novo é que a gente está assistindo a um cenário de uma evolução rápida da desvalorização do real perante ao dólar e tentando fazer uma comparação para ver o quanto essa performance pior, comparando com os pares, representa algum sinal adicional de atenção para a gente.”
GAbriel galípolo, diretor de Política Monetária do Banco Central
O diretor afirmou que uma das razões para a performance pior do real está na elevada liquidez do mercado brasileiro, o que acaba tornando o país uma “porta de saída” em momentos como o atual, de percepção que os juros nos Estados Unidos ficarão mais altos por mais tempo.
LEIA MAIS: Com dólar mais alto, Casas Bahia e Boticário planejam rever os preços para o segundo semestre
Ele ressaltou que existem ruídos domésticos que contribuem para esse cenário, citando como exemplo a divisão no Comitê de Política Monetária (Copom) em maio, que gerou volatilidade no mercado.
“Diversos elementos trazem preocupação, desde a piora que a gente tem nas implícitas — na diferença entre a taxa de juros nominal e real –, na questão do câmbio, com o real performando pior que seus pares agora, são vários desses elementos que trazem uma preocupação adicional para a política monetária”, afirmou.
O dólar vem ganhando tração frente ao real no período recente, em meio à reprecificação do cenário de corte de juros nos Estados Unidos, mas também com o mercado reagindo a fatores relacionados à situação fiscal do país.
O diretor ressaltou que o Brasil não tem meta de câmbio e que a existência do câmbio flutuante serve para absorver mudanças de preços de ativos.
Dólar
O dólar voltou a disparar nesta sexta-feira no Brasil, chegando a ser cotado a R$ 5,60 durante a sessão e encerrando no maior valor desde janeiro de 2022, em mais um dia de tiroteio retórico entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, com as cotações sendo impulsionadas ainda pela disputa em torno da taxa Ptax de fim de mês e trimestre.
A moeda norte-americana à vista encerrou o dia cotada a R$ 5,5907 na venda, em alta de 1,50%. Este é o maior valor de fechamento desde 10 de janeiro de 2022, quando encerrou em R$ 5,6723. No mês, a divisa acumulou alta de 6,47% e, no trimestre, elevação de 11,47%.
Às 17h09, na B3 o contrato de dólar futuro de agosto — que passou a ser o mais líquido nesta sexta-feira — subia 1,56%, aos 5,6130 reais.
(Por Bernardo Caram e Fabricio de Castro)
Veja também
- Dólar acompanha exterior e fecha em baixa ante o real
- CEO do JPMorgan vai continuar no banco e não têm planos de participar do governo Trump
- Em dia de grandes expectativas, dólar à vista recua 1,21%, e fecha a R$5,6774 na venda; Ibovespa também cai
- Alta do dólar perde tração; bolsas americanas sobem com Trump; Ibovespa cai
- Perspectiva de reunião de Haddad com Lula em Brasília arrefece alta do dólar